Incontrolável

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- Arthur?! – exclamei nervosa ao ver o rosto do homem que saiu daquele quarto.

Nesse momento meu corpo entrou em pane. Eu estava totalmente despreparada para isso. Endureci, chocada por estar frente a frente a ele. Meu coração acelerou como se fosse sair do peito e minha boca estava subitamente seca.

- Bem... Tchau! – Eva exclamou e saiu correndo. Literalmente correndo.

Arthur também parecia estar em transe. Nossos olhares se conectaram e eu senti uma onda de adrenalina percorrendo meu corpo. Observei seu rosto e meu coração perdeu uma batida. Estava tão lindo. A barba quase como um cavanhaque, dando a ele uma maturidade masculina que eu não saberia ser possível resistir. Seu corpo estava extremamente definido. Ele vestia uma blusa de viscose branca com mangas cumpridas e uma bermuda azul clarinha, o look perfeito para um dia praiano. Nos pés vestia uma havaiana também branca. Nas mãos, ele carregava apenas o celular e uma máscara. Encarei seu rosto por mais alguns segundos antes de assistir sua expressão mudar bruscamente. Seu semblante fechou-se como se estivesse com raiva e então ele se virou e foi embora sem me direcionar qualquer palavra.

Ali eu senti o baque. Minha vista embaçou e eu me senti fraca, sem forças para lidar com aquilo. O peso daquela atitude caindo como uma pedra sobre mim. Sua mágoa comigo era tamanha que ele sequer queria me ver. O ar faltou em meus pulmões e eu arranquei a máscara branca que usava, buscando respirar mais ar. Precisei de alguns segundos exercitando a respiração para ventilar meu corpo e conseguir executar qualquer movimento. Virei de frente à minha porta, tentando reorganizar meus pensamentos para entrar no quarto e enfim liberar aquele nó em minha garganta.

Ainda trêmula, inseri o cartão magnético na fechadura e abri a porta, recebendo toda a claridade que havia dentro do quarto. Empurrei a mala para dentro e quando virei para fechar a porta, percebi que ele se aproximava com o olhar fixo em mim.

Arthur passou pela porta e entrou no quarto. Ele mesmo fechou a porta e me encarou.

- O que você 'tá fazendo aqui? – seu tom de voz era grosso e eu me senti confusa.

- Como assim, Arthur?

- O que você está fazendo aqui? – ele repetiu pausadamente. – Num quarto do lado do meu? – a ira me tomou. Ele achava que eu estava o seguindo?

- Vim a trabalho. Estou tão surpresa quanto você. – Respondi fria, querendo atingi-lo como ele me atingiu. – E você, Arthur? Está fazendo o que dentro do meu quarto? – cruzei os braços e notei ele tragando a saliva após meu questionamento.

- Carla... – ele se interrompeu e balançou a cabeça negativamente, como se quisesse espantar seus pensamentos. – Também não sei o que eu vim fazer aqui.

- Então já pode ir embora. – sugeri, mas fui ignorada.

Arthur andou até a varanda e apoiou os braços na sacada, observando o belíssimo mar azul esverdeado à sua frente. Dentro do quarto eu me sentia confusa. Não entendi o que estava acontecendo ali. Meu coração gritava para que eu me aproximasse, que eu o tocasse e o sentisse. Mirei suas costas arqueadas, o tecido fino da blusa deixava seus músculos bem torneados. E agora? O que eu faço? Andei até ele, vencendo a distância que havia entre nós. Parei ao seu lado e, assim como ele, passei a contemplar o mar.

- Sabe quantas vezes eu imaginei a gente num lugar como esse? – sua voz surgiu depois de alguns minutos de silêncio. Senti borboletas no estômago e me emocionei com sua confissão. Ele bufou contrariado e me olhou intensamente, buscando ler minha alma. – Sabe quantas vezes eu sonhei com a nossa primeira viagem? - Engoli em seco ao sentir o nervosismo tomar conta de mim. – Sabe quantas vezes eu me xinguei por ainda pensar em você, mesmo depois de todo esse tempo? – ele superou o pequeno espaço que nos separava e senti seu corpo muito colado ao meu. – Você tem noção de quantas vezes eu quis te ver de novo, te procurar e tirar essa ideia ridícula da tua cabeça? – Arthur levou as duas mãos até meu pescoço, afastando o cabelo colado ali. Meu corpo inteiro se arrepiou ao sentir seu toque. As borboletas no estômago agora voavam livres e eu não tinha mais o controle de nada. – Sabe quantas vezes eu desejei sentir teu cheiro... – seu rosto se enterrou em meu pescoço e senti seu hálito quente em minha pele. – Sentir teu corpo... – uma de suas mãos desceu até minha cintura e apertou o pedaço de carne. – E te fazer minha? – descompensei quando ele estreitou o resquício de distância que havia entre nós. Imediatamente senti sua protuberância me tocar por cima da bermuda. Eu estava no mesmo estado que ele. Irrefreavelmente, minhas mãos rodearam sua cintura. – Olha para mim, Carla! – a mão que estava em meu pescoço subiu um pouco até meu cabelo e ele apertou levemente, me trazendo antigas e prazerosas sensações e me obrigando a olhar em seus olhos. – Fala para eu ir embora, fala que não me quer... – o aperto em meu cabelo se fez mais intenso e eu gemi em antecipação. Meu corpo pegava fogo. Nosso abraço se tornou ainda mais forte e eu entendi que estava totalmente entregue. – Olha para mim e fala que você não é louca por mim... – Arthur sussurrou a última parte e eu perdi o último fio de sanidade que havia em mim.

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