Minha

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- Não pense em nenhum momento que foi fácil para mim. – Pontuei com a voz falha. – Foi por isso que eu quis ser breve e direta com você. Eu sei que fui medrosa, covarde... Terminar tudo por whatsapp. Foi ridículo, eu sei. Mas eu tinha certeza que se fosse pessoalmente, ou se eu estivesse ouvindo sua voz, eu não ia conseguir. Eu já tinha tomado a decisão e decidi seguir com meu plano. Soltei a nota no twitter e pronto. Eu queria paz, Arthur. Queria poder respirar sem qualquer peso nas costas. Estar com você era perfeito, mas todo o tempo que eu não estava com você eu me sentia aflita, como se eu estivesse fazendo a coisa errada. Acho que era por medo de a gente dar errado e eu afundar mais ainda. Hoje eu vejo que, mesmo te amando, eu não tinha fé em nós. O fato é que por trás de todo o sentimento, eu ainda estava muito machucada pelas suas atitudes no programa. Nunca na minha vida estive em uma situação dessas. Tive medo, sim. Medo que um dia você acordar achando era melhor se afastar, que estivesse me fazendo mal ou qualquer coisa do tipo e me jogasse para o canto, de novo. Eu 'tava numa bola de sentimentos e essa foi a saída que eu encontrei. – Finalizei já mais calma. Levantei da cama e fui até ele, abraçando-o por trás. – Esse tempo que passamos separados só serviu para me mostrar que eu estava errada, que meu lugar é do seu lado, que minha felicidade é você. – Me coloquei de frente a ele e alcancei seus olhos. – Você consegue me perdoar por isso? – pedi, colocando em minhas palavras toda a sinceridade que havia em mim.

Seu olhar sobre mim ficou mais intenso. Ali morava nossa comunicação, no olhar. Diversas vezes o diálogo nos faltou. Nos machucamos e nos fizemos sofrer por não saber conversar. Agora, olho no olho, pude ver a resposta da minha pergunta. Arthur transparecia dúvida e certeza ao mesmo tempo. Ali eu via que ele até tentava escapar, mas não conseguia. Eu podia imaginar a razão tentando se impor sobre a emoção, mas a razão nunca teve oportunidade de ganhar. Sorri, me sentindo tomada por felicidade. Assisti ele bufar, para logo em seguida sorrir comigo. Eu quase gargalhei me deliciando com o momento.

- Eu te amo. E você me ama também. Você sabe. Eu sei. – Afirmei com convicção.

- Eu amo mesmo. – falou como quem não quer nada.

- Então pronto. – Lhe roubei uma bitoca. – Arthur, você me machucou. Eu te machuquei. Nós dois erramos. Eu proponho que a gente tente de novo. Comece do zero. – o mirei em expectativa.

- Não. Do zero não. – Ele me cortou. – Eu não quero mais ir devagar, por causa de pressão e toda aquela história de "se conhecer aqui fora". – Fez aspas com as mãos. – Se for para tentar, vamos fazer direito. Sem se esconder, sem satisfação para ninguém, só vivendo nossa vida, Carla. – Dei um passo para trás, pensando na condição imposta. Estava pronta para me expor assim? – Você tem alguma dúvida de que quer estar comigo?

- Não. – Respondi prontamente.

- Então pronto. – Ele me outra bitoca e se afastou, voltando a deitar na cama.

- Quem é você e o que fez com Arthur? – debochei, admirada pela maturidade na atitude dele.

- Eu ainda estou fazendo terapia. Evoluí muito esse tempo. Entendi onde eu errei com você e com todas as pessoas que eu machuquei. Entendi o que eu preciso melhorar. E eu 'tô melhorando, Carla. – Pausou para beber um gole de água da garrafa que estava no criado-mudo. – No relacionamento que eu tive antes de você, eu tinha 20 anos. Eu era um moleque. Ali, dentro do programa, eu agi como tal. Hoje eu enxergo isso. Reconheço que não sabia lidar com a sua maturidade na nossa relação. Eu não fui seu parceiro como você foi minha. E eu não quero mais ser essa pessoa.

- Não precisa ser mesmo. – Concordei e me aproximei dele.

- Não quero fingir que não te conheço, não quero ter que ficar escolhendo palavras com você. Eu quero continuar de onde eu parei. – Ele me puxou para perto.

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