123. Ruínas

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Boa leitura 💜

Josie Woodwork

-Francamente, Ahren... -Digo, olhando para as árvores ao redor. -Por que Carolina?

O Schreave dá de ombros, ajeitando seu casaco.

-É uma província pacata. Nada acontece, ninguém aparece aqui. O lugar perfeito.

Do meu ponto de vista, é um destino meritório, mas inglório.

Realmente, se eu algum dia precisasse me esconder, aqui seria uma boa opção. Até o vento daqui parece ter uma velocidade menor, é tudo mais... Provinciano. Quando vim aqui para a fatídica entrevista com Kaden, não tinha conseguido reparar nesses detalhes.

-Não deixa de ser estranho. De todos os lugares do mundo, aqui? -Prossigo, tentando entender. Se eu fosse fugir, eu preferiria ir para algum lugar exótico. Ásia ou Europa, talvez.

-A família da mamãe é de Carolina, caso não se lembre. -Ele zomba da minha memória.

-Desculpe, minha memória é péssima. -Tento me justificar, ao que Ahren ri. -Escuta uma coisa: Você sabe que, se algum deles ficar oficialmente sabendo que eu conversei com você, eu estou na pior. Ninguém da sua família pode ficar sabendo que estive aqui.

-Sim, fique tranquila. -Ahren assente. -Eu não esperava que você viesse, pensei que seria uma conversa por telefone. A última coisa que eu queria era te dar trabalho, sei que anda ocupada.

Na teoria, realmente seria por ligação, mas tive que vir aqui pessoalmente, ou minha consciência não ficaria em paz.

-Ficou maluco? Eu me sinto terrivelmente culpada pelo que aconteceu! -Argumento, me lembrando de tudo. -Foi minha culpa ter te aconselhado sobre "ouvir o seu coração". Então achei que devia uma conversa cara a cara, apesar de odiar tudo isso.

-Deixa disso, Josie. Você não me deve nada. -Ahren ressalta, enquanto caminhamos pelo lugar tranquilo. -Como eles estão? Tem alguma novidade?

-É, agora você me complicou. Não tenho notícias de Angeles, se disser alguma coisa vai ser na base do chute. Mas assim, deve estar bem ruim né? Um clima tenso, provavelmente.

-Pior que estava, seria impossível. -Ahren opina.

A minha raiva retorna com a maior intensidade possível:

-Por que não me contou antes, seu estúpido? Você nunca me disse que sairia de Angeles definitivamente! -Digo inconformada. -Tudo o que me dizia era que não aguentava mais aquele cerco da imprensa e exposição, e você não imagina a surpresa que tive ao ficar sabendo que você oficialmente foi "exilado" pelo Hora de Angeles!

-Eu menti. Eu não podia contar tudo, era arriscado. Pensei em abandonar tudo há tempos, mas precisava de um plano e ninguém podia ficar sabendo. -Ele se justifica. -E mesmo planejando, eu só consegui sair porque ficou totalmente insustentável.

-Está bem. -Resolvo não prolongar a discussão. -Pelo menos isso acabou.

Se tem uma coisa que aprendi com toda essa confusão, foi que não existem lados totalmente errados em uma história. A vida acontece, pessoas tomam escolhas influenciadas por sentimentos ou traumas passados, e cada decisão vai moldando os rumos do conflito. Não quer dizer que seja algo dualista, uma história que nem nos contos de fadas, com mocinhos e vilões.

Às vezes, a linha que separa o lado certo do errado é turva e disforme. É simplesmente a vida real, cheia de pessoas quebradas lidando com seus próprios demônios enquanto precisam lidar com outras pessoas quebradas e com todo o estresse de rotina para completar.

Photograph {Kaden e Josie}Onde histórias criam vida. Descubra agora