27. Sombras do Passado

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Kaden Schreave

O restante da semana passou como um borrão, e logo estávamos no aeroporto. Mal vejo a hora de voltar, estou mais do que nunca empolgado com a eleição presidencial. Li vários livros acerca de teorias políticas, pesquisei sobre possíveis concorrentes e os desafios de governar Illéa. 

-Pronto para voltar? -Meu pai pergunta pela décima segunda vez, quando definitivamente entramos no avião.

-Por mim eu não teria saído de Angeles. -Retruco, procurando os nossos assentos. Não foi necessário que eu olhasse para trás para perceber que meu pai sorria.

-Bom, o seu pai nunca saiu. -Ele respondeu, me deixando ficar com o da janela. Colocamos os cintos e ficamos aguardando as instruções rotineiras.

 Maxon Schreave era uma das poucas pessoas que me entendia. Um grande entusiasta de seu país, meu pai amava Illéa. A família Schreave tinha uma tradição de enviar os homens para estudar no Instituto Le Rosey, desde o meu bisavô Porter Schreave. Foi lá, inclusive, onde o vovô Clarkson e a vovó Amberly se conheceram, aos quinze anos. Depois que tiveram o meu pai, ela não quis mandar o único filho para tão longe.

Os meus avós acabaram entrando em um consenso de mandá-lo para a Suíça quando ele entrasse na adolescência, e então o meu pai foi criado em Angeles. No entanto, quando fez dezenove anos, conheceu a minha mãe pelo mais puro acaso.

E após esse acontecimento, recusou qualquer tentativa de estudar fora do país. Não sei muita coisa a respeito, mas parece que meu avô ficou chateado com a decisão do filho, por isso se empenhou tanto para que eu fosse à Europa.

Será que, se eu tivesse permanecido em Illéa assim como o meu pai fez no passado, as coisas teriam acontecido de algum modo? Eu teria sido feliz?

-Sua mãe está muito feliz com você, Kaden. -O meu pai diz, orgulhoso.

-Por quê?-Ainda estou um pouco relutante na presença de meu pai desde o incidente "Kriss".

-Você tem estado mais presente. Até Delilah notou.

-Estou com saudades do café da mansão. -Comento bem-humorado.

-Tenho certeza que terá um banquete esperando pela sua presença.

Abro um sorriso sem graça.

-É, eu sei. Recebeu notícias de Richard Tames?

-Ele tem boa saúde, está se recuperando do susto. -Ele menospreza o assunto, folheando alguma revista.

-Como isso pôde acontecer?

-Bom, Richard é um alvo para a oposição. Atacá-lo era mais seguro e não haveria muita cobertura da mídia, pelo ponto de vista deles.

Em seguida, a decolagem ocorre e ficamos calados até o avião se estabilizar após certa altura.

-Como vão seus amigos? -Ele pergunta.

-Os mesmos de sempre.

-Estamos pensando em nos reunir com os Woodwork no Natal, o quê acha? Gostaria de sua opinião, é algo a ser pensado ainda.

-Eles não estavam indo para Montreal?

-Na verdade, Richard sugeriu durante a videoconferência da semana, que seria um meio interessante de afirmar a aliança efetiva para as eleições, nos reunindo durante o feriado.

Seria um evento bem interessante, eu devia concordar com o raciocínio.

-E onde seria o Natal? Em Angeles?

Photograph {Kaden e Josie}Onde histórias criam vida. Descubra agora