12. O Passo Perfeito

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Kaden Schreave

Acordo confuso com o horário e quando olho no relógio vejo que são cinco e meia da manhã, o sol está quase nascendo. Decido ir ao escritório do meu avô a fim de pegar seu livro preferido e ler um pouco, já que não conseguirei dormir novamente e ninguém aqui acorda cedo, geralmente sou o primeiro a sair da cama.

A leitura me fascina, e meu avô
tem livros bem interessantes, e me lembro que quando eu tinha doze anos, o meu maior sonho era ler tanto quanto ele.

E aliás, isso foi um dos motivos de eu ter aprendido mais línguas. Hoje, sei falar francês, alemão, espanhol e italiano, já que eu queria ler os maiores clássicos da literatura universal em seu idioma original.

Saio do quarto ainda com as roupas de dormir e ando pelos corredores. Tudo está deserto, como sempre é nesse horário.  Subo para o quarto andar, onde fica a biblioteca, o escritório de Clarkson, o do meu pai, a sala secreta que dá acesso ao terraço, e alguns cômodos que nunca tive a curiosidade de explorar.

Percebo que há uma porta aberta em um quarto no final do terceiro andar, mas ignoro. Provavelmente é  Kile, que deve estar acordado e fazendo alguns desenhos arquitetônicos. Ignoro o fato, e subo as escadas, ainda um pouco sonolento.

O quarto andar está um pouco mais iluminado, e apenas quando estou à frente, detenho-me na porta. Abro uma pequena fresta, e vejo os meus avós lá dentro. Toca uma música clássica no ambiente, e os dois estão dançando uma valsa, num ritmo perfeito. Eles sussurram entre si, e soltam sorrisos um para o outro. Meu avô olhava para sua esposa como se a venerasse mais que tudo, ao passo que ela parecia não acreditar que tinha sido a sua escolhida, a pessoa que ele escolheu para passar o resto dos seus dias.

Em passos perfeitos, eles continuam girando pelo ambiente. Ao invés de sair, continuo ali parado, contemplando uma cena raríssima de se ver. O vovô Clarkson não é muito de demonstrar afeto.

-Hoje será um dos dias mais importantes da nossa vida, Amberly. -Fala o meu avô, guiando a morena pela sala.

-Sim, querido. Dará tudo certo, tenho certeza disso. -Ela responde, suave e delicada como sempre.

-Mas os dias gloriosos ainda estão por vir. -Sussurra, olhando rapidamente para a janela, pada depois fitar a sua esposa. -Já disse que está deslumbrante hoje, minha rainha? -Elogia, acariciando as maçãs de seu rosto.

Ela sorri um pouco sem graça, mas pude ver que seus olhos brilharam ao ouvir o elogio.

Decido dar privacidade aos meus avós, e aborto o meu plano. Ao invés de prosseguir, volto ao meu quarto, porém assim que desci as escadas do quarto andar, esbarrei em alguma coisa.

-Ah meu Deus! -Digo em voz alta, quando vejo o que fiz.

-Merda, Kaden! -Uma Josie furiosa retruca.

O que aconteceu foi o seguinte: ela aparentemente estava saindo de seu quarto(que coincidentemente era o que estava aberto há minutos atrás) carregando uma xícara de café, e como acabei esbarrando na garota Woodwork, o líquido fumegante acabou derramando no seu pijama.

Os seus cabelos loiros estão meio presos e seus olhos azuis demonstram raiva, muita raiva.

-Oh, me desculpe Josie, sério. -Digo tentando acalmar a fera. Eu sou muito cego, meu Deus. Coitada da garota.  -Eu estava voltando do quarto andar, e estava distraído, então não vi você passar. Desculpas mesmo Josie, eu nunca faria uma coisa dessas propositalmente.

-Grande dia, grande dia. -Josephine  Woodwork fala, claramente em tom de deboche, e em seguida ri ironicamente. Percebo que ela ainda está nervosa, e com certeza quer socar a minha cara.

Photograph {Kaden e Josie}Onde histórias criam vida. Descubra agora