IV

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     Deixou a água da banheira num ponto quase escaldante, dessa forma demoraria bem mais para esfriar, pegou uma taça de vinho e uns cubinhos de queijo, sua almofada para nuca, e por fim escolheu uma playlist bem suav com várias músicas de Enya, se isso não melhorasse seu humor, nada mais melhoraria.

      Entrou na banheira sentindo o corpo todo arder com a quentura, mas em poucos minutos já havia se ambientado. Botou o fone no ouvido e por fim relaxou. Nem soube dizer por quanto tempo ficou ali, só saiu quando a água já estava totalmente fria.

     Se vestiu, sentia o relaxamento tomar conta de todos seus músculos, uma sensação boa se espalhando por todo corpo, o vinho também já fazia efeito na mente, e um leve torpor invadiu Sarah.

    Resolveu deixar o filme para outro dia, se assistisse hoje, era enormes as chances de acabar dormindo bem na metade, ao invés disso foi até a cozinha e pegou mais um pouco de vinho.

   Sentou no sofá da sala olhando as fotos do gatinho da dona Rose. Ficaram ótimas, foi nesse momento que começou a ouvir o som vindo da igreja quase ao lado.

   A voz grossa e alta do pastor Rodolffo entrava ribombando na cabeça, lá se foi seu momento de paz, essa era a primeira vez que ouvia um culto da igreja desde que tinha se mudado, tinha visto a igreja em reforma, mas nunca parou para pensar em como seria os dias de oração alí.

   O pastor saudava os fiéis e parecia estar lendo alguma coisa da bíblia, Sarah se perguntou por que cargas d'água ele precisava gritar daquela forma, se existisse um deus, ele com certeza não devia ser surdo.

   Tentou colocar o fone com a música no volume máximo, e por incrível que possa aparecer ainda assim ouvia o pastor Rodolffo esbravejando sobre, satã, pecado e tudo mais. Então a voz mudou, agora era um outro homem que falava mais baixo, por um momento achou que a pior parte tinha passado, e então lá veio ele com mais gritos, dessa vez pedindo dinheiro e dizendo algo sobre o que aconteceria com quem não pagava o dízimo.

Já não aguentava mais, ia pegar um protetor de ouvido quando aquela música começou. Iníciou com algumas notas suaves num teclado e então aquela voz. Sarah nunca tinha ouvido uma voz tão linda, era clara, vibrante e ao mesmo tempo suave e calma, sentiu uma paz tão grande invadindo seu ser. Não resistiu, foi até a varanda e sentou no escuro, fechou os olhos e tentou imaginar que tipo de anjo cantava daquela forma. De repente do mesmo jeito que começou, a música também terminou, e Sarah foi "agraciada" com mais uma sessão de gritos do pastor Rodolffo.

Parece que ele havia conseguido, mesmo contra a vontade ela tinha feito parte do culto daquela noite. O lado bom é que nunca esqueceria aquela voz perfeita.

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Tadinha kkkk

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Obgd pelos 2k amo vcs ❤️

A Mulher do PastorOnde histórias criam vida. Descubra agora