A linha tênue entre inimigos e amantes

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Retornando para a sala, Carmen fica sentada de frente para o morador, que abria a garrafa de vinho

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Retornando para a sala, Carmen fica sentada de frente para o morador, que abria a garrafa de vinho. Após a confissão, ela pensava até onde aquilo seria mera manipulação para mantê-la ali. Entretanto, não lhe restava outra alternativa além de escutá-lo, então abaixou a guarda, buscando averiguar o grau da sinceridade que seria dito.

Jeff virou a garrafa, tomando um gole generoso e deixando escapar a pequena gota da bebida, que desceu pelo pescoço.

— Não vou conseguir conversar sobre esse assunto sóbrio, preciso de um incentivo. — Esclarece, abaixando a garrafa e posicionando-a no chão. — Sabe por que eu ainda não te matei, Carmen? — Direto o suficiente para fazê-la sentir os próprios batimentos falharem. — Tenho todos os motivos do mundo, mas eu me vejo inteiramente em você.

— Ainda não entendo qual a nossa semelhança.

— Eu tive um pai viciado, que tinha dinheiro o suficiente para trair minha mãe com várias mulheres, mas nunca considerou usar essa merda para tratar os vícios. — A postura continua rígida, deixando o nervosismo, escapar batendo os dedos contra o sofá. — Pode imaginar como era a rotina.

— Abuso verbal? — Questionava de forma rasa, evitando revisitar as memórias conturbadas. — Essa deve ser a parte menos dolorosa..

— Você está certa, preferia escutar os xingamentos contra minha mãe porque eu não teria que impedi-lo. — Diz. — Uma criança de onze anos não deveria precisar impedir uma agressão.

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