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  Os sonhos dizem tanto, mas não ouço nada. Minha cabeça está criando cenários esquisitos, não consigo me entender. Ouvi falar que sonhos são os desejos mais profundos de alguém, ou, os medos mais profundos de alguém. O que ocupa minha mente ultimamente é ele, não que eu queira, é realmente involuntária. Medo ou desejo? Não entendo e não quero entender. Sei que tem algo aí, algo que eu notei, mas não quero ir a fundo. Meus pensamentos andam eufóricos e direcionados é essa pessoa. Desde quando meus sonhos passaram a ter algum significado? Se me perguntasse, nunca tiveram uma mensagem subliminar, só algo completamente aleatório que não faz sentido. Não precisa fazer sentido? Ele chegou. Não faz muito tempo e nem muito sentido, mas eu venho sentindo muito e não tendo sentido de nada. Preciso começar a pensar, esses pensamentos vão me assombrar e me forçar a fazer algo a respeito, seria trabalhoso. Os sonhos dizem tanto, e eu escuto tudo, mas não entendo nada.
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  Outro sonho? Não. Isso fui eu mesma.

  Sinto pequenos raios de sol invadirem o quarto, sinalizando o fim da minha estadia aqui. Já fico ansiosa de poder ver minha tia de novo em breve, provavelmente vai demorar um pouco, mas esse dia vai chegar. Me levanto da cama e vou ao banheiro fazer minhas higienes e me arrumar pra ir embora. Já tinha avisado a Gojo que iríamos hoje, e ele também sabe, espero que esteja pronto lá em baixo antes de mim. Mas o pior não seria esse, só espero não encontrar Rin, seria um saco voltar com dor de cabeça.

  Abro a porta do quarto e dou uma última olhada no espaço, vou sentir saudade. Fecho os olhos e limpo uma única lágrima que desce meu rosto. Desço as escadas e vejo o garoto de cabelos brancos sentado no sofá com a cabeça virada pra trás. Observo ele abrindo os olhos e dando um sorriso ao me ver escorregando no último degrau. Escuto umas risadinhas vindo dele e lanço um olhar mortal e o vejo tentar ficar sério, mesmo que estivesse claro que sua vontade seja de rir.

-Vamos. - tentei parecer o menos irritada possível, só queria ir logo antes de Rin aparecer do chão.

  Percebo Gojo logo atrás de mim, nem o vi levantando do sofá, acho que ele está com mais medo que eu.

-Nayumi-chan! Vai embora sem falar comigo? - Escuto a garota falar se aproximando de nós.
-Essa era a intenção.
-KKKKKK, você é tão engraçada Nayumi! Deve ser por isso que os garotos não se interessam em você! Eles não gostam de garotas engraçadas.
-Nossa, fico tão triste com uma coisa dessa.
-Gojo, certo? Venha me visitar as vezes, - disse a garota pegando no peitoral dele e alisando - me passa seu número.
-Esqueci meu número, fica pra próxima. - disse o garoto tirando as mãos indesejadas dela.

  Ver essa cena me deixa um pouco inquieta, mas ignoro, só quero distância de Rin.

-Estamos indo agora. - disse eu curta.
-O que foi, Nayumi? Está com ciúmes? - disse a garota.
-Estou com pressa, se não formos agora podemos perder o horário de ir.
-Bom que posso passar mais tempo com você. - diz Rin colocando as mãos nos ombros de Gojo.
-Nem fudendo. - pego em uma das mãos do garoto e o puxo pra fora.
-Se cuidem! - disse a garota fechando a porta.

  Sai arrastando ele pela rua, até notar o que estava fazendo.

-Sinto muito pela minha prima.
-Eu que sinto por você, ela é um saco.
-Pois é.

  Lembrei de Rin tocando o corpo de Gojo, por algum motivo isso me deixa agoniada. Eu sei o que é, mas não quero admitir ainda, não consigo, não sei se devo.

  Continuamos andando lado a lado. Me viro e encaro um pouco, sinto meu coração errar uma batida. Volto meu olhar por onde eu ando. É tudo silencioso, só as vezes que aparecem umas pessoas andando por nós, essa região é bem vazia.

  Sinto minha mão coçar um pouco e as vezes ir ao encontro da dele. Sempre que acontece um arrepio percorre todo meu corpo, desde quando me sinto assim com apenas sua presença?

  Sem pensar, pego em sua mão enquanto caminhamos. Ele não diz nada e não faz nada. Ele não solta e retribui entrelaçando nossos dedos. Sinto meu rosto ferver e vejo um pequeno sorriso aparecer em seus lábios. Talvez ele tenha gostado da ação.

  É macia.
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-Você parece imersa, tem algo te incomodando?
-Desde quando isso importa?
-Desde que você passou a me amar, Nayumi.
-Não chamaria isso de amor.
-Paixão? Atração? Admiração?
-Nunca admiraria você, é só um idiota sortudo.
-Não chamaria isso de sorte.
-Você nem me vê como amiga, se é que me vê.
-Estou te olhando agora. E vejo mais do que você imagina.
-O que quer dizer com isso?
-O que eu quero é..
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-Nayumi! Nayumi! Nayumi!

  Sinto alguém cutucar minha bochecha, devo ter pegado no sono.

-Nayumi? - diz Gojo dando mais uma cutucada no meu rosto.
-Oi. - disse eu com o sono claro na minha voz.
-Você dormiu em pé.
-Precisava me acordar? - falo enquanto coço um dos meus olhos pra despertar.
-Precisava, estamos chegando.
-Mas já?
-Você dormiu assim que entramos.
-Porra...
-Porra mesmo, nunca vi alguém dormir tanto.
-Sou sonolenta, fazer o que? Preciso dormir.
-Tá bom, bela adormecida.

  Não demorou para voltarmos pra Tokyo, provavelmente deve ser por que dormi o caminho inteiro, mas não vem ao caso. Saio da estação e respiro fundo.

  Sinto que em breve as coisas vão ser mais agitadas.
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Notas da autora:

Fim de arco! 

Espero que estejam gostando da fic! Obrigada pelos 5k de estrelas! Vocês são incríveis!

Desculpa pela demora de postar. Podem me cobrar, vou tentar trazer capítulos novos sempre que puder.

Até o próximo cap,

Memories; Gojo SatoruOnde histórias criam vida. Descubra agora