CAPÍTULO QUATRO

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Ari, depois de acordar no hospital e mesmo depois de ter voltado para casa, por muitos dias fingiu para todos, menos para Mencía, que não conseguia lembrar quem a tinha a atacado na noite do ano novo. Entretanto, alguns dias depois, Mencía decidiu contar a verdade a sua família.

Contar tudo o que passou, a sua impulsividade, que a faz ser manipulada. Dizer na frente de seu pai que estava se prostituindo para ter dinheiro para ir embora, foi algo que embargou a sua voz e não teve coragem de olhar nos olhos dele ao dizer. Pedir desculpa ao ter colocado mais um deles em risco de vida, a fez questionar cada uma de suas atitudes, desde a primeira vez que fugiu, quando sua mãe faleceu em um acidente de carro e deixou seu irmão dois anos em uma cama de hospital.

Ela queria mesmo voltar no tempo, apagar tudo isso e fazer diferente. Mas não podia. Por isso, resolveu contar toda a verdade. Queria, pelo menos, poder pedir desculpas a eles por ter sido essa montanha russa na vida deles.

Benjamim ficou furioso. Mas não com Mencía, mas sim consigo mesmo por não ter sido capaz de impedir que algo como aquilo acontecesse com a sua filha. Estava em um grande colégio, tentando cuidar de alunos e protegê-los, mas não deu conta da própria filha. Não conseguiu proteger sua caçula de um pervertido podre e que ele queria matar com as próprias mãos.

No entanto, quando já estava indo atrás de policiais e do que fosse necessário para prender Armando, Mencía se desesperou. Naquele momento, ela de fato pensou em como seria se todos soubessem que ela, a filha de um bilionário, se prostituiu. A maioria não entenderia. A culparia. Talvez ela mesma se culpasse. Foi assim, que em consenso e, para tentar proteger a Mencía de todas as especulações, comentários e claro, de passar por todos os interrogatórios, decidiram não denunciar formalmente à polícia. E nem era necessário. Um homem como Benjamim, com tanta influência e importância, mesmo que tenha tentado ser o mais certinho possível a vida toda, conhecia pessoas que pegariam Armando pra ele e, sinceramente, desde que soube de tudo, não havia uma noite sequer que ele não imaginasse como seria o momento em que estivesse frente a frente com aquele homem e, com toda a certeza do mundo, o mataria.

Sem denúncia formal, ninguém além dos que se envolveram de fato naquela noite, sabia do que tinha acontecido com Mencía nos últimos meses. Para todos, Ari tinha tido um apagão daquela noite e não conseguia saber quem a tinha atacado.

Foi assim que no momento em que Cayetana pronunciou o nome de Armando, o restante da mesa ficou em choque. Rebeka e Samuel, naquela mesa, eram os únicos que sabiam que, não importava quantos homens fossem colocados atrás de Armando, não o achariam. Pelo menos não vivo. Mencía, Ari e Patrick imaginavam que Armando estivesse fugindo. Mas agora, com a polícia anunciando o desaparecimento do empresário, depois de semanas do ocorrido, os deixava confuso, sem entender o que estava acontecendo.

Assim que seu copo caiu no chão, se espatifando, Rebeka rapidamente se levantou. Um garçom já vinha para limpar a bagunça. Sem falar nada com ninguém, ela foi ao banheiro. Estava tremendo. A polícia já estava no meio. Logo perceberiam que um homem rico não sumiria do nada. Logo iriam desconfiar da morte do mesmo, isso se já não desconfiassem.

"Será que chegariam até mim?"

"Se Guzman fosse preso, ela também seria, afinal, foi cúmplice."

"Não, calma! Não tem nada que ligue Armando a eles, aquela noite. Nunca desconfiariam que o corpo do homem estava naquele lago, pois o jogaram com pesos, para que o corpo não boiasse. Não iriam descobrir."

Sua mente trabalhava a mil, fazendo o medo se infiltrar por todas as suas entranhas. O medo de que poderia acontecer a atingia de uma forma que ela nunca sequer pensou, nem quando traficou com Valério. Se descobrissem, sua vida estaria arruinada.

PASSIONAL - MENBEKAOnde histórias criam vida. Descubra agora