Sua última frase palpita e repete sem descanso em minha mente.
"Alpha? O que é isso?"
Meu corpo pesava. Minha cabeça rodava sem parar. Minha garganta ainda seca ansiava por água. Só mais um pouco... Aguente um pouco mais...
Meus pés se moviam lentamente pela calçada, enquanto meu corpo tremia com o frio. Ou seria o nervoso? Meus braços estavam cobertos por um grosso tecido térmico. Acho que era um casaco do Otabek. Não me lembro dele ter me dado coisa alguma... Será então que eu peguei sem pedir? Tenho que devolver...
Era noite? Ou dia? Tento olhar para cima mas minha nuca pesa e parece que meus olhos só conseguiam fitar o chão e meus pés com meus cadarços desamarrados, encardindo com o chão da rua.
Estava perto... Preciso aguentar mais um pouco... Água... E talvez algum remédio? Banho? Será que ajudaria? Posso tentar... Terei forças?
Tudo era feito automaticamente por meus pés e mãos. Quando destranquei a porta do quarto? Quando a abri? Eu a fechei? Tem alguém além de mim no quarto? Mila? Foda-se. Não me importo, só preciso chegar no meu quarto e o resto eu resolvo depois.
Arrasto-me até a cômoda alta. Sempre tem água ali. Sento-me na cama. Será a minha? Se não for, peço desculpas para Mila depois. Tateio o tampo de madeira, procurando o copo ou a garrafa. Sinto algo cair... Não deve ser importante...
Encontro a garrafa e a desrosqueio, bebendo no gargalo mesmo. Eu compro uma garrafa apenas para a Mila depois...
-~-
Seu corpo quente abaixo do meu, suas coxas tão fartas... Tão bom... Suspiros saíam a cada segundo de meus lábios, minha garganta começava a arranhar, minha boca a secar.
Com meus braços enlaçando seu pescoço, seguro sua cabeça próximo ao meu torso, sentindo o suor escorrendo por seu rosto, suas maçãs do rosto mais quentes que qualquer outra parte de sua pele, sua respiração batendo contra minha clavícula, meu quadril ondulando enquanto o moreno apertava seus dedos em minha cintura, deixando marcas em todos os lugares possíveis.
– Não gostaria de descansar um pouco, Yura? – Ouço a voz rouca de Otabek, chamando-me por outro nome. Pouco importa e sorrio. Não quero parar, não agora, continue, por favor! Não sei quando terei outra oportunidade como essa... – Você não parece muito bem. – Seus dedos passam sobre meus fios bagunçados, molhados, provavelmente oleosos. Seu movimento era tão calmo... Tão doce... Tão lento...
Meus olhos vagarosamente se fecham, dando vez à escuridão. Pouco importava meu estado, onde eu estava, eu só sentia vontade de estar próximo ao moreno, era tudo que eu precisava agora.
Meu corpo pesa finalmente e faço do outro minha cama, confortável, pele macia, acalentadora. Não preciso de cobertores ou travesseiros, ali estava o meu descanso. Apesar das dores aos poucos começarem a surgir, não havia jeito, tudo que eu fiz fora ressonar.
-~-
– Yuri? Pode me ouvir? Está consciente? Se estiver me ouvindo, faça qualquer movimento. – Uma mão pousava sobre meu ombro. Meu corpo estava coberto por algum tecido quente, macio, mas em contrapartida, parecia que estava sem roupa alguma.
Por que caralhos isso está virando rotina? Acordar sem roupa alguma enquanto alguém está por perto?
Minhas pálpebras pesam, mas tento abrí-las com todas as minhas forças, enxergando sem nitidez alguma Yuuri, com seus óculos de armação azul escura, fina. Parecia de alguma forma preocupado. O que havia acontecido?
Oh, espere! Eu dormi com um Alpha! Não pode ser!
Levanto-me de supetão, e então fortes dores invadem toda a minha extensão, sentindo uma enorme vontade de gritar enquanto lágrimas escorreram sem nem ao menos perceber. Como era possível todos os meus músculos doerem? Como era possível sentir dor até em lugares que eu não fazia ideia da existência?
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Breaking the Routine
Fiksi PenggemarYuri, aos 15 anos, mais de 75 anos depois do término da segunda grande guerra, onde Alphas e Ômegas nem aos menos possuem história, se descobre um Ômega. Será possível ele suportar todas as consequências de algo que ele não pediu para ser? Sem escol...