Alfonso pensou em levantar. Achar todas as portas abertas e fugir sem rumo para algum lugar longe daquela situação. Ele queria, e Deus sabe o quanto ele teria lutado para sair dali, se não fosse o seu coração gritando o contrário para ele. Razão e emoção brigaram feio por alguns segundos, uma guerra de dor e amor, de saudade e desprezo. Uma guerra que a razão dele apanhou, e apanhou bastante.Alfonso: Eu... – negou com a cabeça antes de voltar a encara-la. Os olhos azuis dela, ingênuos, levemente avermelhados pelo estado de embriaguez com aquela súplica tão visível. — Tudo bem. – sorriu fraco. O sorriso da vitória da emoção. Anahi abriu um sorriso largo, piscando lentamente pelo sono, mas sentindo a realização daquelas palavras e daquele olhar que ele tinha nela. Ela provavelmente não se lembraria de tudo que tinha acontecido naquela noite, mas não importava mais nada agora.
Alfonso ajudou para que ela deitasse novamente, a cobriu com o edredom e se deitou ao lado dela, em uma distância segura. Apagou o abajur e viu quando ela fechou os olhos, se entregando aos poucos. Ele respirou fundo, se movendo na cama, mas ela abriu os olhos. Ele viu quando os pequenos olhos azuis o encararam e ela se aproximou.
Anahi: Você vai ir embora? – disse com a voz arrastada.
Alfonso: Não, eu não vou a lugar algum. – sorriu, afagando o cabelo dela. — Durma.
Anahi: Eu te amo. – uma outra chuva de navalha sob o peito dele começou. Ele tremeu. A respiração ficando descompassada e novamente a razão gritando pra que ele saísse correndo dali para o mais longe possível. — Eu te amo e se me disser que não me ama Poncho, eu desisto de você. – ela mantinha os olhos nos dele, já inundados pelas lágrimas que cairiam. — Se olhar no meu olho e jurar que não existe mais amor no seu coração... – pôs a mão no peito dele. — Eu assino os papéis e desisto de nós.
Alfonso: Any... – segurou a mão dela. Ele queria gritar, fazer com que aquele condomínio inteiro soubesse o quanto ele amava e idolatrava aquela mulher. Ele queria poder dizer a ela todos os dias o quanto ela era perfeita pra ele, o quanto ele venerava e era apaixonado por ela. Mas ele também sabia o tamanho do elefante branco no meio da sala. Sabia tamanha a dor que o invadiu durante meses, ali dentro daquele quarto, sob a mesma cama que dividia com ela agora. A dor mudou Alfonso. As circunstâncias que os colocaram naquela situação o mataram aos poucos, e o que sobrou da carcaça ainda se amargava. Mas ele não ousaria mentir. Ele a amava sim, amava com a vida toda. Sempre e para sempre. — Vem ca. – a puxou carinhosamente para ele, deixando que ela pousasse a cabeça sob o peito dele.
Anahi: Você não respondeu... – reclamou com um suspiro.
Alfonso: Shhh. – iniciou um cafuné nela. — Descanse Any. – ela suspirou, mas ele sabia que não estava dormindo. O peito ardeu, e na lembrança dele uma música antiga, que já havia embalado eles dois há alguns anos atrás, lhe veio à mente. O impulso mais lindo daquela noite talvez. O impulso de amor. — Love me tender, love me dear... – começou, com a voz baixa e rouca, entoando baixinho a canção. Anahi travou a respiração por um momento, e ele sorriu. — Tell me you are mine... – ela levantou o rosto, queria olhar dentro dos olhos dele, dizer que era dele total e completamente, e ele retribuiu. — I'll be yours through all the years, till the end of time... – ele viu quando as lágrimas escaparam dos olhos dela e ela voltou a deitar em seu peito. Uma lágrima grossa caiu dos olhos dele também. Uma lágrima de amor.
Alfonso sentiu quando ela adormeceu. O corpo dela pesou sob o seu e a respiração agora estava mais forte. Ele respirou fundo. O corpo pedindo que ele descansasse também, que parasse de se torturar. Ele queria ir embora, mas foi vencido pelo cansaço e o peso de tudo que aquela noite o trouxe novamente a tona. E então caiu no sono, abraçado ao corpo dela, como há tanto não fazia.
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Sob o Céu de Manhattan
FanfictionAs pessoas que você ama são as mais difíceis de manter por perto.