CAPITULO 6

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Passado uma semana de namoro, estavamos nos beijando no banco do parque, ainda não havia contado para ninguém sobre nosso romance, um romance proibido e perigoso. Queria contar para meus pais, porém não sabia qual seria a reação deles, talvez brigassem comigo e proibissem de nos encontrarmos. Empurrei-o para trás e decidi fazer o que era certo, por mais que eu gostasse daquilo, de encontro às escondidas e beijos quentes e perigosos, mas decidi naquele exato momento:
-Vou contar à meus pais sobre nós!
-Está bem. Seja como for estarei sempre ao teu lado minha Julieta! Hoje vou a sua casa pedir a seus pais sua mão em namoro e faremos tudo certo! Okay?
-Você está falando sério? -ri desconfiada que fosse brincadeira, pois suas palavras me causaram desconforto.
-Estou falando sério! -concluiu e avançou em direção aos meu lábios, precionando os seus contra o meu, numa dança envolvente com nossas linguas. Aquela pegada forte durante nosso beijo me enlouquecia, cada vez me deixava mais arrepiada.
Cheguei em casa, acomodei-me no sofá, passava um programa de culinária na televisão, peguei meu celular, olhei as horas, marcava 16:40, levantei, subi as escadas, passei pelo quarto dos meus pais, a porta estava entre-aberta e consegui ver minha mãe aos prantos, senti um aperto no coração, então cuidadosamente entrei no quarto, sentei na cama, ela olhou-me e por fim abracei-a. Encostando sua cabeça em meu ombro, deixei uma lágrima cair sem que ela percebesse, pois eu haveria de ser forte para cuidar dela naquele momento delicado de tristeza e depressão. Olhei para ela, beijei sua testa, levantei, sai do quarto, encostei a porta, me apoiei na parede e lágrimas caíram com imensa tristeza, queria ser forte naquele momento, porém não conseguia, aquele sentimento era mais forte que tudo, não conseguia para de chorar, limpava meu rosto, mas as lágrimas caíam cada vez mais, corri em silêncio para meu quarto, fechei a porta, encostei minhas costas na mesma e sentei no chão ainda chorando desesperadamente.
Fiquei ali sentada por uns dez minutos até que me recompus, levantei, passei a mão no rosto, arrumei meu cabelo jogando-o para trás, entrei no banheiro, tirei toda a minha roupa ficando apenas de calcinha e sutiã, peguei uma toalha cor de rosa, prendi meu cabelo fazendo um coque e enfim retirei delicadamente meu sutiã, depois a calcinha, entrei no box e liguei o chuveiro, a água começou a cair sobre meus ombros e escorreu por todo o meu corpo indo em direção ao ralo. Ensaboei-me desde os braços até os pés e tornei a lavar meu corpo, desliguei o chuveiro, enchuguei-me e vesti uma blusa de frio comprida, um short, soltei meu cabelo e fui até a sala assistir um pouco de televisão.
Acabei caindo no sono, deitada no sofá desaconchegante, com o barulho da televisão ao fundo, porém, de repente acordei de meu sonho, sonhava com meu pai melhor, nós três -eu, minha mãe e meu pai- juntos dando boas gargalhadas, em um jardim fazendo um piquenique em familia, com uma toalha de mesa xadrez, frutas e outras guloseimas, porém o mais importante daquele sonho eram meus pais, pois minha mãe estava feliz, sorrindo e alegre e meu pai que estava saudável e contente, não estava com tubos e deitado naquela cama hospitalar. Acordei com o toque de meu celular que estava sobre a mesinha de centro, levantei, olhei ao redor, peguei meu celular que ainda estava tocando e atendi:
-Alô?
-Alô. Posso passar na sua casa? -perguntou uma voz sexy, logo percebi que era Vladmir.
-Eu acabei de acordar e minha mãe provavelmente está em seu quarto chorando. Amanhã nos falamos okay? -respondi com a voz sonolenta, quase dormindo ao telefone.
-Está bem! Até amanhã minha Julieta. Beijos! Boa noite! -falou um pouco decepcionado porém compreensivo.
Desliguei, coloquei o celular novamente em cima da mesinha, levantei do sofá, segurei o controle e desliguei a televisão, peguei meu celular, pois sempre andava com ele ao meu lado, subi as escadas, degrau por degrau fazendo o máximo de silêncio para não acordar minha mãe caso ela estivesse dormindo. Passei por seu quarto e a porta estava fechada, fui para o meu, fechei a porta, deitei na cama, me revirei toda durante um bom tempo, pois estava sem sono, como havia dormido à tarde, quando anoiteceu fiquei totalmente sem sono. Me revirava para cá e para lá, arrumei a coberta e continuei me revirando, fiquei um tempo olhando para cima até que abri a caveta da cômoda, retirei a máscara de dormir, tapei meus olhos, virei para o lado e depois de muito tentar, consegui dormir.
As recentes noites estavam sendo difíceis, toda noite eu ficava me revirando na cama, bagunçando completamente, todo dia após as aulas eu corria para o hospital ver meu pai deitado com vários tubos conectados em seu frágil corpo, tomando milhões e milhões de remédios sem nenhum resultado, quando chegava em casa deparava com minha mãe aos prantos na sala ou no quarto, chorava até dormir, aquilo me deixava angustiada, depressiva, porém Vlad conseguia animar-me. Todas as vezes que estava com ele me sentia especial, renovada, ele aparentava ser mais velho e mais maduro, porém era engraçado e me fazia feliz. Sempre que estava com ele estava feliz, sempre sorrindo. Eu acabava esquecendo meus problemas, apenas esbanjava um lindo sorriso, gargalhadas e ficava corada. Ao inicio de nossos encontros eu chegava cabisbaixa, mas depois de nossas conversas e amassos, ao chegar novamente em casa estava completamente mudada, renovada. Porém quando ia dormir todas as noites uma enorme preocupação dominava meu sono, fazendo-me ficar acordada durante as madrugadas tendo horríveis pesadelos. Com todos aqueles fatos acontecendo esqueci-me totalmente da peça Romeu e Julieta, porém tudo aquilo haveria de mudar! Meu professor de literatura Luigi disse-me uma vez que pensamentos bons atraiam coisas boas, e naquele momento o que eu mais possuia eram pensamentos bons.
Relaxei minha mente e somente pensei em Vlad, que atualmente era o motivo de minha felicidade. Durante nossos encontros que ainda as escondidas, eu me sentia completamente diferente, renovada, especial e calma. Ele me tratava de modo que eu fosse a garota mais desejada, ele me fazia sentir-me confiante, por mais que certas vezes eu sentia um certo medo, pelo fato dele ser um vampiro. Em nossos primeiros encontros eu senti receio, tive medo de me apaixonar, mas ele provou-me que era uma pessoa boa, que não me mataria, porém mesmo assim pediu que eu tomasse cuidado, pois certas vezes ele perdia o controle de seu corpo e de suas presas e não conseguia tomar as rédeas. Mas nada muito grave com que eu houvesse de me preocupar. De vez em quando eu achava que ele escondia coisas de mim, pois em alguns de nossos encontros ele saía desesperadamente sem me contar nada e depois não tocava no assunto, como se houvesse morto, assim como ele.
Lembrei de seu toque, de seu cheiro, de sua pegada, de seus olhos, aquele sorriso encantador, mas principalmente de seu beijo, daqueles lábios carnudos e suaves tocando os meus. Aquele calor que subia fazendo meu coração bater cada vez mais acelerado. Quando eu me entregava por completo em seus braços durante nosso beijo, era mágico, único, explendido!!! Magnífico!!! Eu realmente ficava sem folêgo e sem palavras para descrever aquela sensação e sentimento.
-Ahhh!!! -acordei com minha mãe aos gritos, pulei da cama e corri até seu quarto onde a porta estava entre-aberta. Entrei desesperadamente e ela estava deitada na cama gritando e chorando enquanto se contorcia bagunçando todo o lençol.
-Mãe, você está bem? -perguntei assustada, enquanto sacudia-a.
-Ai meu Deus... -respirou fundo, olhou ao redor e logo em seguida olhou fixamente para mim -Eu tive um pesadelo horrível... -fez outra pausa e continuou -Com seu pai!
-Você estava gritando loucamente!! -avisei-lhe agora já mais calma. -Que pesadelo? -perguntei curiosa. Que pesadelo causou-lhe tanto espanto e desespero, pensei.
-Oh, filha, não foi nada. Foi apenas um pesadelo.
-Mãe me conte! Não foi apenas um pesadelo, foi um pesadelo horrível com meu pai. Conte-me! -teimei.
-Por favor vá dormir e amanhã conversamos... -pediu gentilmente enquanto ageitava-se por entre as cobertas.
-Conte-me mãe! Conte-me! -insisti.
-Mellany não me faça gritar com você. Saía agora do meu quarto! -aumentou um pouco o tom de voz. Quando já ia saindo do quarto interrompeu-me -Traga-me um copo com água, por favor. -fui rapidamente até a cozinha, coloquei água em um copo pequeno, voltei a seu quarto entreguei-a e me retirei para meu aposento.
Seria novamente difícil pegar no sono, pois agora estava assustada, pensei durante um bom tempo qual teria sido seu pesadelo, mas seria difícil descobrir pois com certeza minha mãe não me contaria nada para não me deixar preocupada e várias hipóteses vinham à minha cabeça. Meu corpo sob o colchão estava tenso, não conseguia relaxar de modo algum, revirei-me por toda a cama, porém não conseguia dormir ou sequer tirar aqueles pensamentos de que algo ruim havia acontecido com meu pai da minnha mente. Virei para o lado, fechei os olhos, tentei dormir, até que uma lágrima caíu de meu olho e escorreu por minha bochecha indo até o travesseiro onde foi absorvida, respirei fundo e depois de alguns minutos por fim dormi.
Tentei durante meu sono não pensar que algo de ruim aconteceria nem a meu pai, nem a minha mãe, apenas tentei pensar em coisas boas, não como unicórnios ou arco-íris, mas sim, na escola que era onde eu passava a maior parte de meu tempo, pensei em minhas amigas que sempre estavam sorrindo, pensei também na peça da escola, Romeu e Julieta, que já estava quase me esquecendo, apesar de eu não interpretar a Julieta eu seria sua coadjuvante e isso já me deixava feliz, mais feliz ainda era saber que uma de minhas amigas seria Julieta Capuleto.
***
Minha rotina era sempre a mesma, aquela coisa monótona e tediosa todos os dias de minha vida, acordava cedo, arrumava-me, ia para a escola, conversava com Maya e Victory, depois do colégio ia visitar meu pai e as vezes me encontrava com Vlad. Durante as aulas do professor Gustav e do professor Luigi ensaiavamos "Romeu e Julieta" -aquilo já estava cansando-me -, porém tivemos uma maravilhosa surpresa durante a aula de Educação Física, a professora avisou-nos que iriamos participar de um concurso... Um concurso de líder de torcida -fiquei entusiasmada- e que breve teriamos de escolher uma capitã, -fiquei ainda mais entusiasmada- porém ainda teriamos de aprender alguna passos básicos e criar uma coreografia e um figurino. Ao receber essa notícia fiquei animada, um sorriso enorme abriu-se em meu rosto, meu coração bateu mais rápido e uma imensa vontade de pular e cantarolar invadiu-me, mas tive de conter-me e manter minha postura, então apenas sorri.
Victory, Maya e eu estavamos comemorando com lindos sorrisos e abraços:
-Já imagino como será o figurino! -falou Vic entuasiasmada. Ela amava desenhar roupas, customizá-las e montar looks estilosos, não era a toa que ela sempre estava elegante e com roupas da tendência.
-Com certeza será magnífico! Eu também já estou imaginando a coreografia... -completou Maya, enquanto iniciava um desvaneio, imaginava todos os passos em sua mente, cada detalhes, cada giro, até em uma pirâmide humada de líderes de torcida. Porém eu que não herdara nenhum talento, apenas imaginei-me como capitã da equipe, porém seria muita responsábilidade e eu teria de treinar muito para então apresentar uma propósta de espetáculo. -Mellany você daria uma ótima capitã, não acha Vic? -por fim indagou.
-Com toda a certeza. Você seria uma ótima capitã, você é dedicada, responsável, super linda -riu -, enfim, você é a pessoa adequada, do meu ponto de vista. Você seria uma excelente capitã e seria a oportunidade de mostrar seu potencial. -concluiu.
-Obrigado meninas, vocês são demais!! -abracei-as. -Mas acho que seria muita responsábilidade e no momento há muitas coisas com o que me preocupar e eu haveria de ter um certo tempo para estar ensaiando e tudo o mais. Concordo que seja uma ótima oportunidade para mostrar meu potencial, porém não é o momento certo, há coisas maia importantes para eu me preocupar nesse momento. Entendem?! -expliquei-as e por fim fiz uma interrogação afirmativa para que elas entendessem minha situação.
-Entendemos, mas Mellany pelo menos inscreva-se para capitã, mesmo que você não seja a escolhida, só não desista de seus sonhos, tente, mesmo sem saber, arrisque, eu ficaria feliz se você ocupasse esse tão disputado cargo. -Maya fez uma carinha de cachorro abandonado, aquilo derretia meu coração, então acabei dando minha palavra que me increveria para capitã da equipe, porém avisei-lhe que hipotéticamente caso eu ganhasse e algo pessoal fosse mais importante, eu desistiria sem pensar duas vezes.
A treinadora pediu que sentassemos, pegou seu notbook, com seu dedo indicador deslizou pelo mouse, subiu até a barra de endereço, escreveu youtube, logo em seguida escreveu o que buscava -videos de líderes de torcida -clicou num dos primeiros videos e esperou carregar. Toda aquela tecnologia era incrivelmente surpreendente, em poucos segundos o video iniciou-se, com uma imagem perfeita em HD, qualidade e balanceamento do brancl, inacreditável. Todos em forma de meia lua assistiram o pequeno filme que passava no notbook, líderes de torcida animando, dançando, fazendo aquela magnífica pirâmide humana e jogando-se do alto para o chão. Aquelas acrobacias, aquelas roupas, a coreografia e principalmente os pons-pons atraiam nossa atenças, deixando-nos maravilhados com tamanha agilidade e ternura. Vendo aquele video senti ainda mais vontade de ser uma líder de torcida e principalmete a capitã, que ficava no topo da pirâmide, exibindo seu corpo esbelto, aqueles longos e sedosos fios de cabelos, balançando para cá e para lá os pons-pons, com uma dança sensual e uma musica envolvente, porém os passos não eram tão simples, havia certa dificuldade para serem executados. Cada vez mais eu sonhava com aquilo.
-Meninas estou ansiosa! -falei assim que terminamos de assistir ao video. -É deslumbrante tudo isso, a dança, os movimentos, a musica... Tudo!
-Concordo com você Mellany. É maravilhoso, magnifico. Estou sem palavras... -Maya estava de certa forma entusiasmada para começar tudo, porém Victory não demonstrava muito interesse, animação.
Logo a aula acabou e seguimos para o armário, guardei meus pertences, peguei somente o necessário, por exemplo, meu gloss sabor melância, uma lixa de unhas que jasia ali, um caderno, um livro de sociologia, um lápis, uma caneta, tranquei meu armário, tornei a guardar a chave em minha bolsa. Fui até as garotas e juntas fomos embora, nos despedimos na porta do colégio, Victory entrou em seu bentley luxuoso, Maya seguiu a pé até sua casa e eu fui diretamente para o hospital visitar meu pai, como fazia todos os dias. Raramente eu encontrava com Vlad, as vezes ele aparecia por lá, outras vezes nos escontravamos no caminho, afinal ele era um vampiro veloz, porém certas vezes não o via, só nos encontravamos à noite quando ele batia em minha janela do quarto. Cada dia estava mais deprimida e cansada, tanto eu quanto minha querida mãe, nas noites gélidas choravamos embrulhadas nas cobertas, tomando chocolate quente e assistindo algum filme dramático, lembrando sempre de meu pai naquele hospital. No crepúsculo da noite Vlad aparecia para me ver, sem que minha mãe notasse. Nos beijavamos durante toda a noite, ele precionava seus lábios gelados contra os meus, agarrava-me pela cintura, jogava-me na cama com desejo e segundas intenções, porém eu, uma garota tímida, afastava-me, retirando sua enorme mão de minha coxa.
                               ***
Segurava a mão de meu pai quando uma enfermeira entrou no quarto, olhou para nós dois, foi até uma espécie de mesinha, pegou alguns instrumentos medicinais, uma injeção, um vidrinho com remédio, veio até mim e pediu gentilmente que eu me retirasse, pois ele iria dormir um pouco, beijei-lhe a testa, com lágrimas ao rosto saí do quarto e pela janelinha que a porta possuia vi todo o procedimento. Fui somente embora ao ver o olho de meu pai fechar.

Cicatrizes de uma paixão vampiresca!Onde histórias criam vida. Descubra agora