CAPITULO 2

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Já havia passado dois meses desde o primeiro dia de aula, a escola continuava igual, dias cansativos, aulas cansativas, fofocar com as amigas, mas tinha algo de novo e não foi difícil descobrir o que era. Pensei comigo mesma por um instante, "meu Deus, esse menino novo é muito bonito", mas depois pensei, "ele deve ser um galanteador, deve ficar com todas as garotas", e então fechei minha cara na hora. Segui até meu armário junto com minhas amigas e para a minha surpresa o armário do novato era ao lado do meu.

Guardei minha bolsa, pois era aula de educação física e enquanto fechava meu armário o aluno novo virou-se para mim com o papel do horário e perguntou onde ficava o ginásio, "ai meu Deus, ainda por cima é da minha turma", gentilmente respondi que iria para lá e se ele quisesse poderia acompanhar a mim e as minhas amigas e antes que ele fechasse seu armário avisei-lhe para levar somente o celular, o resto ele poderia deixar guardado. Fomos todos os quatro juntos para o ginásio, onde a treinadora aguardava a chegada dos estudantes, que não demoraram muito, acomodaram-se na arquibancada e quando a professora fez um sinal com a mão todos ficaram em silêncio absoluto. Ela explicou a atividade então mandou irmos para o centro do ginásio. Eu, Maya e Victory fomos e percebi que lá estava ele olhando fixamente para mim, estranhei e voltei a minha atenção para a treinadora.

Já na sala de aula, Maya que sentava atrás de mim reparou que o novato, sentado na carteira ao lado da dela, olhava diretamente para mim e quase não piscava, estava em algum mundo que nenhum barulho de fora tirava-o de seu transe, eu obviamente não percebi, afinal eu nem dei bola para ele, por mais que fosse bonitinho, com seu cabelo estiloso e suas roupas modernas, ele era só mais um em meio à todos, lógico que ele tinha um brilho próprio, não sei, talvez seu olhar, ou talvez seu sorriso sexy, mas ele com certeza era um galanteador de araque. Quando a aula acabou, recolhi meus materiais e guardei-os dentro do armário, peguei um caderno e um livro, tranquei-o e no meio daquela multidão de estudantes segui até a sala de número dois, mas antes de chegar à porta fui interrompida por ele, nós nos esbarramos e minhas coisas cairam ao chão, eu fiquei nervosa e quase xinguei-o, mas respirei fundo e me agachei para recolher tudo que estava espalhado, ele agachou-se e me ajudou a pegar meus pertences, tentou puxar papo comigo, porém nem dei bola, estava nervosa, mas quando ele pediu desculpas, abri um pequeno sorriso em meu rosto. Ao entrar na sala sentei-me e virei para trás para conversar, logo ela me contou que durante a aula anterior ele havia me observado e nem sequer piscou, eu achei de certa forma uma hipérbole o que ela estava me falando e comecei a rir, mas quando voltei meu olhar para ela, uma expressão de seriedade havia tomado seu rosto, disfarçadamente olhei para ele, que logo disfarçou olhando para seu caderno.

***

Já era tarde e no dia seguinte haveria aula, mas eu estava sem sono e o filme que passava na televisão era envolvente, um romance que se desfez por conta de um crime, quando ele descobriu que ela estava traindo-o um ódio profundo dominou-o, certa noite enquanto sua amada dormia ele agarrou seu pescoço sufocando-a, foi até a cozinha enquanto ela estava atordoada no quarto e esfaqueou-a, arrependido e com ela em seus braços chorou a madrugada interira. O filme estava quase acabando, faltava uns dez ou vinte minutos, deitei em minha cama, ajeitei a coberta, virei para o lado e logo que fechei meus olhos iniciou-se um sonho horrível, na verdade estava mais para um pesadelo, eu estava amarrada à uma cadeira e algo em minha boca me impedia de gritar por socorro, ouvi passos fortes se aproximando e uma porta à minha frente começou a abrir lentamente... Acordei num pulo, olhei ao redor e estava uma escuridão imensa, caminhei até a cozinha, abri a geladeira, um friozinho veio em minha direção, coloquei um pouco de água em um copo e bebi, tirei uma mecha de cabelo do meu rosto e voltei ao meu aposento.

Levantei da cama assim que minha mãe me chamou para tomar o café da manhã, escovei meu dentes, coloquei uma saia rodada floral, uma regata bege, uma sapatilha salmão com a mesma estampa da saia, um par de argolas, pulseiras -somente no braço direito- e uma presilha para enfeitar meu cabelo. O cheiro do café quentinho estava invadindo meu quarto, isso fez minha barriga roncar de fome, desci às pressas, enfiei uma fatia de torrada na boca para forrar o estômago e saí de casa rapidamente para não chegar atrasada no colégio, eu encontraria Maya na iogurteria, mas faltava meia hora para eu chegar na escola, imaginei que ela já teria ido embora então corri o mais rápido que pôde, mas não era o suficiente pois eu odiava correr, ficava sem fôlego fácil e para recuperá-lo acabava demorando tempo demais, eu tinha uma certa dificuldade em respirar enquanto corria, porém graças à Deus, quer dizer, graças à um enorme esforço consegui chegar a tempo de tocar o sinal para todos se recolherem até suas salas.

Cicatrizes de uma paixão vampiresca!Onde histórias criam vida. Descubra agora