CAPITULO 8

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-Diga-me logo o que queres, tenho hora para chegar em casa.
-Primeiramente, eu gostaria de pedir-lhe disculpas, pois eu não tive a intenção, em momento algum, de machucar-lhe, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Mas você não imagina o quão difícil foi para mim ficar sem beber sangue, eu estava frágil e eu já não havia controle do meu corpo, eu precisava saciar minha sede de sangue, mas eu estava tentando, fazendo o possível para me controlar, coisa que tampouco consegui. -fez uma pausa enquanto colocava um pouco de conhaque para si -Melany, por tudo que já vivemos juntos, você me perdoa?
-Você acha que é assim de uma hora para outra que eu vou te perdoar? -respirei fundo e continuei -Depois daquela noite eu fui lhe procurar junto com a Maya e o que você fez? Você tentou nos matar, me atacou novamente, depois de ter ficado dias e dias sem dar noticias, como você acha que eu fiquei me sentindo? Eu achei que meu mundo havia acabado, eu não sabia mais o que fazer, chorei noites e noites na esperança de que você voltaria para mim, mas nada! Você me deixou desesperada e assim que fui lhe procurar, como você me recebe? Com grosseria, me machucando e deixando-me cada vez mais amedrontada. -ajeitei-me em sua cama e respirei fundo novamente. Ainda estava com medo, mas agora já estava um pouco tranquila.
-Eu te entendo perfeitamente, mas eu quero que você também me entenda. Eu mudei por causa de você, eu era um vampiro sanguinário, mas assim que te vi no colégio me apaixonei, te desejei ao te encontrar, mas você me esnobou, mas mesmo assim continuei tentando conquistar-te. Tive de parar de beber sangue, assim começando uma dieta rígida, tudo para não lhe machucar, mas chegou uma hora em que eu não consegui conter minha sede, eu necessitava saciá-la, tentei ao máximo me controlar, mas não deu, eu juro que não deu...
-E o que mudou de antes para agora? -indaguei seriamente.
-Eu mudei... Estou mais maduro, consigo controlar minha sede, meus fetiches... Eu mudei pra melhor.
-Prove-me!
Andou para lá e para cá pelo quarto à procura de uma resposta, até que parou, andou em direção a mim, agarrou-me sensualmente, jogou-me na cama e começou a me beij...
***
-Vladmir... -sussurrei -O que houve ontem a noite?
Passou seu polegar em meus lábios e tornou a me beijar. Apenas Fechei meus olhos e deixei fluir meus pensamentos, senti um friozinho na barriga, entretanto, deixei meu corpo ficar relaxado, fiquei nostálgica e excitada. Deitamos lentamente na cama, encostei minha cabeça suavemente na manta preta gótica e virei meu rosto para o lado enquanto ele beijava meu pescoço, descendo cada vez mais, imediatamente meu corpo tornou a ficar tenso, mas dei-lhe um voto de confiança e o deixei beijar. Ao fundo tocava uma música romântica espanhola -Para tu amor Juanes-, ele tirou a alça do meu vestido salmão e continuou a beijar, chegando perto de meu seio esquerdo, então, rapidamente levantei da cama e ajeitei a alça, passei a mão pelo meu rosto e cabelo:
-Bom... Acho melhor eu ir embora.
-Fique mais um pouco! -insistiu.
-Não posso! -fiz uma pequena pausa enquanto vasculhava o quarto com os olhos à procura de minha bolsa -Eu ainda tenho de ir visitar meu pai no hospital.
-Está bem. Mas pelo menos me deixe te dar uma carona. -vestiu seu par de tênis vans preto sem nenhuma mancha ou sujeira, como se o tênis fosse novo.
-Está bem. Mas é apenas uma carona e nada mais! -continuei vasculhando à procura de minha bolsa, Vladmir logo reparou.
-Vamos! -tomou a chave do carro em sua mão, que estava sobre o barzinho onde havia algumas garrafas de conhaque, uísque, vinho e uma garrafa de bourbon em um compartimento especial. -A propósito, sua bolsa está ali. -apontou para uma poltrona vitoriana preta próxima a sua cama. Com certeza aquela poltrona era nova, pois da última vez que havia ido à sua casa ela não estava ali. Puxei uma jaqueta de couro marrom da Calvin Klein que estava sobre o encosto da poltrona, peguei minha bolsa e posicionei o agasalho novamente em seu lugar.
Fomos para seu carro.
Por mais que Vlad tivesse seu motorista particular que dirigia um Bentley, as vezes, ele preferia dirigir seu próprio carro, um Range Rover Evoque, pois gostava de sentir o vento em suas presas.
Acomodei-me no banco, puxei o cinto e prendi-o na fivela -o carro cheirava a perfume masculino importado, talvez francês, couro e naftalina-, coloquei a bolsa no colo e as mãos sobre. Então ele deu partida e saiu da garagem para cinco carros, passou em frente a porta de sua mansão -que era muito parecida a um castelo um tanto medieval- e seguiu viagem. Sem muito o que conversar e para quebrar o silêncio inquietante, decidi ligar o rádio, procurei por algumas rádios, no entanto, nenhuma música de meu agrado tocava no momento, então desliguei-o. Abri minha bolsa e procurei meu celular, acendi a tela para olhar as horas e vi que as mensagens de Maya ainda estavam ali, entretanto, não as li, apenas notei que marcava 11:11, apaguei a tela e guardei-o. Naquele momento tive uma vontade enorme de gritar "onze-e-onze", todavia, não podia parecer uma retardada, mas como era quase que um custume, tive de me segurar e pensar em outra coisa.
Onze-e-onze, ou qualquer horário igual, possuía algum significado, por exemplo, alguém chora por você, ou alguém está pensando em ti, ou até mesmo ele te ama. E isso era uma brincadeira minha e das meninas, entretanto, Victory não "brincava" muito conosco, ela achava aquilo uma babaquice, mas eu e Maya disputavamos e ficávamos contando os minutos, segundos e milésimos para conseguirmos falar os horários iguais. Sim, isso era uma idiotice para garotas do primeiro ano do ensino médio.
-Bom... -coçou a nuca -Chegamos!
-Hmmm, obrigada!
-Magina. -corou-se. Dei-lhe um beijo na bochecha, tão macia que parecia bumbum de bebê, abri a porta e sai. Acenei com a mão fazendo um gesto de tchauzinho.

Cicatrizes de uma paixão vampiresca!Onde histórias criam vida. Descubra agora