Aqui, dirijo-me à massa de militantes e quadros honestos e comprometidos com a Revolução Brasileira que militam no Partido Comunista Brasileiro, no qual exerci 6 anos de trabalho partidário. Tudo o que estou colocando nesta carta não podia colocar enquanto estive no PCB. Eu não compreendia que os erros e posturas dos dirigentes, além das táticas e prática política em geral, eram relacionados a uma questão de linha ideológica e política. Agora, com estudo sistemático e prática revolucionária, tenho uma clareza maior das contradições mais profundas que determinam a prática da direção do PCB.
Eu rompi com o PCB, ao qual me dediquei com energia e para o qual doei meu tempo e esforço, deslocando-me de região para cumprir as tarefas partidárias, por razões que dizem respeito não só a mim, mas a todos os militantes e quadros honestos e combativos. Junto a mim rompeu, na época, um grupo de militantes da Região Nordeste, porém a iniciativa de escrever essa carta é apenas minha.
Percebe-se há muito tempo um descontentamento geral no PCB; os militantes, aflitos com razão pela gravidade da situação política de putrefação da sociedade burguesa e de recrudescimento da reação, clamam por respostas. Eu não fui a primeira e nem a última dentre os quadros combativos e massa de militantes a perceber que esse anseio nas bases é, em realidade, fruto de problemas de fundo, que repousam sobre a direção central. Como todos, permaneci anos no PCB, na luta esperançosa comum a de muitos de guiná-lo à esquerda, através dos instrumentos da democracia interna, por dentro.
O que acontece é que todos os quadros e militantes combativos e honestos que lutam internamente por avançar naquilo que percebem estar errado, no máximo conseguem fazer alguma diferença na base onde atuam em questões de estilo e de método – nunca na linha ideológico-política, blindada de todo questionamento, ora pelo método burocrático de tratar as divergências, ora por inconsistência teórico-política dos próprios militantes que, corretamente, questionam, mas não conseguem encontrar a real raiz dos problemas –, e mesmo as "melhoras" no estilo de trabalho só subsistem durante um período curto de tempo. Logo se restauram as velhas práticas, os militantes são isolados, imobilizados e chegam mesmo a sofrer sanções injustificadas.
Com o passar das experiências práticas, após tentar permanentemente e falhar na missão de tornar o PCB o que ele deveria ser – uma "organização de vanguarda", "firme", de "disciplina militar", "centralizada", politicamente comprometida com a "análise científica da sociedade brasileira", como diz o próprio PCB –, percebi, apenas após romper com ele, que tudo era expressão da incapacidade ideológico-política da direção do PCB em responder à necessidade de impor uma Grande Revolução no país, e indisposição, de sua direção central, de enfrentar o turbilhão da luta de classes, de suportar as suas consequências, suportar os seus efeitos colaterais, negando na prática o caminho da Revolução para defender seus privilégios individuais, seus cargos rendosos e seu apego às facilidades da democracia burguesa. Assim sendo, minha obrigação comunista é por sobre a mesa as questões, em defesa da ideologia do proletariado e da causa proletária e contra o oportunismo e o revisionismo, com o único objetivo de alcançar o correto rumo que nos guie ao luminoso Comunismo.
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A minha ruptura com o revisionismo da direção do PCB
Non-FictionPublicado EM 13 DE JULHO DE 2020 POR SERVIR AO POVO DE TODO CORAÇÃO no site https://serviraopovo.wordpress.com/2020/07/13/a-minha-ruptura-com-o-revisionismo-da-direcao-do-pcb/ Publiquei aqui para ler melhor porque tenho dificuldade em ler na interne...