V - Apego à legalidade burguesa no aspecto organizativo e agitação e propaganda

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Outro aspecto que causa indignação em todos, militantes e quadros sinceros, é o liberalismo em questões organizativas. Legalismo, exposição da estrutura partidária e de militantes em demasia e tudo semelhante. Ocorre que eu mesma nunca pude entender que isso, essa linha organizativa, é resultado da linha ideológico-política. Eu sempre travei lutas contra essas questões tomando-as isoladamente, quando, em realidade, são elas meros apêndices da linha reformista da direção do partido, são resultados dela. Daí que os quadros alinhados com a direção oportunista fazem de tudo para tentar justificar a linha organizativa liberal-burguesa como a única possível, a única legitimamente "comunista" – tachando de esquerdismo toda iniciativa no sentido de transformar o partido um instrumento de luta preparado para ela.

Além disso, sempre causa estranheza o rebaixamento do programa e dos métodos da luta pelo Poder na agitação e propaganda, rebaixamento feito pela alta cúpula do PCB, como demonstrei acima, justificado na defesa da legalização. Como disse, a linha organizativa serve à política e, nesse caso, busca além disso justificá-la em sua castração, deformando a agitação e a propaganda. Os altos dirigentes apresentam isso como necessidade para manter a legalidade, ou seja, toda a divagação subjetiva sobre a estratégia deve-se a que "falar as coisas abertamente levaria à cassação da legalidade". Vale tudo pela legalidade, é a palavra de ordem da alta cúpula, que ressuscita as revisionistas "Declaração de 8 de março" e resoluções do "V Congresso".

Então, é necessário, depois de falar sobre a tática e a estratégia da direção e demonstrar seu caráter reformista, tratar sobre o quão incorretos são os princípios organizativos liberais e contrapô-los aos princípios organizativos desenvolvidos especialmente pelo leninismo.

As direções do PCB não estão interessadas em tornar o partido independente do velho Estado e alheio a ele, premissa básica para que ele tenha o mínimo de condições para poder se converter no partido revolucionário de vanguarda. Acomodadas com a vida legal do partido, as direções se pautam na defesa da "democracia" e das liberdades democráticas como fim em si mesmo, e não como melhores condições para o trabalho revolucionário.

Há uma abundância na prática do liberalismo, como os altos dirigentes afirmarem publicamente serem membros do Comitê Central – e vangloriarem-se por isso –, exposição na rede internet dos e-mails dos quadros e militantes, tal como de diretivas, planos, discussões internas e tudo aquilo que uma direção séria faria o possível para esconder ao inimigo.

As direções do PCB não veem possibilidade da atuação clandestina organizada junto às massas e seguem a prática liberal no organizativo. A alta cúpula diz que sem a legalidade o partido não poderia existir, não poderia fazer seu trabalho junto das massas.

Aprofundando a dependência financeira do PCB ao velho Estado e de sua legalidade, a direção tem feito de tudo para manter o fundo partidário, inclusive o rebaixamento dos objetivos comunistas, já ocultamente anunciados, e da própria propaganda. Agora, está em debate no CC fazer filiações democráticas (filiação de militantes em partidos da ordem, para receber parte do fundo eleitoral) nas eleições, ao invés de políticas de finanças independentes do velho Estado. Priorizando a legalidade, as direções negligenciam a atual situação política, não preparam o partido para a guerra já declarada, colocam em grande risco suas bases que, não preparadas, são alvos fáceis para o inimigo e acorrentadas pela concepção reformista dos altos dirigentes.

Os grandes clássicos do marxismo já advertiam – e fazer-se de esquecido é pura negligência com a teoria revolucionária e um crime para com a revolução – que a legalidade burguesa é um "círculo de ferro" que impede ao proletariado atingir seus objetivos; que cabia aos comunistas utilizar as brechas da legalidade para alcançar as massas populares, difundir a doutrina e o programa revolucionário, mas nunca adaptar seus objetivos, seu programa e sua linha – se fossem revolucionários, é claro – aos limites legais. "A legalidade, de resto, tem, nas democracias capitalistas mais 'avançadas', limites que o proletariado não pode respeitar sem se condenar à derrota" [8]

A minha ruptura com o revisionismo da direção do PCBOnde histórias criam vida. Descubra agora