Com tal estratégia, é natural que as táticas adotadas pela alta cúpula incorporem toda a aberração reformista, que, de fato, pouco diferencia o PCB dos partidos pequeno-burgueses clássicos.
Primeiro, como mencionei a cima, mesmo no Poder Popular se formula um frentismo tosco. A direção nos fala sobre construir a hegemonia do proletariado e, paradoxalmente, é contra a hegemonia do partido sobre as demais forças políticas. Como pode? É claro que, com essa linha política geral, nossa direção não seria capaz de construir a hegemonia do proletariado ainda que aplicasse a hegemonia do partido, porém, subtraindo isso, há aí ainda um erro de princípio. Vejamos. Se somos marxistas-leninistas, partimos do pressuposto de que a única forma de doutrina comunista e, portanto, proletária, é o marxismo-leninismo. E, óbvio, todas as forças políticas que, dentro do movimento popular, seguem outra doutrina que não o marxismo-leninismo – ou que dizem segui-lo e transgridem seus princípios – não representam o proletariado, mas outras classes, como a pequena burguesia. Que hegemonia proletária pode-se garantir se, considerando-se portadores da doutrina do proletariado, os militantes de um partido comunista não exercem eles a hegemonia sobre o Bloco Revolucionário que a direção afirma ser necessário construir? Há uma incompatibilidade no terreno dos princípios aí.
Vejamos as últimas eleições. Fez grande tumulto entre todas as bases o fato de a direção ter rebaixado o programa do PCB para compor a chapa com o PSOL – decisão unilateral da direção e que só chegou ao conhecimento dos comitês de base via nota pública. O PSOL, acaso, proclama-se marxista-leninista? Ou, de fato, ainda que não se proclame, ele é? Definitivamente não. Por que, então, o PCB rebaixou-se ao seu programa? As alianças, diz claramente Lenin, são profundamente necessárias, especialmente em alguns momentos, porém os princípios e o programa são inegociáveis – ainda mais considerando que a eleição só pode servir, ainda assim só em determinadas circunstâncias, como meio de propaganda! (Pelo menos assim formula o marxismo-leninismo). Se é rebaixado o programa e ainda assim participa-se das eleições reacionárias, qual foi o propósito da eleição? Propagandear não o programa, não a doutrina proletária, mas a doutrina de um partido pequeno-burguês. Que patético! Todo o trabalho de massas paralisado e redirecionado à eleição para tal propósito. Certamente, aqui, Lenin foi deformado, tergiversado, castrado, em nome do eleitoralismo de cada dia da direção. E levantar a voz contra esse direitismo flagrante, nas bases e na luta partidária concreta, é motivo para ser tachada como sectária, esquerdista, radicalismo pequeno-burguês etc. Pobre Lenin, mal sabia que seria tachado indiretamente como o pai do esquerdismo!
Aqui, toda a massa de militantes deve ter claro: a participação eleitoral sem propósito baseado no marxismo-leninismo não foi, no fundo, uma transgressão da linha política geral da direção. Não. Na verdade, tal aliança, em que os interesses do proletariado não aparecem e em seu lugar foi propagandeado um programa socialdemocrata, é profundamente condizente com o que vimos acima.
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A minha ruptura com o revisionismo da direção do PCB
Non-FictionPublicado EM 13 DE JULHO DE 2020 POR SERVIR AO POVO DE TODO CORAÇÃO no site https://serviraopovo.wordpress.com/2020/07/13/a-minha-ruptura-com-o-revisionismo-da-direcao-do-pcb/ Publiquei aqui para ler melhor porque tenho dificuldade em ler na interne...