Ante semelhante situação política, é necessário um partido comunista, tal como afirmara Lenin, "de novo tipo", diametralmente diferente dos partidos social-democratas e que, em sua estratégia e tática, leve a agudizar todas as contradições antagônicas de classes até sua ruptura pela violência, seguindo uma estratégia revolucionária através da aplicação de táticas combativas, ofensivas quando convier. Isso ensina o grande Lenin.
No PCB, me chamava atenção sobremaneira o quão vaga é a estratégia. A direção reformista assim formula: "a nossa estratégia é o socialismo". Uma coisa é dizer que a meta ou o objetivo estratégico é o socialismo e, outra, muito diferente e bastante abstrata, é afirmar que o próprio socialismo é a estratégia. Qual é a estratégia, ou seja, a via vista como um todo para alcançar o poder para o proletariado propugnado pela direção?
É óbvio que aqueles que se indignam com as condições absurdas de exploração e espoliação sofridas pelo nosso povo no sistema capitalista querem o socialismo, e a direção se aproveita desse desejo justo (principalmente no seio da juventude) para defender um socialismo de retórica, sem oferecer um caminho real a se trilhar até lá.
Esse falso caminho toma a forma, ainda bem abstrata, de "Poder Popular". No XV Congresso houve uma resolução, intitulada "A estratégia e a tática da Revolução Socialista no Brasil", sendo a primeira que de modo mais concreto tentou responder a questão. Ela está, essencialmente, reproduzida nas Teses para o atual congresso. Assim desenvolve:
"A conquista revolucionária do poder político envolve dois aspectos fundamentais: a) a participação dos trabalhadores como sujeito da ação histórica contra o capitalismo e a sociedade burguesa; b) a organização e o fortalecimento dos instrumentos políticos revolucionários capazes de dirigir a disputa pela hegemonia do proletariado na sociedade...".
A prova de que não é levado a sério o problema central de toda revolução – isto é, a conquista do poder, a destruição da reação pelas massas populares – é o que se formula a seguir, no mesmo documento. Aqui vai.
"Na perspectiva do socialismo, é preciso pensar a construção da hegemonia proletária como a formação de um modo de produção alternativo sob controle dos trabalhadores, o que significa dizer que ela se assenta no mundo da produção...". O que significa, para a direção central, que deve-se construir o Bloco Revolucionário do Proletariado, "ou seja: o conjunto de ações e transformações econômicas, políticas, jurídicas e formas de consciência que apontem para a superação do capitalismo e para a construção da sociedade socialista no rumo do comunismo. Isto exige a formação de um bloco de classes e setores sociais e suas representações político-organizativas, que, nas lutas concretas – específicas e gerais – contra a ordem do capital vá se constituindo como um poderoso instrumento de luta e de organizações dos trabalhadores, com uma ação que extrapole o campo dos interesses econômicos para se apresentar como o contraponto unitário de forças à hegemonia burguesa". Tudo isso teria por meta capacitar "o proletariado ao exercício do poder político e da direção cultural de toda a sociedade".
Tentando pincelar tons de vermelho, a direção pondera que "esta transformação histórica não se dará através de um projeto reformista, mas por uma ruptura radical, na qual desempenha papel central a questão do poder, ou seja, a destruição do poder e a da dominação política burguesa e a construção de um novo Estado do proletariado da cidade e do campo...". Porém, logo adiante, retoma o tom ameno: "A construção do poder proletário/popular não se resume à mera negação institucional ou qualquer tipo de paralelismo autonomista, mas ocupa ativamente os poros da institucionalidade atual, guiada por um projeto de negação da ordem capitalista... É necessário ir construindo, a partir de agora, a partir da velha ordem, um duplo poder, uma ordem institucional e política própria dos trabalhadores, fundada e fundante de uma nova cultura proletária e popular, capaz de dar unidade ao bloco proletário e colocá-lo em movimento na luta contra a ordem burguesa".
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A minha ruptura com o revisionismo da direção do PCB
Non-FictionPublicado EM 13 DE JULHO DE 2020 POR SERVIR AO POVO DE TODO CORAÇÃO no site https://serviraopovo.wordpress.com/2020/07/13/a-minha-ruptura-com-o-revisionismo-da-direcao-do-pcb/ Publiquei aqui para ler melhor porque tenho dificuldade em ler na interne...