Cap.11 Pov's JaceSegurava fortemente a mão de Jasper, como uma forma de me manter calmo e seguro. Podia sentir uma onda quentinha e acolhedora me rodear, era seu dom me acalmando.
Após sentarem os dois nas cadeiras no meio do círculo que os assentos ao redor formavam, com seus pulsos presos e o veritaserum já consumido, o ministro começou a falar.
- Primeiro, digam seus nomes.
- Henry Christopher Miller.
- Karoline Hayle Miller.
- Bom, parece estar funcionando bem. - o ministro olhou alguns papéis e com o rosto erguido e olhar afiado, encarou os Miller. - Admitem terem usado feitiços das trevas em seu filho?
- ... Sim. - com relutância e resistência, aquela simples palavra foi dita em um tom baixo.
- Já o deixaram preso? Passando fome?
- Sim, várias vezes, mas foi pro bem dele! - ela gritou e virou seu rosto em nossa direção, Jas se inclinou para frente e um rosnado saiu de seus lábios.
- Não rosne para minha esposa seu monstro imundo!
- Silêncio! - o som do martelo e a voz amplificada do ministro pela varinha fez Jasper tampar os ouvidos. - Sr. e Sra. Miller, se não perceberam, vocês estão sendo julgados.
Apesar do aviso, nenhum dos dois pareceu se importar ou temer o resultado de hoje. Eles realmente acham que vão encontrar um jeito de não serem condenados.
- Continuando. Fizeram uso das imperdoáveis no seu filho? A partir de que idade?
- Usamos. Ele tinha quatro anos.
- O torturaram? Com que frequência?
- Sim. Quase todos os dias, pelo menos até ele ir para o internato bruxo.
- Vocês gostavam de machucá-lo?
- Muito.
Prendi a respiração ao ouvir a risada forte e pesada dele, flashes de um lugar frio e escuro com um metal gelado em meus pulsos e tornozelos me fizeram encolher no assento, agarrando o braço de Jasper.
- Se saíssem daqui soltos, oque fariam?
- O levaríamos de volta, o colocariamos em seu devido lugar e matariamos esses malditos bebedores de sangue, um por um. - seu tom ameaçador e sorriso sinistro paralisou meu corpo, eu já sabia que essa seria sua resposta.
- Uma última pergunta... Contrataram uma rastreadora para forçá-lo a voltar para casa, mesmo após o jovem Jace ter ido embora por livre escolha?
- Sim, mas não adiantou muito, aquela vadia não soube fazer seu trabalho direito.
- ... Por favor tragam a penseira. - segundos após sua fala, um elfo apareceu magicamente com uma enorme penseira do seu lado, alguns frascos podiam ser vistos. Minhas memórias. - Com o consentimento da vítima, mostraremos algumas memórias para o júri analisar, por favor prestem bastante atenção.
Com um olhar ao elfo, este despejou minhas memórias na penseira, uma imagem se formando.
Meu jovem eu gritava se contorcendo no chão, lágrimas escorrendo pelo meu rosto, essa foi a primeira vez que usaram o crúcios em mim.
Me lembro de ter passado a noite sem conseguir dormir nesse dia, a dor gravada fortemente nas minhas lembranças.
Mudou, agora eu estava no meu quarto, ofegante e pálido, encolhido debaixo dos lençóis chamando pelos meus progenitores e pedindo para que me deixassem sair, que eu seria um bom menino.
Eles haviam me torturado e preso no meu quarto, sem ter me curado após horas no calabouço com eles. Apenas uma jarra com água em cima do criado mudo.
Desviei o olhar após as imagens mudarem novamente, aquela é uma memória que eu não quero lembrar, mas ainda podia escutá-la claramente.
A maldição cruciatos sendo pronunciada com ódio e nojo, o som do metal sendo puxado e os resmungos de dor me atingiram com força. Esse foi o dia que eu voltei pra casa do internato após ter meu maior segredo espalhado pela escola inteira, que eu sou gay.
Eles não reagiram bem, nenhum pouco. Foi um dos piores dias da minha vida, o mais doloroso e desesperador.
Eu quase fui morto nesse dia, meu corpo estava inteiro, mas minha mente foi severamente ferida e quebrada.
Ter que ver tudo que passei durante todos esses anos de abuso, não era fácil. Principalmente quando os culpados por isso estão na minha frente e não esboçam nenhum arrependimento, apenas indiferença.
Eles nunca me amaram? Nem ao menos um pouco?
Eu não significo nada para eles? Eu era seu filho, como podem?
- Eu e o júri iremos discutir o caso e traremos o veredito. Com licença. - o ministro e o júri se levantaram e entraram em uma sala ao fundo, os bruxos que ficaram começaram a sussurrar entre si.
- Anjo? - Jas me chamou, seus braços me rodeando protetoramente, seu olhar preocupado aqueceu meu coração.
- Estou bem, eu só.. não estava pronto. - tentei formar um sorriso, mas foi em vão.
- Eu sei.. Vai dar tudo certo, daqui a pouco poderemos ir pra casa. - meu loiro acariciou meu rosto e beijou minha testa.
Ficamos aguardando alguns minutos assim, ainda podia sentir os olhares sobre nós, mas não ligamos.
Não demorou até eles entrarem e sentarem em seus lugares novamente, seus rostos sérios e frios.
- Eis o veredito, Sr. e Sra. Miller, após uma análise e discussão minuciosa sobre o caso, o declaramos culpados. Seram sentenciados a setenta anos de prisão e receberam o beijo do dementador.
- NÃO! ISSO É UM ABSURDO! EU SOU UM MILLER, UM PURO SANGUE! VOCÊS NÃO PODEM FAZER ISSO!
- Aurores, levem eles por favor. - quatro homens de sobretudo foram até meus progenitores e os liberaram das algemas, os segurando e caminhando até as grandes portas.
- TUDO CULPA SUA! QUANDO SAIRMOS DAQUELE LUGAR, VOCÊ ESTÁ MORTO! ESTÁ OUVINDO JACE?! MORTO! VOCÊ E ESSES SANGUE SUGAS IMUNDOS!
Com as grandes portas fechadas, já não podia ouvir os gritos dele, o que me fez soltar a respiração que estava segurando inconscientemente.
Todos já estavam se levantando e seguindo para a saída, muitos com um olhar de satisfação pelo que ocorreu com a família Miller.
Também ficamos de pé, mãos segurando fortemente uma a outra, o frio contrastando com o quente.
Ergui meu olhar ao de Jasper, sorrindo verdadeiramente agora, feliz por tê-lo comigo nesse momento que foi tão importante para mim, a minha tão sonhada liberdade.
- Vamos para casa major, nossa casa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
My Golden Boy - Jasper Hale
RomanceJace fugia de sua família, estava se sentindo sufocado, sempre sendo pressionado para se casar com uma moça de família influente e sangue puro, um absurdo. Sem paciência para enfrentar o drama de sua família, Jace simplesmente explode e sai de casa...