Encontro Inusitado

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Ele estava vestido com uma regata branca, um calção azul, e chinelos de dedo, o típico visual praiano. Assim que pôs os olhos em mim, eu vi sua expressão mudar levemente para uma expressão de surpresa, e pude ver seus olhos passeando rapidamente de cima a baixo. Na hora, eu não entendi o porquê, mas no instante seguinte, lembrei da minha vestimenta, e uma pontada de vergonha percorreu meu corpo.

- Boa noite. Você deve ser da equipe de filmagens, certo? Sou Jean Kirschtein, o dono da ilha e desse hotel. – disse, e estendeu a mão pra mim.

Apertei a mão dele e disse, sem raciocinar muito:

- Eu sei, eu estava vendo umas fotos suas.

- O quê? – perguntou, com um sorriso fraco e franzindo o cenho, afastando um pouco dos fios castanhos que estavam indo para o rosto dele, por causa da brisa.

- Q-Quero dizer, eu e m-minha diretora de filmagem – eu soltei do aperto de mão dele e apontei para trás, como se ele pudesse ver Annie – estávamos vendo algumas imagens suas agora pra ajudar na matéria, sabe?

Não sei porque, mas eu fiquei incrivelmente nervosa. Eu não estava fazendo nada de errado, ele era uma figura pública. "Qual o problema de eu estar vendo fotos dele?" Me perguntei. O problema era se ele pudesse perceber que, na verdade, eu não o estava vendo nas imagens com um olhar, digamos, "profissional" ...

Ele deu um sorriso de canto de boca.

- Estavam vendo fotos minhas na piscina enquanto tomam vinho? – apontou para a taça na minha mão.

- Qual o problema? Existe alguma norma de onde e como olhar imagens?

- De jeito nenhum. – disse, e sorriu.

Porra, que sorriso lindo.

- Mas enfim, – ele continuou – Qual o seu nome?

- Ah, desculpe. me chamo Ester Brown. Sou a repórter. Me desculpe por não estar vestida adequadamente, eu não esperava que o senhor iria aparecer aqui...

- Muito prazer, Ester. E não precisa se desculpar, não há nada de errado em estar de biquini numa ilha, além de que você não está no seu horário de trabalho. Espero que tenha gostado das instalações do meu hotel. Vocês vão ficar por uma semana, não é?

- Sim. Acreditamos que nesse tempo, vamos poder ter todas as gravações e informações o suficiente para fazer a matéria.

- Tudo bem. Enfim, não vou mais atrapalhar, eu sei que a viagem foi longa. Eu queria apenas que me desse seu número.

- M-Meu número?

- Sim. Pra podermos combinar os melhores horários para as gravações.

- Ah... sim, claro, só um minuto.

Virei as costas e fui até a mesinha de jantar que havia na suíte, e coloquei minha taça lá. Procurei um cartão de visitas com meus dados, que eu sempre mantinha na minha bolsa. Revirei um pouco a bolsa, até o encontrar. Voltei, e entreguei para ele. Ele pegou o cartão, o analisou e depois colocou no bolso, e voltou seu olhar para mim.

- Obrigado. Boa noite, Ester. Até amanhã.

- Boa noite, senhor Kirschtein. Até amanhã.

E então, ele foi embora.

Fiquei observando-o caminhar pela plataforma em direção à praia, pensando no que tinha acabado de acontecer. Ele era muito mais bonito pessoalmente, e tinha uma aura um pouco intimidadora, apesar de ele parecer se esforçar para nos fazer ficar à vontade na presença dele. O tom de voz dele era gostoso de se ouvir, o olhar, penetrante, um sorriso hipnotizador. Nunca tinha ficado tão sem jeito perto de um homem como fiquei nesses dois minutos perto dele. Soltei um suspiro, fechei a porta, e voltei para a piscina, pegando a taça que eu havia deixado em cima da mesa.

- Você nem adivinha quem era, na porta. – Disse para Annie, assim que voltei para a varanda.

- Não era o Armin e o Eren?

- Não. Era o senhor Jean Kirschtein. – Eu disse. Ela abriu a boca, numa expressão de surpresa.

- Mentira! O que ele veio fazer aqui?!

- Veio se apresentar, e se certificar se estava tudo certo por aqui. Amiga, ele me deixou tão... sei lá. É estranho estar perto dele, uma sensação diferente... – disse, enquanto entrava novamente na piscina.

Ela tomou um gole de vinho, e vi um sorriso sarcástico se formando em seus lábios.

- E aí, ele ainda não "faz o seu tipo"?

Joguei a água da piscina na cara dela como resposta, e ela gargalhou.

- Nossa, mas ele é tão lindo quanto nas fotos. – Falei, bebendo do meu próprio vinho. – Mais ainda do que nas fotos, pra ser sincera.

- Amanhã verei isso pessoalmente, porque, pra um homem te deixar com essa cara, ele não pode ser menos do que extraordinário!

A campainha tocou novamente, e dessa vez, eram realmente Eren e Armin. Eles se juntaram a nós e ficamos conversando sobre tudo e nada, falando de alguns detalhes sobre aquele trabalho e secamos duas garrafas de vinho nessa "onda". Depois, fomos todos descansar, afinal, o outro dia seria bem cheio.

[...]

- Daí, quando ela abriu a porta e eu a vi, mano... ela tava só de biquini!

- Noooossa, Jean, que impressionante. Uma mulher de biquini nas Maldivas! – Ironizou.

- Vai se foder, Marco! Ok, realmente não é nada de extraordinário uma mulher de biquini aqui, mas cara, o corpo dela... não é como as garotas que eu geralmente saio, magricelas. Ela tem curvas, ela realmente tem. Tem os peitos meio grandes, e quando ela virou de costas pra pegar o cartão com o número dela? Visão perfeita da bunda grande e redondinha dela... a vontade que eu tive de dar uns tapas foi grande, admito. Nossa, imagina aqueles peitos pulando enquanto ela senta em mim... puta merda, eu já quero ela na minha cama!

- Você poderia, ao menos uma vez, parar de pensar com a cabeça do pau?!

- Poderia, mas não quero. Eu até inventei uma desculpa pra pegar o contato dela... – Jean concluiu, tirando o cartão de visitas que Ester dera a ele, sorrindo para o pedaço de papel. - Amanhã vou vê-la novamente. Já te falei que ela é a repórter que vai fazer a matéria?

- Já, Jean. Já falou. Duas vezes. – Marco disse, mostrando dois dedos, e parecia impaciente. – Caralho, nunca te vi tão vidrado numa mulher. Agora eu quero conhece-la, saber o que ela tem tão de especial pra fazer você ficar babando por ela desse jeito.

- Basta olhar pra bunda dela, que você vai entender. Nossa, eu faria qualquer coisa pra tirar aquele biquíni verde com a boca...

- Jean, não aguento mais! Porra, meu ouvido não te aguenta mais falando dela, fora que toda vida que você fala essas coisas, minha mente automaticamente começa a imaginar, e eu não tô afim de imaginar você pelado! Vai dormir, que amanhã o dia vai ser bem cheio pra gente. Depois você pensa em formas de convencê-la a transar com você. Não deve ser difícil, as minas sempre caem nos seus pés mesmo...

- E eu espero que com ela não seja diferente! Enfim, vou indo dormir. Amanhã te encontro na administração. Boa noite, Marco.

- Boa noite, Jean. – Marco olhou para Jean, com uma expressãosarcástica, e concluiu: - E boa punheta, também.

Um Demônio no Paraíso - Jean KirschteinOnde histórias criam vida. Descubra agora