Invasão de privacidade

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Saí do bar pior do que quando cheguei lá. Saber das coisas que descobri de Jean através da amiga dele só me deixaram mais chateada, com mais raiva de mim mesma, por ser tão boba e acreditar mesmo que ele queria se redimir. Claro que não queria, claro que homens que fazem apostas sobre transar ou não com uma mulher não se dariam o trabalho de se provar diferente pra qualquer uma delas.

Entrei no quarto e caí na cama do jeito que eu estava, de roupa e tudo. Pensei em Jean, nas coisas que fizemos na noite passada, e as lágrimas quiseram rolar, mas eu mesma me parei. Disse para mim mesma que não derramaria mais uma lágrima por conta disso. Depois disso, caí num sono pesado.

Acordei no outro dia com uma leve dor de cabeça por causa da bebida, e logo tratei de tomar um remédio para melhorar. Me olhei no espelho e estava com uma cara péssima.

- Você está nas Maldivas, Ester. Deveria estar radiante. – falei, encarando meu reflexo no espelho.

Escovei meus dentes e tomei um banho no chuveiro, e assim que terminei, a campainha tocou. Um dos funcionários tinha trazido meu café da manhã. Eu agradeci e coloquei em cima da mesa. Dois minutos depois a campainha toca de novo. Abri a porta e era outro funcionário, com um arranjo enorme de rosas vermelhas.

- Ester Brown? – o rapaz que carregava as flores perguntou. Ele estava com o tronco quase que inteiro escondido detrás do arranjo de tão grande que era.

- Sim, sou eu.

- Encomenda do senhor Jean Kirschtein.

Peguei o jarro com as rosas e agradeci. Empurrei a porta com o quadril para fechá-la e coloquei o jarro em cima da mesa e depois voltei até a porta para trancá-la. Era um arranjo muito lindo, e eu amava rosas. Fiquei observando o arranjo sem ter realmente certeza do que achar do presente. Ele realmente estava disposto a fazer com que eu o perdoasse...

Ou ver o quão trouxa eu era de cair na conversa dele novamente.

Vi um cartão branco no meio das flores, e o peguei. Abri o envelope, e tirei o papel de dentro com uma marca d'água delicada do logo da empresa dele, do qual havia uma mensagem curta:


"Chocolate só após o jantar."

Jean K.


Eu ri minimamente da mensagem. Ele deve ter lembrado sobre eu ter dito que gostava de flores e chocolates. E novamente, a dúvida: será que ele lembrou porque gostou da nossa conversa e realmente prestou atenção em tudo, ou só usou dessa informação a seu favor, de maneira que me fizesse acreditar que ele se importava?

Balancei a cabeça em negação. Aquilo estava me deixando louca.

Joguei o papel em cima da mesa e me sentei. Tomei meu café da manhã, respondi as mensagens que tinham no meu celular, e mandei a foto do arranjo de flores para Annie, que gargalhou enquanto dizia que ele deveria mandar um arranjo diferente todos os dias, e isso ainda assim não seria suficiente pra convencer. Ficamos conversando por um tempo por mensagem e depois me despedi. Não queria ficar no celular todo o tempo e não aproveitar o que eu tinha ali.

Peguei o som e coloquei uma música, e decidi ficar na piscina. Observei da varanda a imensidão e a beleza do mar, que tanto me trazia paz, e a sensação de estar sozinha me deixava bem. Tirei toda a minha roupa e entrei nua na piscina. Iria aproveitar mais esse momento de liberdade e solidão fazendo mais uma coisa que eu nunca havia feito, e eu estava adorando aquilo.

Um Demônio no Paraíso - Jean KirschteinOnde histórias criam vida. Descubra agora