31 de maio
É estranho pensar que até três dias atrás eu não pensava em nada, a não ser o que eu iria fazer com a minha vida pelo tempo que me restava, e de repente Nick voltou a invadir meus pensamentos.
Nos últimos dias eu conversei bastante com ele. Claro que os seis anos em que ficamos sem nos ver não são compensados em apenas alguns dias, mas foram suficientes para conversarmos como amigos de longa data e saber o que fizemos nesses anos. Era incrível como nem parecia que ficamos anos sem nos ver.
Ainda ficaram coisas em aberto, não falamos da nossa infância – de como achávamos que éramos o amor da vida um do outro – e eu não contei sobre a doença. Os pais dele já sabiam, meus pais contaram, mas pedi para não contarem a Nicholas, pelo menos não naquele momento. Eu queria contar, e eu iria.
— Então vocês eram namorados?– Beth perguntou com uma expressão pensativa, enquanto comia um pedaço de bolo. Concordei. — Ele foi embora e vocês se reencontraram agora. Você ainda sente algo por ele? Sei lá, depois de tanto tempo, vocês se viram de repente e apareceu algum sentimento.
— Eu não sei. É confuso. — bufei, jogando a cabeça para trás na cama. — Eu nem deveria pensar nisso, faz tanto tempo.
— Ninguém nunca esquece o primeiro amor. — ela balançou a cabeça. — Você talvez não sinta o mesmo que antes, mas se tá assim é porque sente algo. E não tem problema.
— Claro que tem. — exasperei. — Eu não tenho muito tempo e isso pioraria as coisas. E mesmo que ele tivesse eu nem sei se ele sente algo ainda que não amizade.
— Não vai saber se não conversarem. — Beth deu de ombros. — Eu entendo que possa ser complicado, mas não custa tentar. E você tem que aproveitar esses próximos meses, não desperdiçar.
— O problema é, o que quer que ele sinta, se fizermos alguma coisa pra ficarmos junto vai ser pior pra ele. Eu não quero que ele fique mal por causa de mim.
— Vocês são amigos. Eram melhores amigos. — ela segurou a minha mão, em um gesto reconfortante. — Ele vai sentir de qualquer jeito, Jas.
Ela não estava errada. Eu sabia que não. Mas eu sentia que não iria ser a mesma coisa. Eu só não queria aceitar que Nicholas voltou logo naquele momento e que a minha curta vida era tão azarenta. Eu só tinha medo de como ele poderia ficar.
— Eu sei. — suspirei. — Mas eu não quero pensar nisso agora, por favor.
— Tudo bem. — Elizabeth deu um sorriso fraco. — Então vamos continuar nossa maratona de Simpsons.
— Agora?— choraminguei, colocando as mãos no rosto e olhando para a minha amida de soslaio.
Elizabeth tinha os fios longos, grossos e de um castanho escuro que caia por suas costas em ondas. Seus olhos eram tão azuis quanto o céu e seu rosto tinha uma feição angelical, bocas, olhos e nariz pequenos e delicados. Beth era muito bonita e eu não deixava de dizer isso. O óculos de armação arredondada e escura em seu rosto deixava ela ainda mais linda.
— Sim, a gente tem que terminar juntas e ainda faltam algumas temporadas. — ela pegou o controle ligando a televisão e buscando a série no catálogo.
Tínhamos combinado de assistir os Simpsons no final do ano passado e desde então assistimos tudo juntas. Iniciamos com a primeira temporada, queríamos ver desde o começo, até a mais recente e era como uma das nossas metas terminar antes do mês de setembro. O desafio era exatamente esse, ver todas as 33 temporadas completas até o começo de setembro. Gostávamos da sitcom, era divertida, então viamos mais para passar o tempo e relaxar por algumas horas.
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Uma Brilhante Estrela
Teen FictionA vida é um constante ciclo, tecido de chegadas e de partidas, de ganhos e de perdas. Jasmine era doce. Uma bela menina simpática e muito inteligente. Ela poderia ter um futuro brilhante se o universo já não tivesse traçado um destino trágico para e...