02 | destino traçado

82 7 0
                                    


Levantei rapidamente e fechei as cortinas, me afastando da janela em seguida, enquanto respirava fundo e tentava controlar os batimentos do meu coração e minha respiração rápida. Era mais pela ansiedade de reencontrar alguém que eu não via há anos, e a última vez que eu lembro de tê-lo visto eu era uma criança apaixonada.

Nicholas foi meu amor de infância, dos oito anos de idade aos doze, antes dele ir embora. Meu coração só bateu desse jeito para ele, e somente ele me fez sentir assim. Nunca gostei de ninguém ou me relacionei amorosamente, não era interessante o suficiente para os outros e eu não sentia nenhuma conexão com ninguém.

— Droga. — murmurei.

Peguei um casaco de tecido leve roxo e o vesti. Sai do quarto e desci as escadas tentando não correr.

Ao chegar lá embaixo notei a porta da entrada aberta e a casa vazia, andei até a porta e olhei para o lado esquerdo, vendo meus pais conversando com os pais de Nick. Meu pai rapidamente me notou ali e me chamou para ir até eles.

Ao respirar fundo eu me vi passando as mãos no meu cabelo cacheado. Ele sempre foi grande, mas com as sessões de quimio ele foi caindo. Eu parei há um tempo e naquele momento ele estava um pouco acima dos meus ombros, dando um volume para os cachos pretos, que em algum momento da minha vida eu comecei a amar.

Eu saí de casa devagar, em passos lentos e me preparando mentalmente para o que viria a seguir.

— Filha, acho que você se lembra deles. — meu pai diz assim que estava proxima o suficiente. — O senhor e senhora Darcy, pais de Nicholas.

— Sim, eu lembro.— murmurei e soltei um suspiro. Ao olhar para eles, dei um sorriso sutil antes de falar. — Oi, bom ver vocês de novo. Sejam bem vindos de volta.

— Você está linda, querida.– Dona Carla me abraçou.– Cresceu tanto, como você está?

Dei de ombros após ela me soltar, e cruzei os braços.

— Eu estou bem, obrigada. — tecnicamente eu não estava totalmente bem, mas não queria fazer isso ser sobre outra coisa. Em outro momento eles souberam.

— Nick tá lá dentro. — ela sorriu, apontando para porta de sua casa. — Lembro que vocês eram grudados e não se soltavam por nada. Ele sentiu saudade. Se quiser conversar com ele, pode ir.

Olhei para a porta e engoli em seco.

— Não sei se é uma boa ideia. — falei baixo, ao voltar meu olhar para ela.

— Você quem sabe, mas tenho certeza que ele sente sua falta, assim como imagino que você também. — o senhor Darcy disse.

— É. — sussurrei. Olhei para meus pais e eles assentiram com a cabeça, me incentivando. — Acho que eu posso ir dar um oi.

— Fica a vontade. — a mãe de Nicholas falou. Concordei com a cabeça e comecei a andar em direção a porta da casa em tons neutros.

Encostei no batente da porta do hall de entrada e vi Nicholas e o menino mais novo sentados em um sofá, mexendo em alguns papéis, que eu notei serem desenhos. O garoto parecia quase uma cópia da mãe, tinha os mesmos olhos escuros, os cabelos curtos e crespos e a pele negra. Ele era lindo. Enquanto Nicholas parecia uma versão mais jovem do senhor Darcy.

— Ainda pinta, hein? — falei e os dois voltaram seus olhares para mim imediatamente. Nicholas com os olhos arregalados e o mais novo confuso.

— Quem é você? — a criança perguntou com os braços cruzados, tentando mostrar algum tipo de bravura.

Uma Brilhante EstrelaOnde histórias criam vida. Descubra agora