Capítulo 1

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Pov. Ayla

Mais um dia cansativo, eu amo estudar, queria fazer só isso, mas preciso comer e pra isso tenho que trabalhar, e mais um dia estou nesse bar. As pessoas são legais aqui e me tratam bem, não tenho o que reclamar, mas alguns clientes não conseguem respeitar o espaço pessoal de cada um.
Hoje especialmente tem um que não tira o olho e não para de soltar cantadas baratas, tenho nojo disso, mas estranhamente também sinto que alguém me observa, só que não é a mesma sensação, é como se me sentisse segura, AFF que estranho. O bom é que já deu a minha hora, amanhã uma apresentação de TCC a encarar, quero acordar mais cedo amanhã pra revisar.
Saio do bar, pela entrada dos funcionários que dá em um beco escuro, quando estou saindo alguém me agarra, é o cara nojento, começo a gritar e me debater, mas ninguém aparece.
-Quieta, sua putinha desgraçada, me deixou de pau duro a noite toda.
Me apavoro e começo a gritar, ele rasga minha blusa, choro e nada acontece, quando já estou desistindo, alguém arranca ele de cima, agradeço mentalmente a quem fez isso, mas estou em estado de choque e não consigo me mexer. Vejo o homem nojento caído no chão desacordado, me alguém veste um casaco por cima e me pega no colo, não consigo fazer nada além de chorar, o estranho me põe no carro e prende o sinto. Quando ele entra no carro pergunta se estou bem, mas não consigo responder, apenas aceno. Estou em choque, não consigo raciocinar, então apago.

Pov. Matteo

Quando entrei naquele bar, me deparei com a mulher mais linda da minha vida, sabia que era a minha mulher, mas fiquei nas escuras não queria assusta-la, vi que um homem não parava de canta-la, aquilo me irritou, ainda mais quanto vi no seu rosto o medo, ela não queria estar ali, eu senti isso, quero saber tudo sobre a sua vida, por isso ligo para meu detetive e dou as instruções. Quero ela pra sempre comigo. Quando vi que ela tinha sumido, e que aquele homem também, me desesperei. Já do lado de fora, ouvi gritos, sai correndo na direção e quando me deparei com aquele brutamonte em cima dela, não tive outra reação a não ser espancar ele. Quando olhei pra minha garotinha em estado de choque, peguei minha jaqueta e a vesti, peguei-a no colo e levei para o carro. Quando entrei e perguntei se estava bem, ela só acenou, mas continuou ali, chorando em silêncio, segui para casa, não sabia onde ela morava e ela não estava em condições de ir a delegacia, então resolveria do meu jeito, meus seguranças iriam cuidar daquele infeliz. Quando cheguei em casa percebi que ela tinha dormido. Peguei-a no colo e levei para o meu quarto, a deitei e tirei aquelas roupas desconfortáveis e botei uma camisa minha nela, ficou linda.
Passei a noite acordado, e exatamente 5hs da manhã ela acordou, parecia totalmente descansada, mas quando viu onde estava, se assustou.
- Calma! - falei - Você está bem e segura, lembra do que aconteceu?
Ela fechou os olhos e respirou fundo, então abriu e respondeu.
- Sim, obrigada por me salvar - seus olhos brilharam como se fossem chorar, porém ela novamente respirou fundo, como criasse um escudo para todos os sentimentos, não se deixando abalar por nada, ela era forte.
- Onde eu estou? - perguntou
- Na minha casa, você dormiu e eu não sabia o que fazer. - então me aproximei sentando, e ela não se afastou, senti confiança pra continuar, precisava dela só pra mim.
- Desculpa por tudo isso, e eu ainda não sei o seu nome.
- Não precisa se desculpar, você não tem culpa. Me chamo Matteo, e você como se chama ?
- Ayla - respondeu envergonhada - eu sei meu nome é infantil, mas eu gosto de como ele soa.
Meu coração se encheu, eu a encontrei, eu sei é ela, minha bebê.
- Eu gosto de Ayla, combina com você. - suas bochechas ficaram vermelha, então me aproximei e segurei-a no meu colo e como um ímã ela veio, e se aconchegou, como um bebê e chorou.
- O que foi bebê? Aconteceu algo? - fiquei preocupado, mas ela começou a chorar mais - eii calma bebezinho, não precisa chorar estou aqui, nada mais vai acontecer.
Comecei a ninar, e então ela foi se acalmando aos poucos.
- Desculpa, não costumo me descontrolar assim na frente de estranhos - vestiu a mesma máscara de ontem, com mesmo olhar, mas senti o quanto estava confortável. - Que horas são? Preciso ir, tenho uma apresentação importante hoje- começou a se afastar.
- Calma, é cedo ainda, não precisa ir. Que tal um banho e um café da manhã? Acho que as roupas da minha irmã servem em você. - ela se aconchegou e me abraçou apertado e disse.
- Tudo bem. - e continuou abraçada, como se lutasse internamente, não querendo sair do meu colo, perfeita.
- Que tal um banho de banheira, nós dois bebê?! - ela apenas acenou, dengosa.
A levei até o banheiro e a sentei na pia, relutante me afastei, liguei a banheira, pus os sais de banho e tirei toda minha roupa ficando só de cueca. Puxei a sua blusa, deixando-a só de calcinha. Com um olhar perguntei se podia continuar e ela afirmou. Foi quando reparei nas cicatrizes em suas coxas, cortes e recentes.
- O que é isso? - perguntei, repreendendo-a, mas acabei a assustando - Quando se sentir a vontade você me conta, ok? - Ela assentiu.
Entramos na banheira e ela deitou em meu peito, relaxada, exalando confiança em mim.
- Tem apresentação de que? - perguntei, querendo distrai-la enquanto ensaboava.
- é o meu TCC, tá tudo pronto, mas preciso revisar. Você viu onde está minha bolsa? preciso do meu tablet pra isso, assim posso pegar um Uber e ir direto pra universidade quando sair daqui.
- Sua bolsa está na sala, então temos uma formanda aqui, se forma em que bebê?
- Engenharia elétrica, amo o que eu faço.- respondeu, orgulhosa
- eu fiz engenharia também - falei- e sou CEO da M&A Engenharia.
- sério? Queria ter feito meu estágio lá, quem passou foi a desprovida de inteligência da Catarina, que não conseguiu ficar nem 1 mês, ela só entrou pelo sobrenome. E eu com as melhores notas e várias atividades extras no currículo, não passei - falou bem chateada e com razão, eu não sabia disso, não lido com essa parte.
- Desculpa por isso, não lido com essa parte - falei, também chateado se ela estivesse lá, poderíamos ter evitado muitas coisas. Mas irei averiguar, não admito esse tipo de erro.
- Tudo bem, eu sei só desabafei. Se tudo der certo, estarei formada ainda hoje.
- Vai dar tudo certo, vamos bebê.
Saímos da banheira nos secamos e enfiamos um roupão. E partimos para o café da manhã.

Pov. Ayla

Já eram 6:30 da manhã, não sei porque, mas sinto como se Matteo me segurasse para não cair, em menos de 12hs estou totalmente dependente dele, e eu gosto disso, sempre quis alguém pra cuidar de tudo e eu só fazendo o que eu gosto. Tomar banho juntos foi tão bom, ele cuidou de mim suavemente enquanto conversávamos. Quando chegamos na sala ele me alcançou minha mochila e eu peguei meu tablet, estava sem bateria então pedi um carregador pra ele, que prontamente me ajudou, como é bom isso, pena que não vai durar, preciso voltar, mas não quero, aqui é tão bom.
Na cozinha, Matteo picou algunas frutas e fez café, amo café, mas não consigo mais tomar, a cafeína me faz mal, nem o velho chimas eu posso tomar.
- Tem suco? - perguntei-lhe- Se não tiver, tudo bem, pode ser água.
- Não toma café? - Perguntou
- Não posso, me faz mal e eu amo café.
- Por quê? - perguntou preocupado
- Não sei, só que começou a me fazer mal a algumas semanas, daí parei, acho que estava exagerado. Tô com vontade de voltar a tomar e pequenas quantidades, mas hoje não é dia de fazer experiências. - falei - As vezes eu falo demais, desculpa
- eii, tudo bem bebê, não precisa se desculpar. - me deu um beijo na testa.
E literalmente começou a me alimentar com algumas frutas, eu amo frutas, então nem reclamei, gostei.
- Eu sei que faz algumas horas que nós conhecemos, mas gostaria de ir sua apresentação, posso? - perguntou enquanto me dava um pedaço de morango.
- Pode sim, minha família não é daqui, então não vai ter ninguém.
- E de onde minha bebê veio? - isso está estranho, mas eu quero, me sinto bem.
- Interior, São José do Norte, inclusive volto pra lá no final de semana. - ele me olhou com uma carinha.
- Porque vais voltar agora? - perguntou bem triste
- Oferta de trabalho, eu não queria, mas não consegui nada aqui e não quero continuar no bar, ainda mais depois disso. Mas não vamos falar sobre isso, preciso me arrumar.
- Certo, pensei que era uma apresentação normal, então as roupas da minha irmã não servem, mas já mandei irem buscar pra você! Que tal você me apresentar seu TCC.
- Ok então, vamos - puxei ele pelo braço e fomos para sala e peguei o tablet.
Sentei ao seu lado, mas ele me puxou para sentar no seu colo, sorri, começamos a nos beijar o encaixe foi perfeito, nunca foi tinha acontecido isso.
- Você sentiu isso? - perguntei
- Sim, eu sei que nos conhecemos a pouco, e que tudo está indo muito rápido, mas eu quero isso, nós dois.
Fiquei envergonhada, não sabia o que falar, também queria, mas precisava voltar também. Sem saber o que fazer comecei a apresentar meu trabalho a ele, meu projeto foi todo embasado na minha casa, durante todo esse tempo que estive na universidade, sempre sonhei em ter minha própria casa, então juntei, no primeiro ano consegui dinheiro suficiente pra comprar um terreno na praia da minha cidade e no último ano, comecei a construir, um dos motivos de ter que ir pra lá é que preciso ver como tudo ficou e se está funcionando do jeito que eu quero. É uma casa totalmente inteligente, e com um custo bem abaixo do mercado.
- Você projetou isso tudo sozinha? - perguntou Matt surpreso
- Sim, e não ficou exatamente do jeito que eu queria, já que não tive muito tempo, mas já foi executado na minha cidade, tô louca pra ver como tudo ficou. - ele ficou ainda mais surpreso e disse:
- Trabalha no meu escritório, por favor?
- Oi? Não, já mandei meu currículo pra sua empresa e não aceitaram.
- Como assim? - Perguntou com cara de bravo, então me afastei.
- Ué simples, tu acha que depois de ter trabalhado 5 anos em um bar, as grandes empresas vão querer me contratar? Nenhuma empresa daqui aceitou meu currículo, estágio eu fiz na universidade pq ninguém quis contratar. Desculpa, mas acho melhor eu ir embora, obrigada por tudo.

Baby AylaOnde histórias criam vida. Descubra agora