Dangerously • SaiDa

Dittany

Boa leitura :)

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• Agosto, 1999 ~ Sala de Trato de Criaturas Mágicas •

A melodia harmoniosa do instrumento trouxa corria por toda sala mal iluminada, alumbrando-a com as notas graves e deixando-as se misturarem com a voz levemente aguda da lufana. Era clara a maestria da mulher com o objeto em suas mãos, as cordas eram puxadas por seus dedos com tamanha leveza que, observando-as mais de perto, seria possível admirar as ondulações que nelas percorriam. Kim carregava aquela habilidade como um de seus mais importantes passatempos desde a morte de seu pai, alguns dias após a famosa Batalha de Hogwarts. Ela via esse hobbie como uma maneira simples de acalmar suas mãos e deixá-las o mais distante possível do objeto mágico envolto em carvalho-roble.

Vez ou outra a professora de Trato de Criaturas Mágicas precisava tirar sua mente desse mundo caótico e sem fim que era viver em Hogwarts, não que a mesma não gostasse de lecionar ou até mesmo de praticar a magia livremente, mas sim de ter que andar por todo os territórios únicos do lugar e lembrar do grande amor que vivera naquela escola. Minatozaki Sana.

– Eu quero acreditar, Sana, que você não possui um pedaço ruim dentro de si. — A frase saiu facilmente dentre os lábios macios de Dahyun, contudo sua garganta parecia fechar-se para a real sentença que seu subconsciente queria gritar em plenos pulmões. — Mas aquela marca mudou você, te levou a loucura, te levou pra longe de mim, e agora você está...

A professora cessou a própria fala ao ouvir o ranger estridente da porta amadeirada e as risadas nem um pouco silenciosas de seus alunos, que adentraram o local sem qualquer consentimento. Kim tinha que admitir que sempre fora engraçada a maneira ''pra frente'' dos sonserinos, pois os mesmos eram sempre os primeiros a entrar na sala em meio a conversas incessantemente altas, e algumas vezes estragando seus livros na cabeça de grifinórios, um tanto hilário como depois de tanto tempo as casas de hogwarts permaneciam em constante desavenças.

– Bom dia a todos. — Disse a lufana enquanto guardava seu instrumento sob a mesa e ignorava as conversas simultâneas. — Senhorita Shin e senhorita Jang, nem pensem em sentar-se juntas na minha aula, a professora Mcgonagall já me informou sobre suas bocas incansáveis.

– Mas professora Kim, nós não vamos...

– Vejo que as duas esqueceram de trazer O Livro Monstruoso dos Monstros, como havia pedido na aula passada. — Pontuou Dahyun. — Então não vejo porque deixar as senhoritas sentarem juntas, quando nem mesmo estarão acompanhando devidamente a minha aula. — Concluiu, observando ambas as alunas atônicas sob sua fala. — Shin, sente-se com Choi, e Jang com Lee.

Os estudantes se organizaram rapidamente ao perceberem o semblante sério da lufana, que permanecia em pé ao lado de sua mesa. A azulada não se moveu até que apenas o silêncio reinasse na pequena sala, a professora não era do tipo mandona, mas sabia ter atitude quando precisava. A aula correu normalmente com algumas conversas alheias, que logo eram paradas pelos corvinos irritados, causando uma leve risada na lufana. Contudo uma pergunta a pegou de surpresa.

– Senhora Kim, o que são testrálios? — Perguntou Choi.

A última palavra proferida pela aluna fez com que a mais velha sentisse um longo calafrio por sua espinha dorsal, há muito tempo a mesma evitava aquela criatura, não corria mais até a floresta proibida atrás da beleza subestimada de tal cavalo, pois no fundo aquele escuro couro negro lembrava ela. Lembrava dor. Lembrava morte. Mas acima de tudo lembrava paz, mesmo que muitos não enxergassem tal sensação.

– Professora?

– Perdão, eu perdi o foco por alguns segundos. — A mais velha balançou a cabeça afastando tais pensamentos. — Testrálio é uma raça de cavalos alados.