Compromisso Selado - Completo até dia 31/10/21

Capítulo 6

Henry

Deveria ter recusado essa maldita festa. Cedo demais para exibir Júlia quando a sociedade parece desconfiar da união, achando que engravidei a coitada e precisei casar às pressas.

Bom, o lado positivo é que estar com ela ao meu lado dá pontos para que me tratem como um homem sério e de negócios, assim como meu pai sempre quis. Fora que não é nada mal desfilar com uma bela mulher ao meu lado.

Visto meu smoking no próprio ateliê em que encomendei. Estou nervoso e ansioso, e a demora dela não me ajudou muito. Diversas vezes me peguei pensando no que diabos aquela garota estava fazendo que custou a voltar para casa. Odeio as reações que ela está fazendo meu corpo ter.

Assim que volto para o apartamento, o noto vazio. A equipe já foi, então ando até meu quarto e arrasto a porta para ver se ela está preparada para ir. Então meu coração palpita estranhamente nervoso.

De costas, Júlia exibe a abertura do vestido, uma que é coberta com uma fina camada de renda transparente, — exibindo uma marca de nascença triangular na pele das costas —. O cabelo está preso e os pés enfeitados por um salto fino.

E quando ela vira para me encarar, percebo que minha boca também sente o impacto.

Porra! Ela é bonita pra caramba!

A vontade de não ir para essa festa e perder por uma causa nobre é bem tentadora.

— Você está linda. — Sussurro rouco.

— Obrigada.

Ela passa por mim e sinto seu cheiro. É doce e puro. Como pude casar com uma garota como essa? Não posso fazê-la se iludir comigo, já que não quero nada mais do que diversão com uma bela esposa. Contudo, se me aproximar dela como quero, posso destruir seu coração.

Ah! Desde quando me importo com isso?

Somos adultos e ela sabe muito bem o que quer e o que não quer. Se eu for adiante com sua permissão, não tenho que me responsabilizar com possíveis ilusões. Ela sabe os motivos do casamento. Que se dane todo o resto.

— Acho melhor a gente ir.

— Claro.

Pego minhas coisas e saímos do apartamento de braços dados. Claro, preciso ser um bom cavalheiro. Agradar e depois dar o bote.

Acabo indo com o motorista do meu pai, já que tenho pretensões de beber um pouco. Não seria prudente dirigir. O único problema é que ela vai sentada ao meu lado, com o cheiro ainda permanecendo entre nós dois e me deixando com o corpo quente.

Solto um suspiro de alívio quando chegamos e posso descer para manter uma distância segura.

Somos recebidos pela anfitriã da festa, que me envolve com um abraço apertado e gentil. A senhora Novaes é dona de uma joalheria famosa, mas simples e generosa com as pessoas que a rodeiam.

— Querido, fico muito feliz que tenha vindo. Ainda mais com essa esposa que parece mais saída de uma revista de moda. — Fala cumprimentando Júlia, que está vermelha de vergonha.

Mas quem diabos ainda ruboriza?

— Muita gentileza da sua parte. Aliás, a festa está linda. A senhora tem muito bom gosto.

— Sou Hellen, meu bem. E sinto muito não ter ido ao casamento, mas vou enviar um mimo pra você. Tenho brincos que são sua cara.

Ela troca de lugar e agarra meu braço, encostando a boca perto do meu ouvido.