Capítulo 18

4.7K 410 58
                                    

O capítulo anterior foi bem triste, chorei horrores ao escrever a cena do aborto, principalmente por Júlia ser muito sensível. Espero ter tocado o coração das leitoras também. ♥ 

***

Henry


Sentado em minha cadeira no escritório, bebo mais uma garrafa de água graças a ressaca que tem me abalado. Preciso parar de beber, evitar fugir do descontrole e da maneira de agir que só tem me feito mal.

Morar com ela foi exatamente pelo meu filho, o bebê que está na barriga da minha esposa. Contudo, tem sido difícil estar por perto e não deixar que minhas barreiras de proteção desabem.

Júlia já era linda antes mesmo de ser minha, agora com a gravidez, algo nela melhorou ainda mais. É uma luta constante chegar perto e não envolver meus braços em seu corpo, sentir o cheiro delicioso que vem dos cabelos macios e acariciar a barriga que acolhe o fruto do nosso relacionamento conturbado.

Não pude deixar de observar enquanto ela se arrumava. Foi como um breve momento de fraqueza, onde não pude deixar de sentir as reações que a proximidade com ela me causa.

Fiquei por horas enfrentando uma batalha interna contra ir e não ir ao shopping, mas meu lado coerente venceu. Não tem motivo algum para eu fazer o papel de marido quando posso muito bem comprar presentes para meu filho sem a companhia dela.

Para completar, Laís apareceu com a mesma conversa de sempre, tirando o resto da minha paciência. Avisei que tinha compromisso, que iria sair com Júlia para comprar as coisas do bebê, mentindo para me livrar dela o mais rápido possível.

Por mais que eu esteja tentado a ir, acabo desistindo e me afundando em trabalho.

— O que a Laís queria? — Meu pai pergunta assim que entra em minha sala.

Não estamos com uma boa relação entre pai e filho, o máximo de palavras que trocamos é sobre trabalho, por isso fico surpreso quando ele questiona sobre minha amiga.

— A mesma coisa de sempre.

— Ainda continua saindo com ela?

— Não. Mas não pense que isso é pela Júlia, mas porque não tenho a mínima vontade de cair na lábia de outra mulher.

A negação que vejo em seu semblante é um misto de desprezo.

— Sabia que ela está quase falida?

— O que? Laís tem muito dinheiro, pai, não é como se fosse acabar tão fácil.

Ela pode ser fútil, sem controle, mas não perderia todo o dinheiro assim. O pai deixou uma fortuna.

— Fico surpreso por perceber que, mesmo que estejam juntos há tanto tempo, não saiba muito sobre ela.

— Não estávamos juntos, nunca nem mesmo estivemos. Era sexo e nada mais.

Certo, somos amigos ou conhecidos, melhor dizendo, por longos anos, mas nunca dei muita importância para o que se passava na vida dela além do momento em que estávamos vivendo. Laís só era uma boa parceira de sexo e viagens, livre e solteira, assim como eu.

— Cuidado. Isso pode acabar mal. — Fala seriamente. — Não para você, mas sim para a Júlia. Laís não é confiável e foi enrolada por anos. Não acredite em boas intenções de uma pessoa com o ego ferido.

Ele não me dá chance para responder.

Simplesmente fica de pé e sai, deixando minha cabeça cheia de pensamentos confusos.

Compromisso Selado - Completo até dia 31/10/21Onde histórias criam vida. Descubra agora