Capítulo 12

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Henry


É sexta-feira.

Decidido a deixar de lado a mulher que tem tirado minha paz, resolvo passar um tempo no barzinho que sempre frequentei com amigos de trabalho e até mesmo a Laís. E por mais que eu esteja irritado por ela ter aparecido meia hora depois de eu ter chegado, acabo vendo vantagem em ter sua companhia. Talvez, assim, eu consiga me distrair com alguém que não seja aquela garota com olhos lindos e inocentes que me perturbam com a proximidade.

Viro o terceiro copo de chope, ainda sentindo o tédio me consumir. Era como se eu não quisesse estar aqui e sim em outro lugar, um que sei muito bem qual.

— Você vai continuar com essa cara emburrada? — Laís resmunga ao meu lado.

— Seu amigo barman devia ter avisado que além de eu estar aqui, meu humor está do cão. Sei que ele te passa todas as informações.

Ninguém mais ligaria para Laís além dele. O homem sempre nos viu aqui, como um maldito casal.

— Sabe que me preocupo com você. Por isso pedi que me ligasse quando estivesse aqui sozinho.

— Isso soa mais como uma mulher ciumenta querendo pegar no meu pé.

Peço mais uma taça gelada, que não demora a vir e nem mesmo para ficar logo pela metade.

Preciso de álcool para ficar cansado de toda essa merda e dormir sem querer pular na minha cama, exatamente em cima dela.

— Não seja um babaca, Henry! — Ralha com uma voz que me incomoda. — Não mereço ser tratada dessa forma.

— Só tive uma semana horrível.

— Por causa do casamento? Aquela garota tem colocado as garrinhas de fora?

Meu coração acelera com a menção dela.

— Só não fale dela, Laís. Não a conhece.

— Nem você. Já deu tempo, por acaso? — Debocha. — É isso, não é? Já estão íntimos demais, talvez até mesmo dormindo juntos.

— E por que não? — Lanço-a um meio sorriso.

Meu sarcasmo não é bem recebido por Laís que, surpreendentemente, me acerta com um safanão no ombro, fazendo com que eu derrame um pouco da bebida na mesa.

— Não faço ideia dos motivos que me trazem até você. Está agindo como um cretino, babaca e egoísta.

— Algo que sempre fui.

— Nunca comigo.

— Ah, Laís! Você está me saindo pior do que uma namorada ciumenta e sabe muito bem que isso você nunca foi.

Sua resposta é imediata. Ela levanta de uma vez e me deixa sozinho na mesa, refletindo sobre sua atitude.

Qual o problema dela?

Resmungo quando sinto um leve peso na consciência, jogando algumas cédulas sobre a mesa e saindo atrás dela. Preciso aproveitar a chance de me desculpar por estar descontando minha frustração em cima dela ao mesmo tempo que estou necessitando de um momento com uma mulher que não seja minha esposa.

Encontro Laís no estacionamento, visivelmente irritada, lutando com a procura pela chave do carro dentro da bolsa.

— Ei, não é para tanto também. — Falo mansamente, usando meu melhor tom que a convence sempre. — Ao invés de brigarmos, vamos aproveitar um pouco.

Compromisso Selado - Completo até dia 31/10/21Onde histórias criam vida. Descubra agora