O problema, estranho e terrível, não demorou muito para caçar Draco na manhã seguinte. O átrio do Ministério estava quase vazio de madrugada, por escolha de Draco, apesar de sua madrugada quase sem dormir, para evitar encontrar Potter. Ele passou pelo flú e saiu para o chão polido, tirando o pó de suas vestes e calças enquanto caminhava. Um olhar furtivo ao redor do amplo corredor confirmou que Potter não estava à vista. Apenas alguns trabalhadores matutinos em ternos desbotados, cada um cuidando da sua vida. Nada a temer. Draco afastou a inquietação e saiu pelo átrio, seus sapatos sociais batendo em um ritmo que ecoava agradavelmente no teto cavernoso acima.
Ecoando muito, agora que percebeu. O eco teve um eco. Quase como...
Quando Draco alcançou a fonte, ele sabia que alguém o estava seguindo.
Ele parou. Os passos que o seguiam pararam um segundo atrás dos seus. Agora ele estava pronto para isso. Potter. Ou um de seus seguidores. Alguém que queria lhe dar uma lição, sem dúvida. Uma lição que certamente envolveria punho, azarações ou ambos. Com o coração acelerado, Draco endireitou-se, destacando toda a sua estatura e tentou projetar uma certeza calma e orgulhosa. Ele seria atacado. E ele ficaria bem. Ele ficaria bem e não permitiria que ninguém visse quanto isso o feriu. Ele não permitiria que ninguém o visse desmoronar ou demonstrar medo. Ele iria manter sua coluna. Boca comprimida, sobrancelha erguida em um olhar patenteado de desdém Malfoy, Draco olhou por cima do ombro para ver seu atacante...
Era uma bruxa solitária de meia-idade? Que não estava com a varinha em punho?
Draco piscou. A mulher, apanhada no ato de segui-lo, corou e abaixou a cabeça. Com uma mãozinha delicada, ela balançou os dedos para acenar como uma saudação, e então olhou para ele e deu uma risadinha. Pego de surpresa, Draco olhou para a estranha exibição e ergueu a mão para acenar de volta. Isso a fez gritas e correr na direção oposta, seus saltos estalando no chão enquanto ela cambaleava.
Estranho. Terrivelmente estranho. O que foi isso? Lilá espalhou algum novo boato sobre ele na tentativa de "ajudar"?
Não importa. Ele tinha outras coisas com que preocupar sua mente e seu tempo. Ele sacudiu a estranha e irritante inquietação que o encontro havia causado e continuou sua caminhada.
Não, isso não era bom. Não é nada bom. Porque no momento em que ele cruzou a outra metade do átrio e se aproximou das portas altas que levavam aos elevadores e corredores dos escritórios, ele ouviu o eco novamente. Mais alto. E mais desconexo. Como se, talvez, houvesse agora várias pessoas o seguindo. E os passos eram acompanhados por sussurros e risadinhas abafadas.
Draco parou perto das portas. Todos os passos pararam atrás dele. Ele engoliu em seco e se virou lentamente.
Um bando de espectadores, incluindo a bruxa de alguns minutos atrás, estava parado a vários metros dele. Eles se agruparam e sussurraram enquanto o observavam. Todos eles o observavam. A bruxa de meia-idade que não dominava a corrida de salto alto, junto com outra bruxa e bruxo da mesma idade, um bruxo idoso usando um monóculo e vestes xadrez, um jovem auror recruta que não devia estar mais de um ano fora de Hogwarts, e um advogado de aparência bastante pomposa. Todos eles o encaravam com olhos arregalados e olhares suaves, de adoração e até timidez.
Com uma rapidez impressionante e com o medo que estremeceu a respiração em seus pulmões, Draco de repente se lembrou de tudo que havia lido naquele guia de sobrevicência sobre leões da montanha.
De todos eles, apenas o jovem auror falou. Sua voz falhou quando ele disse, "Bom dia, Draco!"
Todos eles inspiraram e pararam, agarrando-se a cada movimento de Draco, a cada batimento cardíaco.
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Sopa-pocalipse e o Grande Cataclismo de Curry
FanfictionOnze anos após a guerra, Draco Malfoy leva uma vida tranquila, entediante e perfeitamente respeitável, muito obrigado. Ou, pelo menos ele levava, até um repentino e inesperado veela fazer ele jogar sopa em cima de Harry Potter no meio do refeitório...