Capítulo 4

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Duas horas depois na segunda-feira, e uma comoção de barulho no corredor deixou Draco tenso e pronto para fugir de sua mesa.

O Sr. Caruso, todo agradável e entusiasmado, disse: "Por aqui, Sr. Potter. Fico feliz em acompanhá-lo."

"Sim, obrigado." Rápido e cortante, acompanhado por passos fortes e vestes farfalhantes, Potter o interrompeu. "Eu posso lidar com isso a partir daqui."

"Bem, se você tem certeza..." Caruso gritou atrás de Potter enquanto ele avançava com força bruta pelo corredor do escritório. "Malfoy é um dos nossos melhores analistas! Qualquer coisa que o departamento de aurores precise, tenho certeza que ele ficará feliz em ajudar!"

O que significava que Draco teve tempo suficiente para entrar em pânico, mas não o suficiente para fugir, antes que um irado e rosnador Harry Potter entrasse em seu escritório. Tensão e poder irradiavam de sua figura robusta e compacta, e suas vestes vermelhas chicoteavam atrás dele como se ele fosse um anjo vingador, em busca de justiça. Em busca de sangue.

Sangue de Draco.

Ele engoliu em seco.

"O que diabos você pensa que está fazendo, Malfoy?" Sem preâmbulos, Potter marchou direto para sua mesa. Os passos pesados de suas botas de couro de dragão brilhantes foram abafados pelo tapete decorativo de pelúcia de Draco.

E essas botas. Droga, essas botas. A maneira como elas abraçavam suas panturrilhas tão...

Não! Não é a hora. Não é o momento. Draco ergueu a cabeça para olhar para Potter elevando-se sobre ele com uma carranca, toda a energia esguia e fascinante. As ondas suaves de seu cabelo preto bagunçado pareciam quase elétricas.

Draco pigarreou e olhou para os formulários em sua mesa. "Análise tributária?"

"Análise tributária?" Potter rosnou uma risada e mudou de um pé para outro, impaciente e irritado. "Você sabe do que eu estou falando!"

Ele sabia? Draco, repentinamente corado e nervosamente sem fôlego, não tinha tanta certeza. Potter estava perto dele. Muito perto. E muito bravo. Potter bravo sempre foi uma visão tão revigorante. Como um tigre enjaulado. Como um dragão preso em correntes. Havia uma noção sobre ele de que alguma coisa, alguma restrição, estava contendo à força todo o seu poder bruto e glorioso, e Deus ajudasse todos eles se essa restrição se rompesse. Era inebriante estar tão perto de algo capaz de comê-lo vivo, sabendo que aquilo queria, mas não faria.

Potter com raiva sempre foi uma dança tentadora no fio da navalha. Perigo seguro. Não menos emocionante agora do que quando ele tinha quatorze anos e estava determinado a irritar, a desafiar.

Havia outras coisas que ele amava em Potter, outras qualidade pelas quais ele o amava, algumas delas muito melhores e mais admiráveis. Mas, caramba, foi uma surpresa descobrir que ele tinha sentido falta dessa dança deles.

Ele beijaria com força bruta assim? Iria para a cama? Ele sempre foi uma confusão de energia reprimida, mal contida? Ele alguma vez a liberou? Ele alguma vez se acalmou? Será que beijá-lo o deixaria mais em chamas ou o acalmaria?

Espera. Potter fez uma pergunta a ele. E Draco, como um completo imbecil, estava olhando para o sorriso de escárnio no lábio superior de Potter e ofegante.

"Ah! Sim. O..." Draco pigarreou e tirou os olhos da linha da mandíbula de Potter. "Incidente infeliz. Na cantina, na semana passada. Eu peço desculpas por isso. Foi um acidente estranho."

Mesmo enquanto dizia as palavras, Draco sabia que elas não iriam funcionar. Não havia nenhuma chance de Potter acreditar nele.

"Aquilo foi um acidente?" Potter o encarou, seus olhos incrivelmente verdes por trás dos óculos. "Ótimo! Posso acreditar que foi um acidente! Mas o-"

Sopa-pocalipse e o Grande Cataclismo de CurryOnde histórias criam vida. Descubra agora