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Jennie acabara com o clima, e, depois de quatro horas evitando minha casa, eu sabia que tinha que voltar e enfrentar meus pais. Então eu disse Jungkook que era melhor encarar o problema de uma vez, e a gente se despediu.

Eu queria saber se os meus pais já tinham ligado e conversado com Namjoon. Queria saber se ia encontrar um poço de histeria quando chegasse em casa. Não conseguia nem imaginar essa situação.

Respirei fundo e entrei. Estava tudo quieto. Eu não sabia se esse era um bom ou mau sinal. Atravessei o hall a caminho da sala de estar, a tevê estava ligada.

Ai, por favor, tomara que não estejam assistindo ao filme agora, pensei. Mas, quando cheguei e vi os dois sentados no sofá, minha mãe com as roupas de corretora, meu pai segurando o prato do almoço, percebi que só assistiam à programação normal.

Meu pai riu de alguma coisa.
Eu pigarreei.

— Oi. Cheguei.

Minha mãe pegou o controle remoto ao lado dela e desligou a televisão.

— Tae, você não pode sair desse jeito de novo, entendeu? Tem uma maneira certa de pedir permissão para ir à biblioteca, e não é essa.

— Tudo bem... — Olhei de um para o outro.

-— Você tem se comportado de um jeito muito diferente desde que começou a andar com aquela Lisa.

— Quê? Eu quase nem ando com ela.

— Bem, a sua nova atitude hostil coincide com a chegada dessa menina na sua vida. Quero que se afaste dela por um tempo.

Atitude hostil? Essas eram as palavras que ela sempre usava com Namjoon.

—  Não tem nada a ver com ela. Assistiram ao filme do Namjoon?
— Sim, nós vimos — meu pai respondeu.

—  E?

—  E é um trabalho interessante sobre transformação da cultura e os efeitos colaterais dessa mudança. — Ele deixou o prato sobre a mesinha de centro e sentou na beirada do sofá.

— Ele usou a nossa família como exemplo.

— E que outra família ele poderia ter usado? Ele só tem uma.

— Não sei, uma família que quisesse participar de um documentário no qual seria alvo de deboche.

— Não foi deboche. Foi só uma visão da sociedade.

—  Talvez você tenha essa opinião por não ter aparecido muito no filme. Eu apareci. E me senti ridicularizado.

Minha mãe tocou o braço do meu pai.

— Tae, lamento que se sinta desse jeito. Eu entendo, mas esperava que, depois de um tempo, você pudesse entender que a intenção não foi debochar de você.

— Bom, depois de toda a plateia ter rido de mim ontem à noite, vai ser difícil acreditar que a intenção não foi essa.

—  É um trabalho sobre a sociedade, Tae. Tente aceitar a obra como ela é.

— Então vocês não vão fazer nada? Não vão nem falar com ele?

— Já falamos. Dissemos que ele devia ter sido mais claro quando esteve em casa e falado exatamente o que ia fazer com as cenas que estava filmando, e que ele não levou em consideração seus sentimentos, mas que o trabalho foi muito bem feito. Estamos orgulhosos dele.

Engoli em seco.

— Orgulhosos?

—  Você não está?

«𝐅𝐀𝐊𝐄 𝐋𝐎𝐕𝐄»  [Em Revisão] Onde histórias criam vida. Descubra agora