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— Caso esteja interessado em saber — Lisa falou quando sentou na minha frente na segunda-feira de manhã —, eu acredito em você, e já disse isso ao
Jungkook.
— Obrigado. — Não que isso importasse. Eu não queria falar com o Jungkook nunca mais.
— Porque o Hoseok é um falso. Não sei como os amigos do Jungkook viraram esses babacas. Acho que é porque eles se conheceram muito pequenos, quando ainda eram só meio babacas. Tenho certeza de que, se tivesse conhecido o Lucas ou o Hoseok nos últimos dois anos, o Jungkook teria percebido como eles realmente são.

Eu tinha medo de que a minha voz tremesse, por isso só movi a cabeça em uma resposta afirmativa.
— Mesmo que a história do Hoseok fosse verdadeira, eu apoiaria sua decisão de sair de lá num acesso de ciúme. Eu disse ao Jungkook que a única coisa que eu teria feito diferente, se a gente tivesse ido ao teatro juntos e ele fosse falar com a ex-namorada e me deixasse plantada, teria sido socar a cara dele antes de ir embora. Por que o tonto do meu irmão continua falando com aquela garota idiota? Principalmente quando está com
alguém?

— Não foi bem assim.
— Ele me disse que te convidou para sair. O Jungkook falou que não era um encontro?
— Não.
— Ele gosta de você, Tae. Está agindo como um idiota, só isso.
— Não faz diferença. Ele não confia em mim, e eu não confio mais nele.
Considerando que essa é a base de todo bom relacionamento, acho que não temos muito mais o que esperar.

Lisa pôs a mão sobre a minha.
— Meu irmão é extremamente leal. Às vezes até mais do que deveria. A lealdade supera o raciocínio, no caso dele. O cérebro diz uma coisa e o coração diz outra. Uma vez, quando eu era pequena, ele me viu empurrar um menino e roubar o picolé dele. Eu disse ao Jungkook que o picolé era meu, que o menino o havia tirado de mim. O Jungkook acreditou e mandou o menino me deixar em paz. Lealdade.
— Entendi o que você quer dizer, mas nessa história eu sou o menino chorando porque o picolé foi roubado. Não é a mim que o Jungkook está
sendo leal.

Ela suspirou, irritada.
— Eu sei. Estou dizendo exatamente isto: ele entendeu tudo errado. Devia ter devolvido o picolé ao garoto e me ensinado a não ser encrenqueira.
Eu ri.
— Bom, isso é muito importante para mim.
— Vai falar com ele?
— Ele não quer conversar, Lisa. Ele quer a Rosé de volta. Desculpe se falhei na sua missão, mas eles que se entendam.

— Minha missão?
— É por isso que você quer que eu fale com ele. Você odeia a Rosé.
— Não dá para negar, mas não é isso. Eu gosto de você, Tae. — Ela segurou meu braço e me encarou com aqueles olhos contornados de delineador preto. — Por mais que eu tenha tentado me convencer a não gostar, gosto de você. De verdade.

As palavras dela me fizeram querer rir e chorar ao mesmo tempo.
— Também gosto de você, mas não preciso ficar com o seu irmão por causa disso.
— Você e o meu irmão combinam. Você alimenta a confiança dele, e ele diminui a sua ansiedade. Quando se encontra alguém assim, não se pode
desistir com tanta facilidade.
Eu ri.
— Obrigado, dr. Phil, mas acabou, e eu não gosto de reprises.

...

Eu não queria almoçar com os meus amigos. Não queria fazer nada além de ficar sentado na sala da quarta aula e nunca mais sair de lá. Mas levantei, pendurei a mochila no ombro e fui procurar o Jimin.
— O que aconteceu? — ele perguntou imediatamente. Naquela manhã, quando peguei carona com ela até o colégio, consegui esconder minha tristeza. Mas a conversa com Lisa havia piorado tudo. Ela acreditava em mim, o que tornava ainda pior o fato de Jungkook não acreditar. Tornava ainda mais evidente que ele devia acreditar.

— Dia ruim.
— Quer conversar?
— Não.
— É o Nam? Ainda está brigando com ele?
— Sim... Espera aí. Como você sabe que o Nam e eu brigamos? — Eu não tinha contado a ninguém, porque isso implicaria revelar a verdade sobre o filme mais constrangedor do mundo.
— A Jennie disse que viu um filme na internet.
— Ela viu? Como?
— Não sei. Talvez seu irmão tenha postado o link no Facebook. Enfim, ela falou que você estava furioso com o Nam. Achei que tivesse contado a ela. Fiquei surpresa por não ter me contado.
— Não, eu não contei a ela. — Eu não conseguia processar o que isso significava. Ela ainda estava xeretando em tudo e procurando respostas?
Ou, como Jimin, ela achava meu irmão bonitinho e o havia adicionado no Facebook?

«𝐅𝐀𝐊𝐄 𝐋𝐎𝐕𝐄»  [Em Revisão] Onde histórias criam vida. Descubra agora