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Meus pais estavam me esperando, como sempre faziam, quando Jimin eseu par me deixou em casa.
Eles tentaram me convencer a sair com eles
depois do baile, mas eu não quis. Achavam que meu desânimo tinha a vercom o fato de eu não ter sido eleito rei do baile. Talvez fosse, em parte.

Ou isso ou a constatação de que Jennie mudou seu status de carrancuda afeliz depois do anúncio do resultado.
Talvez meu humor tivesse mudado por eu não querer sentir o que sentia por um garoto idiota.

Minha mãe se esticou toda no sofá para me olhar. Demorei um instante para perceber que ela estava procurando o Kai.

- Ele não veio - resmunguei.

- Ele podia ter te acompanhado até a porta, pelo menos - meu pai falou quando me abraçou e beijou o topo da minha cabeça.

Francamente, eu não queria contar tudo que tinha acontecido naquela noite, mesmo sabendo que meus pais ficariam contentes com a notícia do fim do namoro.
- Estou cansado. Obrigado por terem esperado. - Abracei minha mãe e fui para o quarto. Tirei a roupa do baile e o deixei no chão. Vesti o pijama e, descalça, fui cumprir o ritual noturno de lavar o rosto e escovar os dentes.
Quando voltei ao quarto, me deite na cama e fiquei pensando na noite de hoje, por que ele aceitou ser meu namorado de mentira, aliás?

Amanhã todo mundo estaria comentando. Eu não precisava de ninguém com pena de mim. Como eu poderia dar um jeito nisso? Entrei no Twitter.

@: Solteiro de novo. Quem vai fazer uma festa para mim?

Pronto. Agora todo mundo ia saber que eu estava bem. Porque eu estava mesmo. Muito bem. Olhei para a tela e sentir crescer em mim o impulso de apagar aquele tuíte. Dormir. Eu só precisava dormir. Tudo ficaria melhor de manhã.

Só que não ficou.
Minha mente decidiu preencher a noite com sonhos sobre um garoto sem nome e seus motivos misteriosos.
Mesmo que eu quisesse falar com ele de novo, era um garoto a quem eu só teria acesso por intermédio de uma menina que me odiava.
Ela nunca me ajudaria a entrar em contato com seu irmão. Provavelmente ele nem queria falar comigo de novo, mesmo que eu só quisesse conversar outra vez para matar minha curiosidade.

Desci as escadas e encontrei meu pai sentado à mesa da cozinha com seu caderno de desenho.
Eu sabia que não devia interrompê-lo enquanto ele tentava recuperar um sonho perdido.
As tigelas estavam no armário atrás da cadeira dele, por isso peguei só uma banana e virei para voltar ao quarto, mas meu pai me chamou:

- Bom dia, Tae.

- Oi, pai. A mamãe foi ao mercado?

Ele assentiu. Nossa casa era como um relógio que funcionava perfeitamente. Todo mundo respeitava os horários, dizia as coisas certas e mantinha o ritmo todos os dias, sem nenhum desvio. Era bom ter essa rotina. Sentir-se enraizado em algum lugar. Seguro.

- Senta aqui e me conta sobre o baile.

- Deixa pra lá. Você está ocupado. Está no meio de alguma coisa aí.

Ele apontou para o caderno de desenho, e a atitude relaxada de alguns momentos atrás deu lugar a costas eretas.

- Não estou no meio de nada. Na verdade, acho que já passei muito do fim.

Sentei na cadeira diante dele, ciente de que ele não ia desistir enquanto não ouvisse um resumo. Além do mais, era hora de contar o que ele esperou dois meses para ouvir.

- O Kai terminou comigo.

Ele arregalou os olhos, primeiro em alegria, depois em solidariedade, tudo em menos de um segundo.

«𝐅𝐀𝐊𝐄 𝐋𝐎𝐕𝐄»  [Em Revisão] Onde histórias criam vida. Descubra agora