Capítulo 9: Aurora

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Domingo, estamos na mesa tomando o café da manhã quando minha mãe vira para mim e diz:

- Seu pai chega hoje Aurora.

- Sim, eu sei - respondo, passando manteiga em uma baguete.

Na mesa estamos somente eu e minha mãe, Henry provavelmente passou o final de semana na casa de Anthony.
Depois do café, subo para o meu quarto com a ideia de fazer algo que há tempos não faço. No meu closet pego os patins que Mizael praticamente me obrigou a comprar, dizendo que a sensação é incrível quando se está em cima deles. Vou até o quarto da minha mãe para poder avisá-la e quando entro vejo que ela não está. Percebo que em cima da sua cama há uma carta um pouco velha e amassada com as iniciais ELN. Minha mão coça para pegá-la, mas acho melhor não mexer nas coisas da minha mãe, então saio do quarto.

Procuro minha mãe pela casa inteira mas não à encontro, muito menos por Carmen, então decido falar com Luiz que com certeza se encontra no jardim da casa.

- Luiz, por favor avise a minha mãe que saí - digo.

- Como quiser senhorita - responde ele podando algumas rosas.

Estou patinando pelas ruas,
lembrando daquelas iniciais que estava na carta no quarto da minha mãe. Ando tão distraída que acabo batendo em alguém, sinto a pessoa me levantando e quando olho perco fico sem ar. O garoto à minha frente tem olhos escuros e seu tom de pele é moreno clarinho e o que mais me chama a atenção são seus cabelos que
roxo e branco.

- Foi mal, você se machucou? - pergunta.

- Não, estou bem - digo.

Ele aponta para o meu cotovelo que está sangrando.

- Tudo bem, me machuquei - digo um pouco sem graça.

Ele faz sinal com que eu espere e logo depois volta com um curativo.

- Me dê seu braço - diz ele.

Estendo e ele resolve o problema.

- Me desculpe por ter batido em você - diz ele envergonhado.

- Sem problemas, eu que estava distraída - respondo.

- Estava mesmo! - afirma ele rindo.

Logo depois olho para o relógio e decido ir embora.

- Bom, me desculpe, a propósito me chamo Aurora e preciso ir - digo.

- Prazer, Zion - estende a mão - Nos vemos Aurora.

O cumprimento e vou embora. Quando chego em casa, ouço uma voz diferente vindo da sala e quando vou até lá vejo que é o meu pai. Coloco os patins no chão e corro até ele pulando em seus braços. Sinto uma onda de emoções em seu abraço e sem querer ele aperta o meu machucado.

- Ai - resmungo.

- Tudo bem filha? O que é isso? - pergunta ele, olhando para o meu cotovelo.

- Não é nada, apenas me ralei enquanto patinava.

- Já disse para você tomar cuidado com essas coisas - responde minha mãe com um tom de desaprovação.

- Tudo bem, isso não é motivos para discussões - responde meu pai.

Depois de um bom tempo
conversando sobre o que aconteceu enquanto meu pai estava fora, ele vai para o seu quarto descansar, junto com a minha mãe. Realmente a viagem deve ter sido exausta e cansativa. Depois de um tempo o guarda-costas do meu pai aparece com alguns papéis nas mãos.

- Oi Cristian - digo.

- Senhorita Aurora, seu pai pediu para guardar esses documentos - responde ele.

O acompanho até o escritório e quando ele sai decido ligar para o meu irmão, já que todas as tentativas pelo meu celular não deu certo. Quando saio do escritório, encontro com Henry entrando pela porta da frente.

- Por onde andava - pergunto.

- Por aí por quê?

- Papai chegou de viagem!

- Quando?

- Hoje mesmo, deve estar lá em cima.

Minutos depois Carmen chega nos avisando que nosso pai quer jantar conosco fora. Henry sobe para o seu quarto dizendo que vai tomar um banho. Sei que há algo lhe incomodando, mas decido perguntá-lo depois e também vou para o meu quarto atrás dele.

******
7:00 da noite, estamos indo jantar no restaurante Carmine's o que mais frequentamos em Nova York. Enquanto estamos jantando meu pai decide perguntar:

- Então Aurora, já decidiu sobre a faculdade?

Quando estou prestes a responder a sua pergunta os pais de Bia se aproximam e meu pai os convidam para se sentarem com agente. Eles começam a conversar sobre negócios e o resto da noite passa rápido. Quando chegamos em casa vou direto para o meu quarto, inventando que estou com muito sono. Pego o meu notebook onde se encontra um recado dizendo que os resultados da faculdade saíram somente no sábado, o que significa que tenho uma semana para conversar com os meus pais. Naquela noite não penso em mais nada, lembro apenas do que aconteceu hoje mais cedo, quando conheci aquele garoto com um nome bem diferente: Zion.

Sei que os meus pais ficaram desapontados comigo quando contar para eles o que decidi sobre a faculdade. E também imagino como irão reagir, mas como eu disse, pela primeira vez na vida irei conquistar algo por mérito meu. Coloco os fones de ouvido e dou play na minha playlist favorita. Escuto cada música, em algumas eu até me identifico e depois de alguns minutos, finalmente caio no sono. O meu sonho é mais como uma lembrança: me vejo no local que conheci aquela senhora, eu indo a festa procurar pela Bia, eu indo para a biblioteca com o Mizael e inclusive eu esbarrando em Zion.

Pelo visto muita coisa há de acontecer. Que a semana passe direto e que eu me prepare para o que está por vir.

A LUA QUE ME FEZ BRILHAR Onde histórias criam vida. Descubra agora