┊ 𝟬𝟱. Cartas Pt1

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A BOCA DE ELISA ERA BONITA, bonita demais para não ser beijada. Porém havia outros assuntos pendentes os quais Chishiya deveria se preocupar no momento, o jogador teria uma reunião mais tarde, em poucos minutos se dirigiria a sala mestre da praia — mesmo que ele quisesse muito pensar nos lábios da novata agora.

— Kuina, não começa. — O loiro/platinado riu sabendo do que as garotas falavam, transparecendo desinteresse no assunto.

O amor sempre foi uma besteira para Suntaro.

Tudo bem, o amor não é algo tão distante assim do rapaz. Ele já amou algumas vezes, porém as pessoas às quais ele se permitiu ter tal sentimento lhe decepcionaram de forma estrondosa por muitos sentidos. Desde o amor de pai que nunca recebeu, mesmo que sentisse aquilo pelo progenitor, até um coração partido pela garota que lhe desprezou perante sua maior insegurança na época.

No Japão, assim como em qualquer outro país é natural que exista um padrão qual as pessoas devem seguir, Chishiya não estava nesse padrão, o que acarretava um bullying sobre si espalhafatosamente, forma que, não conseguisse conversar sutilmente com alguém sem se diminuir. Isso trazia outras consequências, como ser esquecido e não mais amado como um dia foi.

O único amor que Suntaro tinha vivido sem decepções fora o amor materno, pois todos os outros lhe atraíram em seu passado.

Já Elisa, sequer, tinha um passado.

Não que o relacionamento de seus pais fossem flores e perfumes à todo momento, porém a fantasia apresentada à garota sobre o que é o amor e o "príncipe encantado" foram pontos importantes para que Lis só reforçasse em sua cabeça a ideia sobre um sentimento perfeito, e que este seria o amor.

Mas nenhum sentimento é perfeito, se pessoas não são, por que seus sentimentos deveriam seguir a linha?

Em Borderland Chishiya costuma ser visto zombando, como se desacreditasse de tudo mesmo quando está com raiva, a menos que se torne emotivo por alguma grande tragédia. Situações pesadamente intensas ou horríveis quase nunca o fazem vacilar. Ele controla seu próprio emocional sempre que pode, em uma habilidade que você não iria querer conhecer.

Manipulador, nenhum pouco confiável depois de tantos baques.

Portanto, duas pessoas que se amam através de afinidades, compatibilidade, confiança e empatia nunca foi algo realmente impossível em sua visão, pois ele entende sobre os sentimentos humanos — mesmo que os reprima ao máximo — mas a forma como aquele mundo esquizo tratava aquilo era caóticamente intrigante.

Além de não confiar inteiramente em outro amor que não seja o materno, ele acreditava que simplesmente deixar de ser uma versão 2.0 de um dautônico não eram motivos suficientes para saber que ama alguém. O que é uma verdade.

Amar alguém significa muito mais que simplesmente enxergar cores.

Em Borderland, vê-las, mostra apenas quem está destinado a ficar com você. Mas isso nunca significou que esses amantes realmente ficariam juntos no final. Estarem destinados é diferente de estarem apaixonados.

E darem certo.

Para alguns jogadores, as Terras de Borderland são uma situação de vida ou morte, mas para ele os jogos são apenas jogos simples. A verdade é que Suntaro não tem vontade de viver, não sabe o que está vivendo e só se interessa em finalmente encontrar alguém lhe desperte algum tipo de adrenalina no tempo que, infelizmente, estivesse vivo. Depois da morte de sua mãe, ocasionada pelo próprio pai, sua única motivação de vida foi embora.

E só se distanciou com a chegada em Borderland.

Quando se olharam, Chishiya percebeu a visão apaixonada de Elisa. Não mentiu a si mesmo e assumiu ter gostado daquele olhar, porém atentou-se a sua missão para com a garota parcialmente desconhecida.

+𝟭𝟲. Copas Nunca Foi Seu Naipe [2024]Onde histórias criam vida. Descubra agora