No Smiles :( [L. S.]

04

Louis não disse nada, assim como Harry. Ambos estavam confortáveis demais com o silêncio, para dispersar palavras vazias. Tomlinson parecia nem ao menos se importar com a presença de seu professor, professor este que não é muito famoso por sua simpatia. Styles era um enorme mistério na vida das pessoas, ele chegava na sala de aula, dava as orientações sobre o conteúdo e apenas. Sua vida social era algo que atiçava a curiosidade dos alunos. "O que o professor fazia fora da escola?".

Styles sabia que causava alvoroço, ele se divertia com isso, porque pelo menos na cabeça de seus alunos, sua vida é interessante.
Sua vida era resumida em dar aulas, era sua única prioridade, bom... ultimamente, também tinha sua curiosidade com seu aluno, ele podia contar nos dedos de uma mão só, o que sabia sobre Louis, ele nunca havia se interessado na história de nenhum de seus alunos, o que tornava Louis ainda mais especial.

Louis tinha uma média alta, não era muito sociável, embora tivesse afinidade com a maioria dos colegas, não fazia nenhuma oficina, o que era estranho, já que ajudava para conseguir uma bolsa para faculdade.

O garoto era um poeta, foi a última coisa que Harry descobriu, ao olhar de canto de olho para o que o garoto ao seu lado escrevia. Sua linguagem era informal, mas sentimental, parecia mais um desabafo do que qualquer outra coisa, seus versos eram ritmados mas poderia facilmente, ser algo escrito em um diário de um suicida.

Pour mercy, mercy on me
Set fire to history
I'm breakin' my own rules
I'm cryin' like a fool
Tall stories on the page
Short glories on the fade
I been close enough to touch
But I never cared for love

Tomlinson era um mistério. Um mistério estigante o suficiente para atrair Styles.

Na quarta feira Harry teve aula com a turma de Louis, estava muito distraído tentando interpretar a noite anterior. Tomlinson se foi em silêncio, não fazendo barulho maior que sua respiração, não deu adeus e foi embora em passos leves.
Harry explicou sobre o conteúdo, se sentando enquanto seus alunos faziam um leitura do livro. Um aluno ou outro poderia estar usando o celular, mas surpreendentemente Styles não percebeu, já que seus olhos estavam em Louis. Louis lendo enquanto mordia o lábio e franzia a testa. Uma doce criatura.

Não tiveram um contato durante as aulas, Louis estudava e Harry ensinava, apenas isso. Durante a semana, Styles continuou indo ao parque todos os dias, somente para tentar encontrar coincidentemente com seu aluno, não obteve êxito.
Inconscientemente Styles está se tornando do um stalker.

No sábado, o clima se tornou chuvoso, impedindo Harry de ir ao parque, o homem ficou boa parte da noite olhando pela janela, vendo as gotas de chuva caírem e formarem desenhos aleatórios na janela, Styles gostava de chuva, era como se os problemas fossem lavados, como se renovasse algo dentro de si.
Mesmo estando concentrado na tempestade lá fora, Styles não conseguia evitar pensar, o que Louis poderia estar fazendo...

Se ficasse em casa, era provável enlouquecer com seus pensamentos, então levantou, pegando o carro que usava apenas em algumas ocasiões, afinal, gostava de andar. Ligou a ignição e dirigiu sem rumo, talvez acabasse em uma boate ou na cama de alguém, estava torcendo por isso.

Dirigia pelas ruas conhecidas, passando na rua do parque, apenas para ver o vento dançando entre as árvores.
Parou em uma das vagas que tinha ali, deixando o farol ligado e os limpadores desligados. Aproveitando o modo como aquilo parecia o acalmar.

Talvez Harry estive tendo uma miragem, quando viu Louis sentado em um bando perto da calçada.
O garoto estava visivelmente alterado, tinha as mãos no rosto e o corpo curvado, quando levantou a cabeça, seu belo rosto repleto de dor estava virado para Styles.

Styles estava ficando louco ou estava sendo perseguido.

Azul e verde se conectaram mesmo na chuva, os dois presos no mundo conturbado um do outro. Um pedido silencioso de ajuda, que gritava.
Harry se virou, encontrando sei guarda-chuva, ele saiu do carro e abriu o mesmo, correndo até Louis. Quando estava próximo o suficiente, o cobriu mesmo que inutilmente, já que o menino estava encharcado.

— Vamos.

Styles sussurou, oferecendo a mão para Louis, o garoto olhou para ele como se estivesse vendo um anjo ou alguma divindade.
Tomlinson pegou sua mão, levantando do banco inconscientemente indo para mais perto de Styles.

Styles levou o garoto para seu carro, abrindo a porta para ele, Louis entrou e se encolheu, tremendo os queixos por frio. Ele estava se sentindo tão pequeno e frágil, somente queria se abraçar e sumir em si mesmo.
Harry entrou no lado do motorista, ficando em silêncio, o barulho da chuva sendo acompanhado pelo barulho de suas respirações.

Ficaram bons momentos ali, apenas aproveitando aquele momento, eles estavam presos em algo que não sabiam identificar.

Harry ligou o carro, dando ré e saindo da vaga, indo para seu apartamento. Aquilo era extremamente imoral, mas era óbvio que não levaria o menino para onde estava indo e também, era óbvio que Louis fugiu de casa.

Tomlinson não fez nenhuma pergunta, o que surpreendeu Harry, já que estava levando o garoto para um lugar que ele não sabia onde era, talvez Tomlinson tivesse mais problemas do que o imaginado.
O caminho foi extremamente silencioso, não era desconfortável...apenas era... normal.

Quando estacionou em sua vaga na garagem, saiu para abrir a porta para Louis, o menino saiu e se escolheu ainda mais se fosse possível. Harry pôs a mão não fim de sua coluna, guiando o menino para o elevador. Louis estava confiando cegamente em seu professor.

Apertaram o botão para o último andar, indo para a cobertura, Harry abriu a porta e ainda com a mão nas costas de Tomlinson, guiou o menino para dentro.

— Não encoste em nada, não quero que molhe meu apartamento.

Harry disso, indo para o corretor e deixando Louis sozinho na sala. O garoto não gostou do tom que foi usado com ele.
Quando Harry voltou, tinha uma toalha e uma muda de roupas.

— Você vai tomar um banho e me dizer o que tava fazendo no parque. Entendeu?

Harry entregou a roupa para Louis, que acenou como se não tivesse outra escolha.

A única dúvida, era se falaria ou não a verdade.