Menos um olho e o fundo do poço.

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Uma visão turva e desnorteada, acordava com o som agudo e continuo do apito da maquina de batimentos cardíacos.
   Sua respiração doía, seus pensamentos latejavam, e sentia algo enrolado em seu rosto.  A criança olhou assustada por aquele quarto azul e branco, e , com seu cabelos castanhos e pele bronzeada percebeu.
- Eu... O que aconteceu?..- Aquele lugar cheirava a álcool em gel e seringas de plástico, na mesa bem a seu lado viam um vaso de flores, um cartão e um celular.
- Eu to viva!- Disse com animação e um leve pulinho sentindo o soro puxar seu braço, era quase um grito dando uma leve pontada no cérebro. 
Então ela sentiu a faixa desprender-se de sua cabeça, e por curiosidade, e um pouco de vaidade, quis ver sua aparência. Procurou em volta se algo se parecia com um espelho, janelas, portas de vidro, o monitor, mas nada não tinha luz suficiente para enxergar através da tela, a janela era de madeira e porta não tinha vidro. Virou então para o vaso e o celular. Com um certo esforço se esticou para alcançar a mesa e finalmente podia ver seu rosto. 
O grito que soltou podia ser ouvido a quatro quarteirões dali, pareceu que bilhões de facas tinham cortado seu corpo.
         "Era um bonito fim de tarde, o céu laranja e rosa com as nuvens colorindo toda a imensidão, via-se uma garotinha, mais ou menos uns 12 anos, segurando muitas sacolas enquanto passava por um bairro totalmente inseguro para se estar sozinha, mas, ela não se importava com isso o caminho era o mesmo em todos os dias de sua vida, não tinha nenhuma razão para seguir outro.
Ah, um erro bobo, em um dia bonito custaria tão caro.
 Já chegando em casa, em uma rua sem saída com muitas árvores e uma estrada de pedras, havia alguns carros abandonados e alguns que não eram mas pareciam por faltarem alguns pedaços. 
  Tão distraída com o céu começando a escurecer, não percebeu dois carros novos perto das velharias. Um confronto. Quando se deu conta com seus olhos vermelhos e estrelados, estava no meio de balas e gritos, dois homens mascarados trocavam tiros com a polícia enquanto corriam, em meio a um leve desespero jamais pensou que estaria no meio daquela situação, porém, sem tempo para pensar suas pernas e cauda começaram correr . Sem perceber ela tentava dar a volta pelos carros.
     Infelizmente um dos policiais a viu tentando correr com vários pacotes, sem perguntas nem avisos, sem pensar nem se dar conta de esperar, atirou. A garota parou, paralisou sentindo a bala enterrar em seu olho esquerdo, sangue, ferro, escuro. Desmaiando ouvindo os gritos de sua mãe enquanto uma poça se formava a sua volta."
     
O celular estava quebrado no chão, a agulha do soro estava pintando a cama de vermelho, várias enfermeiras tentavam segura-la a força para que se acalma-se. Lissie, a sanidade lhe faltava, aberração foi oque sua mente berrou ao se enxergar. "Não! Não é possível! Digam que isso é um pesadelo horrendo! Digam que é falso. Eu quero meu rosto de volta!" 
As enfermeiras já não sabendo o que fazer para acalmar aquele ser fora de si, lhe anestesiam até que seu juízo se recupere.

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⏰ Última atualização: May 21 ⏰

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