Diário de uma prostituta II

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Capítulo 6.

Fernando narrando

Meu pai e minha mãe se conheceram em um período muito difícil da vida dos dois, ela teve que fugir de casa pois sofria abusos do ex marido, e meu pai havia acabado de perder tudo em um incêndio. Ambos estavam passando por sérias dificuldades e em uma entrevista de emprego se conheceram, mas apenas um dos dois ficaria com a vaga. Segundo eles me contavam, foi amor a primeira vista, no mesmo dia que saíram da entrevista de emprego, resolveram tomar um café juntos para se conhecer melhor e desde esse dia não se separaram nunca mais.

-Seu pai parece ter sido um homem incrível.

-E ele é Luíza, pode acreditar.

-Então porque ele ficou assim?

Depois desse dia do café eles resolveram que iam investir em um negócio próprio, então começaram do 0, minha mãe era muito boa com artesanato, e meu pai muito bom em pintura, então eles uniram o últil ao agradável, minha mãe produzia vasos e meu pai pintava, e várias outras coisas que fizeram juntos. Até que juntaram bastante dinheiro e construíram essa casa aqui, com o suor do trabalho deles.

-E o que aconteceu com a sua mãe?

Bom, depois de 1 ano juntos minha mãe descobriu que estava grávida, ai a felicidade dos dois ficou completa, se não fosse pelo fato da minha mãe ter perdido o bebê com 2 mêses de gestação, entrado em depressão. Ela sofreu muito com isso, mas não demonstrava porque não queria ver meu pai triste, eles queriam aquela criança. Daí eles resolveram me adotar,  minha mãe biológica me deixou em um orfanato porque era usuária de drogas, e preferiu me dar a adoção do que largar aquela vida. Minha mãe e meu pai me adotaram, eu amei eles desde o primeiro momento que foram me visitar.

-Quantos anos você tinha?

Eu tinha 7 anos de idade, me lembro até hoje do dia que cheguei aqui, nesta casa. Fui recebido com tanto amor que esqueci tudo de ruim que passei com a minha mãe verdadeira. Decidi que ia estudar e dar muito orgulho pra eles, pra fazer valer todo amor que eles me deram quando cheguei aqui. Minha mãe e meu pai não mediram esforços pra que meu sonho de ser delegado Federal fosse realizado, então com 18 anos eu praticamente já havia conquistado meu sonho.

-Uau. Tô espantada!

Mas a minha mãe descobriu uma doença, que foi debilitando ela aos poucos, meu pai cuidava dela dia após dia, incansavelmente, nem por 1 segundo ele pensou em deixá-la. Até o dia que ela se foi, e mais ou menos dois meses depois meu pai começou a esquecer pequenas coisas, como por exemplo, a chave do carro, ou então de desligar o fogo. Coisas comuns que até mesmo nós esquecemos, mas ai o tempo foi passando e ele foi piorando, não lembrava mais o caminho de casa, foi esquecendo as pessoas, e eu prometi que cuidaria dele até o dia que ele partisse, e assim estou fazendo, mesmo que ele só lembre de mim as vezes.

-Que história em... Eu sinto muito pelo seu pai. De verdade!

-Eu sei. Agora vamos comer porque eu tô morrendo de fome.

-Fernando espera.

-Diga.

-Você já amou alguém?

-Já sim, mas preferia não falar sobre isso pode ser?

-Tudo bem.

- Vamos comer pra eu te levar em casa.

-Tá bom.

-Eu gostei de conversar com você Luíza.

-Eu também Fernando...

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