Diário de uma prostituta II

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Capítulo 44.

1 mês depois...

Tudo o que eu estava vivendo com o Fernando era simplesmente incrível, ele fazia eu me sentir a mulher mais especial do mundo. Depois de tudo o que aconteceu, ele não quis mais morar na casa que herdou dos pais, mas também não quis morar comigo.

-Eu prefiro ficar em um apartamento alugado até lá, nós ainda não nos casamos e eu não acho isso certo.

Ele estava há um mês morando nesse apartamento, e estávamos há um mês sem fazer nada pois ele queria se guardar pro casamento, já estava pirando com saudades dele mas também achei que deu uma emoção a mais pro nosso relacionamento. Falando em casamento, hoje é o grande dia e estou aqui me arrumando, me arrumando e me lembrando do meu primeiro casamento, que foi na maternidade onde o João Lucas nasceu. Que loucura, se a Camila estivesse aqui viveria esse sonho junto comigo. Estava terminando de me arrumar, tão ansiosa que meu coração parece que ia dar um salto e quando eu finalmente terminei, chorei de emoção.

-Oh mãe, você tá tão linda...

-Ah filha, muito obrigada. Cadê seu irmão já tá pronto? Vamos? Vocês dois vão entrar de braços dados comigo na igreja né.

-Claro que sim.

Terminei de me arrumar e me olhei no enorme espelho do meu quarto, um vestido longo, tomara que caia, branco e rendado mas não transparente. No pé uma rasteira e nos cabelos um lindo penteado, no rosto uma maquiagem não exagerada.

-Mãe, você vai sozinha no carro, mas só vai sair de lá quando eu der o sinal pra você, o Fernando contratou um motorista pra levar você. O Augusto vai entrar segurando as alianças, e eu e o Thiago vamos entrar de braços dados com você.

-Por favor não demorem.

Dei um último abraço neles, e assim que entrei no carro tive uma sensação um tanto quanto estranha.

-Boa tarde, moça.

-Boa tarde. Estranho, eu tenho a impressão que lhe conheço de algum lugar...

-Acho difícil, pois não morava nessa cidade, na verdade eu fiz besteira demais nessa vida e acho que chegou a hora de consertar, na verdade eu queria fazer isso mas não sei por onde começar.

-Que tipo de besteira?

-Varias, inclusive destruí minha família.

-Qual cidade você morava?

-Interior de Goiás.

-Eu também era de lá... Espera, eu acho que eu sei dá onde eu tô te reconhecendo...Para esse carro agora!

-O que foi moça?

-Adriano, é você né?

-Como você sabe meu nome?

-É porque eu sou a Luíza, a filha que você abusou na infância e que teve que fugir de você pra não morrer e nem deixar que a própria irmã sofresse o mesmo. Por sua culpa eu morei anos na rua, cuidei da minha irmã sozinha e tive que fazer coisas que eu não queria pra poder sobreviver.

Nesse momento ele ficou calado, pálido e não disse nada, não tinha coragem de me encarar apenas começou a chorar, me pedindo desculpas e mais desculpas e nesse momento eu não sabia o que fazer, no dia mais importante da minha vida aquilo não deveria acontecer. Aquele homem tinha me feito sofrer demais, não sei se eu conseguiria perdoa-lo depois de tanto tempo.

-Você estragou a minha vida, estragou a vida da minha irmã. Eu não sei se eu consigo te perdoar, só me deixa lá na igreja e um dia quem sabe a gente conversa. Um dia que eu esteja pronta e que esse assunto não vá me machucar.

-Você é quem sabe, mas apesar de tudo eu fiquei feliz de rever você. Durante muitos anos eu fiquei me perguntou por onde vocês andavam e se estavam bem. Eu sabia que você tinha fugido por minha causa, durante muitos anos me culpei por isso mas agora que vejo você aqui, bem, prestes a se casar com um homem que eu sei que é bom fico feliz. E a sua irmã? Como vai?

-A minha irmã morreu, já tem uns anos. Mas isso não te diz respeito, afinal você nunca quis ser nosso pai.

Ele nada disse, apenas seguiu e quando chegou na igreja eu desci e ele seguiu, tentei não demonstrar mas aquilo me abalou de uma tal forma que eu fui ficando fraca, e desmaiei, prestes a entrar...

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