Capítulo 3

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Quando chego ao lado de minha vó a primeira coisa que entra em meu campo de visão são várias panelas e caixas com objetos jogadas no chão do alpendre (pelo visto, minha vó guardava várias caixas e panelas nesse lugar). Depois, uma pessoa bem pequena sai do tumulto de panelas, ela era realmente pequena para ter ficado no meio das panelas.

A garota olha para mim depois de tirar algumas panelas de cima dela, abre um pouquinho a boca pequena e fica olhando intensamente para mim. Depois de uma eternidade (ou dois segundos) ela sorri para mim. E meu Deus, essa foi a cena mais fofa que já vi em toda a minha vida.

A menina tem a cor meio parda ou um negro mais claro, já que na luz ela realmente parece parda. Seus cabelos são cacheados bem escuros e estão prendidos no estilo de Maria Chiquinha, com um rabo de cavalo em cada lado do cabelo. E seus olhos são castanhos, mas parecem um pouco mais claros porque brilhavam por conta do sol ou porquê está se divertindo com a situação? Vou na segunda opção.

- O que você está fazendo aqui, Brenda?! – Pergunta minha vó ao chegar aos poucos perto dela.

Então essa é a Brenda. Nunca tinha ouvido falar de uma garota com esse nome por aqui, principalmente se fosse uma criança.

A garotinha continua olhando para mim e coloca um dedo na boca. Meu Deus, eu vou roubar essa garota para mim! Se ela não tiver mãe, realmente vou roubar. Talvez ela caiba na minha mala para a Irlanda...

- Você já iria arrumar uma brincadeira para essa avó aqui, né?! Garota sapeca! – Diz minha vó que tira o resto das panelas de cima da menina e a pega nos braços. – Ou estava escutando a nossa conversa? Que coisa feia! – A garota continua olhando para mim e começo a achar estranho. Sei que sou bonita, ops, linda, mas não é para tanto.

- É vo... Você. – Diz a Brenda bem baixinho ao direcionar seu olhar para o chão, como se tivesse envergonhada.

- Eu? Ou... – A minha vó começa, mas interrompe a si mesma. Então, ela olha para mim também. – Ah! Claro. Tinha que ser isso para ela se esconder no meio das panelas.

Olho para minha vó sem entender, mas ela apenas solta um riso fraco e coloca a sua mão no queixo de Brenda, fazendo-a olhar para mim.

- Essa é a Linda. Linda, Brenda.

- Oi! – Digo sem pensar. Fazia tempos que eu não falava com uma criança, não sabia exatamente o que dizer.

Brenda continua olhando para mim com seu dedo na boca, fazendo-me babar de amores por ela, mas ela apenas sorri para mim. Pelo visto, ela tinha o estilo de ser calada.

- Prazer em conhece-la também. – Continuo.

Seus cabelos voam na cara de minha vó quando ela vira a cabeça para olhar algo além do alpendre (como se quisesse fazer algo errado e tivesse conferindo se alguém está olhando) e depois minha vó sente novamente mais um soco dos cabelos dela porque ela olha para mim.

E a coisa que eu mais queria acontece.

Brenda sorri e tira sua mãozinha da boca para estender os dois braços no ar, como se pedisse para ficar nos meus braços. E ela confirmar mais ainda ao dizer:

- Oi!

Pego-a nos meus braços imediatamente e vejo no canto dos olhos que minha vó está sorrindo, parecendo bem emocionada com a cena. Eu também estou. Não tinha como não está com essa preciosidade fofa nos meus braços.

- Oi! – Digo com um sorriso sincero, o primeiro que dou desde que cheguei nesse fim de mundo.

- É você! – Ela diz e começa a tocar várias partes do rosto. Começando pelo meu cabelo, depois testa, seguindo para a lateral dos meus olhos, bochechas e, por fim, queixo. – Você é mais bonita do que falaram. – E põe novamente a mãozinha na boca.

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