Quando chego ao lado de minha vó a primeira coisa que entra em meu campo de visão são várias panelas e caixas com objetos jogadas no chão do alpendre (pelo visto, minha vó guardava várias caixas e panelas nesse lugar). Depois, uma pessoa bem pequena sai do tumulto de panelas, ela era realmente pequena para ter ficado no meio das panelas.
A garota olha para mim depois de tirar algumas panelas de cima dela, abre um pouquinho a boca pequena e fica olhando intensamente para mim. Depois de uma eternidade (ou dois segundos) ela sorri para mim. E meu Deus, essa foi a cena mais fofa que já vi em toda a minha vida.
A menina tem a cor meio parda ou um negro mais claro, já que na luz ela realmente parece parda. Seus cabelos são cacheados bem escuros e estão prendidos no estilo de Maria Chiquinha, com um rabo de cavalo em cada lado do cabelo. E seus olhos são castanhos, mas parecem um pouco mais claros porque brilhavam por conta do sol ou porquê está se divertindo com a situação? Vou na segunda opção.
- O que você está fazendo aqui, Brenda?! – Pergunta minha vó ao chegar aos poucos perto dela.
Então essa é a Brenda. Nunca tinha ouvido falar de uma garota com esse nome por aqui, principalmente se fosse uma criança.
A garotinha continua olhando para mim e coloca um dedo na boca. Meu Deus, eu vou roubar essa garota para mim! Se ela não tiver mãe, realmente vou roubar. Talvez ela caiba na minha mala para a Irlanda...
- Você já iria arrumar uma brincadeira para essa avó aqui, né?! Garota sapeca! – Diz minha vó que tira o resto das panelas de cima da menina e a pega nos braços. – Ou estava escutando a nossa conversa? Que coisa feia! – A garota continua olhando para mim e começo a achar estranho. Sei que sou bonita, ops, linda, mas não é para tanto.
- É vo... Você. – Diz a Brenda bem baixinho ao direcionar seu olhar para o chão, como se tivesse envergonhada.
- Eu? Ou... – A minha vó começa, mas interrompe a si mesma. Então, ela olha para mim também. – Ah! Claro. Tinha que ser isso para ela se esconder no meio das panelas.
Olho para minha vó sem entender, mas ela apenas solta um riso fraco e coloca a sua mão no queixo de Brenda, fazendo-a olhar para mim.
- Essa é a Linda. Linda, Brenda.
- Oi! – Digo sem pensar. Fazia tempos que eu não falava com uma criança, não sabia exatamente o que dizer.
Brenda continua olhando para mim com seu dedo na boca, fazendo-me babar de amores por ela, mas ela apenas sorri para mim. Pelo visto, ela tinha o estilo de ser calada.
- Prazer em conhece-la também. – Continuo.
Seus cabelos voam na cara de minha vó quando ela vira a cabeça para olhar algo além do alpendre (como se quisesse fazer algo errado e tivesse conferindo se alguém está olhando) e depois minha vó sente novamente mais um soco dos cabelos dela porque ela olha para mim.
E a coisa que eu mais queria acontece.
Brenda sorri e tira sua mãozinha da boca para estender os dois braços no ar, como se pedisse para ficar nos meus braços. E ela confirmar mais ainda ao dizer:
- Oi!
Pego-a nos meus braços imediatamente e vejo no canto dos olhos que minha vó está sorrindo, parecendo bem emocionada com a cena. Eu também estou. Não tinha como não está com essa preciosidade fofa nos meus braços.
- Oi! – Digo com um sorriso sincero, o primeiro que dou desde que cheguei nesse fim de mundo.
- É você! – Ela diz e começa a tocar várias partes do rosto. Começando pelo meu cabelo, depois testa, seguindo para a lateral dos meus olhos, bochechas e, por fim, queixo. – Você é mais bonita do que falaram. – E põe novamente a mãozinha na boca.
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As estrelas sabem que não.
Romance"As estrelas sabem que não. Elas sabem que não tem como dá certo, porque simplesmente não dá. Mas... Mesmo assim, no fundo, acredito que o brilho que elas transmitem seja de esperança." Linda se auto considera uma garota mimada, quer dizer, não tão...