Capítulo 15

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Linda

Rafa para de me abraçar apertado um segundo antes de Théo e João Pedro buzinarem em suas respectivas motos, chamando nossa atenção e de algumas pessoas por perto.

— Você tá com uma cara de choro péssima. — Diz Rafa de modo brincalhão. Dou a língua para ele, mas passo a mão na borda dos olhos e fungo o nariz para não parecer que chorei pros meninos.

Após isso, pegamos nossas compras (minhas compras no caso) e vamos em direção as motos. Mal chegamos quando João Pedro diz:

— Vocês compraram isso tudo?! Num era só uma bota?

— E ela comprou só uma bota. E mais duas. — Fala Rafa.

— E algumas roupas para combinar. — Respondo segurando as sacolas com orgulho. João Pedro olha para o seu gêmeo.

— Como você tem paciência para essas coisas? É só usar preto. Tudo combina com preto.

— Bom ponto, mas também não quero ter um armário com roupas de luto. Alguém por acaso morreu? Que eu saiba, não. — E ele aponta para o irmão. — E se você morresse, só usaria roupa colorida.

— Choraria tanto que nem teria coragem de colocar roupa.

— Cantaria de felicidade toda hora.

— Não sairia da cama de tanta tristeza.

— E eu acho que devemos ir. — Fala Théo pela primeira vez desde o nosso reencontro. Olho para o mesmo que retribui o olhar. — Sua vó vai achar que estamos no atrasando por causa do "fogo". — Sorrio ao me lembrar das palavras da minha vó. Por mais que fosse imensamente mentira, seu jeito é incrível.

— Que fogo? — Pergunta JP.

— Aquele fogo que jovens como a Linda e o Théo possuem um pelo o outro que querem toda hora estarem transa...

— Rafael! — Exclamo ao interrompê-lo e olhando feio para o mesmo. De onde que ele fica tirando essas coisas? Talvez esteja se alucinando bem mais que o normal.

— Théo não disse nada. Talvez ele tenha fogo por você, hem, Linda. — E Rafa chega perto do primo. — Cara, ela ficou uma gostosa com as roupas novas. — Théo olha para mim. — Se eu babei por ela, imagina você. Já tá até escorrendo bem aqui só de olhar para Linda. — O gêmeo passa o dedo indicador no canto dos lábios de Théo, por mais que não houvesse nada. O primo lhe empurra de leve com os ombros.

— Devemos ir. — É a única coisa que diz. Será que as ações de Rafa lhe deixaram constrangido? Mas por que ficaria? Théo nem deve me achar bonita. Puff, claro que não acha. Aposto que me considera uma garota "normal". Até Teresa com seu modo arrogante é mais linda.

E isso lhe deixa triste?

Não. Por que eu ficaria triste? Não existe motivos para isso. Não mesmo.

Rafael pega minhas compras e as organiza na moto, falando que não devo levar nada nas mãos já que é uma das primeiras vezes que ando com esse meio de transporte. E ele não mentiu. Vai que minha bota cai sem querer? Prefiro eu cair que uma das minhas botas. Nisso, os meninos  vão primeiro que a gente depois de se despedirem.

Quando fico ao lado de Théo para me sentar na moto, percebo pelo canto do olho que o mesmo não para de me encarar.

— Deveria tirar uma foto de uma vez. — Digo provocante e com um sorriso que já nascera no meu rosto. Que negócio é esse? Por que estou sorrindo tão fácil? Principalmente quando provoco o Théo? Estranho.

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