Capítulo 10

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Linda

Entro no meu quarto e sótão após almoçar em família com meus avós e meus pais. Como esperava, o almoço estava perfeito e agora o meu bucho pedia uma cama para descansar. Claro, enquanto comia, meu pai fez algumas perguntas de estilo "Por que você inventou de ir para uma floresta à noite?" e minha vó ficou me questionando onde estava e porquê saí com tanta pressa de casa.

Tentei ser o mais direta possível, pois não estava muito afim de conversar e pensar. Muitas coisas aconteceram em um período de tempo relativamente pequeno, a floresta queimada, encontro com cavalo, Théo me salvando, eu o salvando, perco o meu diário, acho o meu caderno rosa e encontro os meninos, incluindo o cara que me salvou e que o salvei. Detalhe, isso tudo em menos de 24 horas.

Não contei para eles a verdade do que rolou hoje na floresta, disse apenas que fui tomar um ar fresco e caminhar por aí. Algo que meu pai não acreditou muito por conta da minha roupa que não tinha nada a ver com caminhada. Bem, ele não mentiu sobre a roupa, mas... Não queria falar a verdade e pronto.

Tiro o meu all star e deito na minha cama, sentindo a colcha e o lençol abraçarem o meu corpo à medida que me acomodo mais, deixando o cansaço tomar conta das minhas células para dormir por umas três horas e, com sorte, sonhar com lembranças.

Lembranças.

Levanto-me de sobressalto e vejo o diário rosa na minha escrivaninha, caminho até ele enquanto minhas pernas reclamam do esforço e volto para a cama com o caderno pequeno em mãos. Estou cansada? Sim, bastante, mas quero ler.

Oi, Disney!

Como você está? (Ainda é estranho perguntar isso para um diário que não é um ser vivo, mas vamos ignorar esse fato) Espero que você esteja bem, porque estou... Triste? Não, não tem como eu está triste. Claro, a noite não foi bem como eu esperava, mas foi ótima do mesmo jeito. Sabe quando você espera algo, mas o destino vai lá e torna a coisa bem diferente? Foi tipo isso ontem.

Você deve está perguntando do que estou falando (ok, você não está se perguntando isso, porque não tem cérebro e nem racionalidade, mas a gente finge que tem), e irei lhe explicar tudinho, começando com um:

Não acampamos ontem.

Se lembra que eu tinha lhe falado na última vez que escrevi que iríamos acampar? Então, os planos foram por água abaixo. E qual o motivo disso? Chuva. Isso mesmo, uma chuva chata ficou com inveja dos nossos planos e resolveu não deixar que nada acontecesse. UMA CHUVA!!

Acho muito ridículo o fato de não termos acampado ontem por causa de uma chuvinhazinha. Tá, estou exagerando, não foi uma chuvinha, foi mais uma... Chuva grossa?

Tá, tá, foi uma tempestade forte. Com aqueles raios e tudo. Sendo bem sincera, parecia que o teto da casa iria cair com tanta água e que iríamos morrer todos afogados. Só que isso, ainda bem, não aconteceu.

Mas continuo com raiva da chuva mesmo assim.

Iríamos acampar no quintal enorme da casa da Vanessa e do Théo. Estávamos todos prontos para dormir do lado de fora e contar inúmera histórias, eu, João Pedro, Rafa, Théo (o chatinho), Vanessa, Lulu e Thomas. Só que começou a cair o dilúvio!

Fomos diretos para o alpendre da casa mais próxima, com a esperança que logo, logo a chuva iria passar, mas aconteceu justamente o contrário! BAM! Trovão. PUFF! Luz no céu. PLOC, PLOC! Água no telhado.

Fiquei tão triste que eu mesma comecei a chorar na frente de todo mundo, porque queria muito acampar, aí a Vanessa me abraçou e começou a chorar junto comigo. A Lulu também ficou triste e veio fazer um abraço em trio com a gente. E os meninos? Nunca vi eles tão sensíveis, porque o João Pedro começou a fungar e o Rafa riu da cara dele, chamando-o de "chorão", mas aí o Thomas olhou feio para ele que logo parou de frescar com a cara do gêmeo. Aí o Rafa acabou fungando junto com o irmão igual a ele e Thomas ficou próximo dos dois, dando leves tapinhas nas costas. E o Théo? Sinceramente, não entendi porque ele ficou do meu lado o tempo todo. Ele não me abraçou, nem nada desse tipo, só ficou perto. E depois que o meu abraço de trio terminou, o Théo olhou para mim e eu olhei para ele.

As estrelas sabem que não.Onde histórias criam vida. Descubra agora