Capítulo 14

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Antigamente, via Théo com apenas 13 anos já sabendo andar de moto como se fosse de seu sangue dirigir por aí com uma velocidade imensamente alta. Lembro-me que quando já estávamos juntos, ele vivia insistindo para sairmos por aí em sua moto e se aventurar pelo mundo a fora. Nunca aceitei, porque morria de medo desse meio de transporte, além de que achava que Théo não tinha tantos anos de experiência para nos levar, mas agora...

O garoto que dirige a moto tem anos de experiência e anda em uma velocidade enorme em direção a tal cidade. Sinto o vento no rosto bagunçar meus cabelos e um leve embrulho no estômago por conta da adrenalina, mas não me importo, porque... É como se eu estivesse voando.

Poucas coisas na vida me fazem sentir como se tivesse livre, vivendo de maneira correta, usando as minhas pequenas asinhas que as circunstâncias não as deixavam voar pelos ares por aí, sendo que com o Théo andando com tanta velocidade, de modo confiante que até parece arrogante, me dá a sensação que, finalmente, estou sentindo a vida brilhante e colorida como é, como se as situações do mundo não me controlasse mais e sim, eu mesma.

— Mais rápido, Théo! — Grito para ele com um sorriso no rosto. O mesmo entende e faz um barulho alto no motor, aumentando mais e mais a velocidade na moto na estrada de areia um pouco mais firme.

Meu coração se acelera mais ao sentir as mechas do cabelo se enrolando mais e mais por conta do vento e o estômago se embrulha mais, mas gosto dessa sensação, por isso o abraço mais forte enquanto dou uns gritinhos no seu ouvido ao ver as paisagens da serra passando tão rápido. Nisso, passamos Rafa e João Pedro na pista.

— Quer correr hoje, Théo? — O gêmeo mais velho que está dirigindo a moto grita. — Você que pediu.

Eles aumentam a velocidade e João Pedro dá um grito. Théo se sente seguro o suficiente para fazer o mesmo que os gêmeos, fazendo-nos chegar a cem quilômetros por hora. É perigoso? Relativamente. É loucura? Sim! Mas é justamente nesses momentos que devemos apenas deixar as coisas rolarem e sentir cada sensação que nossa mente nos dá.

Fecho os olhos e sinto meu peito batendo e ressoando como um trovão. Deixo a sensação de liberdade e de dona do mundo me preencher por completo, fazendo-me quase explodir como se fosse fogos de artifício. Como se eu fosse tão brilhosa e cheia de vida, marchando por aí com um imenso orgulho no peito. E esperança. Esperança de que a vida me dará mais momentos como esses. E que conseguirei ser, finalmente, mais livre.

Livre. Como um pássaro que usufrua de suas asas mais que tudo.

Em questões de meia hora e com muitas emoções, chegamos na cidade. Théo e os meninos diminuem a velocidade no momento que se veem próximos de carros e de pessoas, nisso, vejo a cidade começa a ganhar vida.

Diferente da capital onde moro, esse local é pequeno e menos barulhento, mas, mesmo assim, é possível ver que muitas pessoas andam por aí com vida e felicidade nos rostos, dando a cidade um ar de energia positiva e até... Empatia.

Porém, analisando agora, é possível perceber que o local onde vou comprar minha bota é naturalmente aconchegante e até um refúgio, do mesmo jeito que aparece nos livros que li ao longo da minha vida.

A rua não é feita de asfalto e sim de pedregulhos bem polidos que parecem refletir um brilho por conta do sol. A avenida, que Théo e os meninos entram, tem uma espécie de calçadão enorme onde possui muitas árvores, bancos, academias ao ar livre, pergolados cobertos por flores, fontes cheias de águas, jardins e uns quiosque que também são como uns quinchos (uma espécie de casa que não tem paredes, apenas pilares de madeira e o piso de pedra sabão com o telhado pequeno que tem o formato de uma flor fechada).

As estrelas sabem que não.Onde histórias criam vida. Descubra agora