Muitas pessoas acreditam que para ser escritora é necessário ter uma mente bastante fértil para poder escrever cenas altamente inesperadas e ler com uma frequência alta para poder escrever de modo como a ortografia pede. Como quero ser escritora, posso dizer que essas frases estão certas, mas ainda falta um detalhe:
Experiências.
É bom vivermos no mundo literário que os livros nos proporcionam? Óbvio que sim, mas... Acho (quer dizer, tenho certeza) que para conseguirmos escrever uma obra é necessário a inspiração de alguns momentos que foram tão importantes na nossa vida ao ponto que deixaram marcas em nossas almas.
E, sendo bem sincera, agora está acontecendo algo que com certeza irei colocar em um dos meus futuros livros:
Uma criança está escolhendo as roupas para eu usar. No caso, usar para andar a cavalo. Uma criança de cinco anos.
Talvez ela vá escolher as roupas mais bizarras do mundo? Talvez (ok, tenho quase certeza que isso irá acontecer), mas vou deixa-la olhar as peças que trouxe enquanto faz uns comentários levemente engraçados de vez em quando:
— Por que trouxe uns sapatos de salto alto?! Nunca irá conseguir andar com esses troços por aqui. — Abro a boca para falar, mas a garotinha que está na frente do meu armário com um moletom pequeno verde, calça preta e botas de cano alto que envolvem suas pequenas pernas não deixa. — Por que trouxe tantos shorts? Aqui não é tão quente. — Ela pega uma calça branca em uma das gavetas e olha para mim. — Isso vai sujar em segundos se você estiver na minha companhia. — Um sorriso bobo nasce no meu rosto (vamos concordar, essa garota é tão neném!), mas a mesma já voltou para o armário, ignorando-me (ok, ela pode não ser tão neném assim). — Suas blusas curtas são bonitas, lembra até as da Lulu. — Ergo uma sobrancelha involuntariamente.
Cheguei aqui há um dia, mas já vi todo mundo. Vanessa, Théo, Rafael, João Pedro e Thomas, sendo que ainda falta a Luísa. Onde será que ela está? Na casa dela? Ninguém com quem estive nas últimas horas falou dela ou algo desse estilo.
Lembro-me que eu e a Luísa não éramos tão próximas como eu e a Vanessa, já que a garota gêmea de Thomas nunca gostou muito das aventuras que o campo tinha a oferecer, deixando que apenas eu e Vanessa fizéssemos a dupla da "loucura", só que mesmo assim tínhamos um certo tipo de intimidade, como ver alguns desenhos animados de manhã cedo ou compartilhar algumas ideias criativas sobre como faríamos se pudéssemos mudar algo na animação. Era uma pequena interação? Mesmo com os mínimos momentos, considerava pouco demais, já que Luísa sempre foi a pessoa que menos fui próxima de todos e que menos gostava.
— Meu Deus! — Brenda grita, fazendo minha atenção voltar para a pequena garota que agora está olhando para mim que estou sentada na cama ainda. É, complicado essa preguiça. — Como você não tem botas?!
— Eu tenho, mas é apenas uma e...
— Por que não trouxe para cá?!
— Porque elas têm um salto muito alto e aí achei que...
— Você cometeu o pior erro possível. Tem que se andar com bota quando está com um cavalo! — E ela bate a mão na testa. — Linda, adoro você, mas isso foi muita burrice.
— Mas eu nunca imaginaria que...
— Shiu! — E ela pega umas roupas e trás até mim, colocando no meu colo. — Usa isso aí. Irei pedir para um dos meninos lhe levar na cidade amanhã para comprar uma bota. O quê?!
— Brenda, acho melhor deixarmos esse negócio de bota de lado e...
— Eu falei "Shiu"! Estou com raiva de você porque não tem uma bota, agora vai se trocar, vai, vai.
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As estrelas sabem que não.
Romance"As estrelas sabem que não. Elas sabem que não tem como dá certo, porque simplesmente não dá. Mas... Mesmo assim, no fundo, acredito que o brilho que elas transmitem seja de esperança." Linda se auto considera uma garota mimada, quer dizer, não tão...