Capítulo 13

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Théo

Após lavar e escovar Caleb, jantar e tentar manter uma conversa saudável com meu pai (o que não aconteceu), deito-me na cama, sentindo o corpo imensamente cansado, mas a mente está tão agitada que não aceita ser envolvida pelo sono. A única coisa que aceita é: Pensar em Linda.

Hoje foi tão... Bom, mas ao mesmo tempo estranho. Em um momento, estávamos nos dando super bem, como antigamente, e depois começo a pensar que ela é uma falsa e que está apenas fingindo, fazendo-me trata-la relativamente mal. Sendo que minutos depois, estou chamando-a para ir para a cidade de manhã, algo que meu pai só deixara após muitos gritos e com a obrigação que eu estaria aqui para trabalhar as 14 horas, mesmo estando com o punho torcido e enfaixado. Obviamente, ele não liga para isso e nunca irá me tratar realmente com seu filho.

É estranho está com a cabeça "boa" depois de conversar algo com meu pai aos gritos, pois, toda vida, sempre fico com tanto ódio ou tão triste que apenas me isolo no estábulo até Vanessa chegar e começar a pintar alguma coisa em minhas mãos enquanto tenta me dispersar das merdas de meu pai. Porém, agora, não estou com os sentimentos desestabilizados de raiva, na realidade, estou com os sentimentos desestabilizados por causa de Linda.

As lembranças rodeiam minha mente como um aviso, como se falasse que em uma época eu fui feliz com ela e que, agora, ela está aqui, por isso deveria aproveitar todos os momentos possíveis para conhece-la, saber como está, como é, como reage aos fatos e muitas outras coisas que tenho curiosidade de saber sobre a Linda de agora, mas... Também tem outras lembranças que vagueia na minha mente, as mais tristes, as que drenaram as energias do meu coração, colocando em minhas veias o veneno de que tudo foi falso e que ela nunca se importara comigo. Por isso, não devo mais confiar nela, nem hoje, nem amanhã e nem nunca.

Fecho os olhos pela décima nona vez, mas nada de sono me vem. Apenas pensamentos e sentimentos. Confusão, desconfiança, confiança e curiosidade. Tudo isso misturado em apenas uma pequena mente humana. Além da imagem de um sorriso lindo que parece iluminar tudo e todos, tirando o brilho de qualquer pessoa que esteja perto da dona dele.

Suspiro de modo fracassado e me levanto da cama, indo para o alpendre e fazer o que sempre faço quando minha mente está acelerada: Olhar para as estrelas.

Saio do quarto em silêncio, passando pela pequena sala que tem apenas um sofá, mesa de jantar velha e um móvel que apenas serve para segurar a minúscula e antiga tv com seu rádio. Vejo que Brenda está dormindo como um anjo no sofá, fazendo pequenos roncos de vez em quando. Como um irmão meio babão, deposito um beijo leve na sua testa antes de ir em direção ao alpendre.

Ao abrir a porta com cuidado para não acordar minha irmã mais nova, deparo-me com uma pessoa sentado no piso cinza de concreto enquanto se apoia em um dos pilares bege e bebe uma garrafa com um líquido alcóolico da cor amarelo para laranja. Rafa.

Meu primo está olhando ora para o terreno e ora para o céu, dando leves goles em sua bebida de vez em quando. O vento assopra em seus cachos furiosos que nunca se organizam, como sua barba que nunca desiste de nascer e está sempre do jeito "por fazer".

— Olá para você também, Théo. — Diz ele sem se virar ou sem olhar para mim. Vou até ele e sento-me do seu lado, apoiando-me em outro pilar que segura o teto de nossa casa.

— O que veio fazer aqui? — Rafa dá de ombros e bebe mais um gole do uísque.

— Seu alpendre tem mais vento e é o melhor lugar para aproveitar a noite. — E ele olha para o céu, faço o mesmo.

Bilhões de estrelas se concentram no céu que está azul escuro, mas que ora fica uma "mancha" de azul claro por causa da união das guardas da lua. Além disso, a lua as ilumina toda hora, mas não tanto para não roubar o brilho delas e daquelas que se reuniram para formar a constelação da Cruzeiro do Sul e do Escorpião.

As estrelas sabem que não.Onde histórias criam vida. Descubra agora