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Sarah Louise
18 de junho de 2019.
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O barulho do telefone fixo tocando era o que preenchia ambiente. Já eram quase quatro e meia e eu estava praticamente sozinha no escritório. As palavras de Corbyn perpetuavam meus pensamentos de forma controladora. Ellena, ao meu lado, cantarolava alguma música dos anos 90, enquanto terminava de enviar um fax.

Conversar. Corbyn queria conversar. Sobre o que exatamente? Esse seria o fim da nossa amizade que sequer tinha, de fato, iniciado? Nunca tive um relacionamento tão curto quanto esse. Até minhas amizades do trabalho eram mais sólidas que qualquer contato que tive com Corbyn nos últimos dias.

"O que te aflige?" Ellena, por fim, perguntou. Acho que eu estava encarando a parede com aquela cara de sonsa.

"Nada." pisquei algumas vezes, tentando compreender meus pensamentos bagunçados. "Só um cara que quer conversar comigo sobre algo."

"E vocês estão juntos há quanto tempo?" os olhos de Ellena entregaram o quão curiosa a garota estava pelo desfecho da conversa.

"Acontece que não estamos." fiz uma pausa e uma careta se formou na face de Ellena. "Realmente não tenho ideia de qual seja o motivo dessa conversa."

"E você gosta dele." Ellena confirmou. "Olhe para você, está com a voz trêmula só de falar sobre ele."

"Não gosto." respondi. "Eu e ele somos completamente opostos e a única coisa que temos em comum são nossos amigos. Não me importo com ele."

Ellena soltou uma risada, mais como um deboche do que em tom de graça. "Certo." ela afirmou. "Quando você se casar, espero que eu seja convidada."

Num ato brusco, revirei os olhos. Como eu odiava ser contrariada. Se eu havia dito que não, eu não me importava, eu não me importava. Conhecia-me bem o suficiente para saber quando eu realmente queria algo ou não.

Pelo elevador, Anne estava entrando. Seus lábios avermelhados e grandes, grandes do jeito que apenas alguém com genes bons ou um bom cirurgião plástico teria. Desde que saímos da faculdade, há alguns bons anos, eu nunca mais tinha visto minha amiga com roupas não-sociais. Eram sempre saias, camisas, bolsas de marca. Arquitetura e um noivo rico a faziam parecer uma mulher da própria realeza.

"O que faz aqui?" perguntei quando ela sentou-se em frente à minha mesa.

"Vim te visitar. E também precisava que minha dama de honra aprovasse o design dos vestidos." a mão com um anel de diamantes deslizou o papel pela superfície de minha mesa. "O que acha?"

"Perfeito." analisei o vestido ali, o qual era em tom azul claro. Na verdade, ele era feio. Um retrógrado vestido dos anos 90, se é que eles eram tão bregas naquela época. "Vamos todas iguais?" meu olhar de repreensão não escondia que tinha odiado aquela ideia.

Anne suspirou e pegou o papel de minhas mãos. "Eu sei que você odiou e não consegue nem mentir pra mim." a morena riu fraco. "Foi só uma ideia da mãe de Jonah. Ela quer muito estar envolvida no casamento de alguma forma."

"Ela não está tipo, literalmente, pagando por tudo? Isso não é envolvimento o suficiente?" brinquei e Anne encolheu os ombros.

"Ela quer fazer parte do processo criativo e não só do econômico." Anne me encarou. Eu estava com os olhos na tela do celular, verificando se não haviam mais mensagens do de olhos azuis. "Sarah?"

"Sim?" respondi.

"Vamos, o que está acontecendo? Você está estranhíssima." minha amiga cruzou os braços e eu bufei.

s.o.s. wedding ✩ corbyn besson.Onde histórias criam vida. Descubra agora