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Corbyn Besson
     27 de julho de 2019.
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Coço os olhos com força, numa tentativa de acordar. Meu corpo inteiro dói e o cheiro de hospital prevalece em minhas narinas. Encaro meu relógio de pulso, o qual marca 4:45am. Solto um longo suspiro e caminho até o refeitório, apenas em busca de um copo de café.

Lá, me sento numa das mesas e rolo pela timeline do Instagram. Solto uma risada fraca com a foto de Ashley e Jordan no letreiro de Hollywood. Sinto falta de viver momentos com meus irmãos, já que praticamente fui removido da família. O próximo post era uma foto de Anne, postada por Sarah. A legenda dizia "a única que me traz felicidade quando todos fogem". Irônico. Pelo menos agora ela usava letra minúscula.

Meu dedo coça para entrar no perfil dela. Eu encaro o post por alguns segundos, até que decido dar uma olhada. Ela tinha arquivado quase todas as fotos e tinham apenas 10 no perfil, incluindo uma com o ex-namorado. A data condizia com 2017, o que me fez dar uma risada fraca, já que ela disse que nunca namorou.

"Mentirosa..." resmungo e começo a olhar os destaques. Os únicos que ainda existiam eram os com as amigas e das viagens. Confesso que estava curioso para saber o motivo do sumiço das fotos. Até a biografia havia sumido. O que antes era informações sobre ela, agora era um espaço em branco.

"Ei..." de repente, a voz de Ruby surge em meu pescoço e me abraça por trás. Bloqueio o celular rapidamente e seguro a mão da garota, que tinha passado os braços envolta de meu pescoço. "Que horas você vai embora?"

"Só às 6h." sorrio fraco. "E você?"

"Sete e meia." ela diz e fecha os olhos. "O Jonah disse que vocês vão pra casa do lago na sexta-feira e me convidou... Se você não quiser que eu vá, tá tudo bem por mim..." ela começa a se justificar e eu rio fraco.

"Ruby. Claro que você vai." assinto. "Não tem problema algum." Ruby abre um sorriso e pula em meu pescoço, me abraçando dessa forma. "Mas ainda é segunda-feira e eu e você temos muito trabalho nesse hospital." passo meus braços por sua cintura. Na verdade, tinha problema sim. Eu mataria Jonah depois, mas, no momento, só encarava a morena que sorria abertamente ali.

Nesse momento, meu coração palpita. Não conseguia enxergar Ruby sem pensar em Sarah. Eu queria ela, queria ela em meus braços. Queria os cabelos loiros caídos sob meu peito após uma noite maravilhosa. Que inferno! Eu só queria Sarah de volta. Ruby está falando algo, e eu nem presto atenção. Isso não aconteceria se fosse com Sarah, meu subconsciente avisa.

"Tudo bem pra você?" ela pergunta e eu pisco várias vezes. Merda, o que ela tinha falado? "Corbyn? Você tá morrendo de sono né?"

"Sim, sim." respondo, rapidamente. "Depois você me fala de novo, tá? Tô cansado agora." digo e ela sorri fraco. "Até mais tarde." deixo um beijo em sua testa e saio do refeitório.

Quando estou distante o suficiente, pego meu celular e ligo para Jonah. Ele demora, mas atende.

"Espero que seja um bom motivo pra você ter me acordado às cinco e pouca da manhã."

"Você convidou a Ruby para a casa do lago? Qual o seu problema?"

"Eu achei que estava tudo bem... Vocês não estão tipo... Juntos?"

"E a Sarah, Jonah? Ela vai me matar."

"Ué, ela vai levar o Aaron."

"Ela vai levar quem?"

"Aquele ex dela, bonitão. Tatuado."

"Eu sei quem é Aaron, seu idiota. Tá, volta à dormir. Tchau."

"Você é tão estranho."

Sinto vontade de jogar meu celular na parede. Minha cara entrega meu estresse e insatisfação. Porra, ela tinha voltado com aquele cara? Bufo alto e caminho pelos corredores do hospital, um pouco perdido. Merda, o que está acontecendo comigo? Eu sinto vontade de chorar e de gritar.

A última vez que senti isso foi quando meu noivado acabou. Não, não é possível.

Meus pensamentos se perdem, ficam confusos. Meu coração acelera e o smart watch em meu pulso mostra a frequência cardíaca aumentando.

Eu estava completamente apaixonado por Sarah. Imaginar ela com Aaron me corroía, me fazia sentir mal. Ela era a razão de tantos sentimentos dentro de mim e eu não fui sincero comigo mesmo quando tentei começar algo com Ruby.

Não, isso não iria funcionar. Colocar uma garota em minha vida, uma vez que meu coração pertence à uma loira de um metro e setenta. Não sei o que era pior: o meu cansaço físico ou o emocional. Tentar entender meus sentimentos parecia mais difícil agora que eu tinha aceitado que eu era de Sarah.

Vou direto para o vestiário e pego minhas coisas lá. Uma das enfermeiras que passa por mim me encara, um pouco preocupada. Minto que preciso ir embora por uma emergência familiar e saio do hospital.

Eu dirijo, sem saber para onde estava indo. Deixei apenas que meus instintos me levassem para algum lugar, e eles levam.

Levam para o prédio de Sarah. As luzes do apartamento dela estão apagadas. O carro dela não foi colocado no estacionamento, e isso me preocupa, pois ela odeia deixar o carro pra fora.

Naquele segundo, percebo que ela não está sozinha. Nas noites em que eu dormia ali, Sarah também não recolhia o carro, mas por puro esquecimento. Dou um tapa em meu próprio volante, me lembrando das palavras da loira em nossa última conversa.

Ela tinha seguido mesmo em frente.

s.o.s. wedding ✩ corbyn besson.Onde histórias criam vida. Descubra agora