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Boa leitura amores ❤️
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O departamento está instável no dia de hoje.

À uma da tarde, quando chegamos, para recomeçar o trabalho, havia um homem nos esperando, falando alto com o segurança, que dizia não haver ninguém para ajudá-lo e que era para aguardar.

Quando me viu, correu em minha direção, ignorando qualquer chamado do segurança, e percebi que seus olhos estavam vermelhos.

Identifiquei no mesmo momento que era um dos suspeitos que fomos investigar, e que permaneceu na lista.

O homem agarrou meu braço e, por alguma razão, achei que fosse confessar os sequestros. Mas não.

Ele começou a chorar e meu coração apertou quando ouvi sua voz dizer em um sussurro sufocado:

- É-é a m-minha filha!

Apenas assenti, sem saber ao certo como reagir. Tentei o tranquilizar ali onde estávamos mesmo, na calçada.

Quando o homem se acalmou, o levei para dentro do prédio, onde Horan já estava nos esperando, visto que nos viu naquele estado quando chegou para trabalhar.

O homem de meia idade se chama Donald Evans, pai de Luisa Evans, que tinha ido ontem a uma festa de ano novo e não voltou para casa.

As informações que tínhamos é que a festa começaria as nove da noite, e que todos estavam esperando por Luisa, já que ela havia enviado fotos para as amigas enquanto se arrumava. O pai da menina disse que ela saiu de casa para ir a essa festa, em torno das oito e meia, e que ela iria encontrar uns amigos em um certo ponto para pegar carona.

As mensagens enviadas ao telefone do pai se encerraram às oito e quarenta e três da noite, na conversa ela dizia que voltaria antes das duas da madrugada, e que umas amigas dormiriam em sua casa. Entraríamos em contato com elas mais tarde.

Evans nos mostrou uma conversa que teve com a namorada da filha, em que a menina perguntava se Luisa estava sem bateria e se já tinha saído de casa, pois não estava no lugar combinado para a carona e nem respondia suas mensagens. Ele responde que a filha já tinha saído, e que já devia ter chego no local combinado, depois disso não conseguiu falar com mais ninguém.

O homem disse que esperou até de manhã, porque talvez a filha tivesse dormido na casa de alguém, mas ela não veio para a casa e não atendeu quando ele ligou.

Depois das onze da manhã, a namorada dela ligou para ele, mas não sabendo de nada sobre a filha, foi lhe dado a notícia que Luisa não colocou os pés na casa onde tinha sido a comemoração de ano novo.

Liam anotava tudo com rapidez no computador da minha sala, onde estávamos desde o início das perguntas.

Esclarecemos algumas coisas, por exemplo, se ela tinha costume de fazer isso, se ela já tinha fugido ou se essa era uma possibilidade para ela, mas ele negou. E, mais tarde, quando interrogávamos os amigos de Luisa, eles também negaram qualquer possibilidade da garota ter fugido. A namorada disse ainda que as duas faziam planos, mas não de sair da cidade, apenas planos de continuarem juntas, deixando claro que ela pensava num futuro aqui.

Depois de um dia cansativo de trabalho e buscas, tivemos a confirmação de que sim, Luisa Evans, com seus 18 anos, era mais uma vítima de sequestro.

A questão era que, os avisos dados pelo departamento, pelas redes de comunicação e por vários outros meios, não foram seguidos.

Até então, ontem seria o último dia desse período em que alguém seria sequestrado, pois, desde o começo sabíamos que quem quer que estivesse fazendo isso, teria um cronograma para seguir. Agiria novamente em março, como a cada cinco anos eram relatados os desaparecimentos. Porém, eu não posso deixar que chegue a mais alguém, teríamos que resolver isso antes de março, pois precisamos saber o que acontece no período do começo e final do inverno, e porque isso acontece.

Louis’ POV

Hoje seria um dia normal, sem trabalho nem nada, apenas com uma dor de cabeça insistente.

Fui até a casa dos meus pais mas eles não estavam, mandei mensagem e eles me disseram que tinham serviço na lava rápido durante o dia hoje, que os horários estavam apertados, mas que eu poderia dar uma passada lá se quisesse. Bom, mais tarde, talvez, eu iria.

Zayn mandava mensagens para Alex, para saber como ficaria o The Village. Ele disse que reabriria amanhã, e que tinha conseguido um substituto para Jones, para que ele ficasse fora quanto tempo precisasse, mas Alex contou que Jones negou, preferiria ir trabalhar, ocupar a cabeça com alguma coisa, pois sua esposa estava bem nos braços da família que tinha vindo dar força aos dois, e ficariam um bom tempo por aqui, ajudando-os.

Ficamos surpreendidos com a decisão de George, mas compreendermos que, ele em casa, apenas esperando por notícias, não resolveria muito as coisas, além das contas da família, que não tinham parado de chegar, ele contava com as horas extras e precisava manter o emprego.

- Você está bem para voltar amanhã? – Pergunto para Zayn.

Estamos sentados nos dois sofás, com Nala no meu colo dormindo, enquanto olhamos um filme qualquer que passa na televisão.

- Estou. Eu tenho que estar. Jones vai voltar também, ele decidiu voltar, isso que aconteceu comigo não chega nem perto...

- Uma dor não é maior que a outra, Zayn – o corto. – Não é porque ele está sofrendo, que você não pode sofrer também, entende. Você não pode diminuir a dor de ninguém, nem mesmo a sua. O que você viveu te causou traumas e ansiedade...

- Eu sei, mas vou voltar. Não aguento mais ficar apenas vendo tudo acontecer, e ficar sem trabalhar parece que enche muito mais a cabeça do que quando você está trabalhando – ele sorri sem mostrar os dentes. – Aliás, não deu muito tempo para conversarmos, como foi seu primeiro dia com Rose e Fred?

- Ah, sim. Ele quase não apareceu na loja na verdade. Ele fica mais na parte de trás. Mas foi bacana – digo. – Conheci Matthew lá, aliás. Você lembra dele, da festa de ontem, não é?

- Sim, me lembro – me olha de canto. – Ele parece gostar de você – diz, erguendo as sobrancelhas.

- Nos conhecemos ontem mesmo, não é assim que funciona – rio e enquanto jogo uma almofada nele.

- Você quase não ficou com Harry ontem, Lou – Zayn fica sério de repente. – O que aconteceu?

Suspiro, tentando conter minhas emoções ao ouvir o nome de Harry e me lembrar de nós.

- Ele só, bom, ele acabou o que quer que tínhamos – tento parecer indiferente, mas pela expressão de Zayn, estou fazendo careta. – Está tudo bem... bom, nós, é... nós não éramos nada especial, não é? – pergunto retoricamente.

- Como assim?! – Ele quase grita. – Lou, vocês se gostam tanto que dava pra sentir quando a gente estava perto!

- Não é o que parece – dou de ombros. – Ele não disse nada para mim, na verdade. Nós estávamos a sós, eu até achei que a gente estava indo bem, mas ele mudou tão rápido, pareceu frio – sinto meus olhos lacrimejarem. – Depois ouvi ele conversando com Liam, e ele disse que eu não fazia parte dos planos dele, e que continuaria assim, que precisava focar em coisas importantes.

- Ele não... – ergue a mão sem o gesso à boca.

- Sim, ele disse – assinto, comprimindo os lábios. – Eu o vi ir com Liam até o escritório de Horan, onde estávamos antes... então os segui – ignorei o olhar de julgamento de meu amigo e continuei. – Ouvi ele dizer isso a Liam. Demorei para criar coragem pra ouvir a conversa dos dois, ouvi já quando eles estavam saindo, mas Harry não disse mais nada importante, apenas algo sobre roupas e cafés, uma decisão para Liam, algo assim – dei de ombros.
Zayn parecia muito emocionado, de forma triste.

- Lou, eu não queria que fosse assim, nossa, Harry foi rude! Não credito que ele teve coragem de não falar com você sobre isso, mas sair de papinho com o amigo falando que você não estava nos planos dele! – Zayn fala, rápido demais para eu entender tudo.

- Z, está tudo ok. Eu vou ficar bem, não estávamos em um relacionamento, de qualquer forma – tento parecer o mais convincente. – Ele tem muito trabalho, precisa focar mais do que nunca agora para resolver esses problemas. Preferi deixar claro para ele que eu escutei a conversa, para que não precisássemos passar pelo constrangimento de ter que falar sobre isso um com o outro.

- Ainda acho que ele falará com você, Lou – meu amigo rebate. – Pelo pouco que conheço Styles, ele não é do tipo babaca – revira os olhos. – Claro que não estou o defendendo, ele foi ridículo, mas as coisas estão à mil, tem problemas de mais na volta dele, só de um tempo, ele vai vir até você.

Apenas assinto, tentando manter essa dor de cabeça longe. Aos poucos ela ia aumentando, eu precisava pegar um ar.

Levanto com Nala no meu colo, coloco minha jaqueta e saio para rua.

O vento não está forte hoje, mas a neve continua caindo, sem chances de ver a grama verde que cresce debaixo desses flocos brancos.

Largo minha gatinha no chão para ela fazer suas necessidades, ainda se acostumando com o clima frio sob suas patas, e fico observando-a brincar com um floco que estava caindo.

Ouço um barulho de corrente e olho para o outro lado da rua, meus olhos arregalam com a visão daquele cachorro gigante vindo em direção a minha gata.

O barulho das correntes se davam ao fato de que o portão estava enganchado com elas, mas não pareciam firmes, fazendo com que o cachorro conseguisse empurrar e abrir quando quisesse.

Nala parece alheia a situação, de costas para a estrada, suas costas curvada fazendo suas necessidades.

Homer parece não se importar com os gritos de chamado do seu dono e segue em direção a ela.

De novo esse cachorro, que inferno!

Meus pés são rápidos e sem movem para salvar minha gata do ataque desse cavalo.

Me atiro para frente e a alcanço, caindo com o meu braço em cima do seu “trabalho” feito a pouco.

Ela parece se dar conta do que está acontecendo e me arranha para sair do meu aperto, quando Homer está mais perto. Seus pequenos olhos tranquilos, agora, assustados e os pelos para cima.

Levanto o mais de pressa que consigo, sentindo o cheiro do braço da minha jaqueta ficar mais forte, me deixando com ânsia.

Matthew alcança o cachorro antes que ele chegue até mim, e lança um sorriso tímido enquanto segura a guia do animal.

- Me desculp-

- DE NOVO ESSE CACHORRO! – grito, me sentindo uma bagunça.

- Louis, me desculpa! – ele chega perto.  – Homer nunca fugiu assim antes, acho que não bati o cadeado na corrente.

- Mas meu Deus! Matthew, olha o meu estado, olha o meu estado! – digo nervoso. – Minha roupa está suja de merda por causa do seu cachorro!

- Louis, me desculpa, de verdade – isso estava me enlouquecendo. – Ainda estamos nos acostumando com o lugar – ele olha para o cachorro tristemente. – Vou amarrá-lo até ele se acostumar, talvez construo um canil ou algo assim...

Me sinto mal, quase choro com a visão do cachorro preso em uma guia dia e noite, apenas porque não consegui controlar minha ira.

- Não – digo de pressa, me acalmando. – Não, ãh, não faça isso, ele não vai melhorar assim, apenas vai irritá-lo ainda mais. – Passo a mão na testa, sentindo-a úmida por causa da neve.

- Ah, é, você tem razão... – ele divaga. – Se tiver algo que eu possa fazer, me diga, por favor. É a segunda vez que meu cachorro tenta atacar um dos seus bichinhos, então, se precisar de alg-

- Não, estou bem – nego rapidamente. – Só cuide para ele não sair, de novo. Pessoas costumam andar de bicicleta na estrada, ou fazer caminhadas com seus cães.

- Ah ele não ataca. Não pessoas, pelo menos – olha para o cão. – Na verdade, nós tínhamos um gato, ele se dava bem com ele, eram até amigos. Não sei o que aconteceu, ele não se comportava assim – olha chateado para Homer.

- Tente levar ele em algum veterinário, para fazer alguns exames e ver se tem algo o irritando – aconselho e Matt sorri para mim, ficando confortável.

Eu percebi que ele estava envergonhado do que o seu cachorro fez, mas minha irritação foi apenas no momento, parando para pensar no que aconteceu, Homer não tem culpa de ter seus instintos, não posso condená-lo por agir como qualquer outro animal da sua espécie.

- Então, foi você que comprou aquela casa – afirmo, vendo que o cachorro saiu dali.

Ele olha para trás e coloca a mão na nuca, ainda tímido com o que ocorrera.

- Sim, tivemos sorte na verdade, Homer e eu – sorri simples. – É uma ótima casa, um bairro bom, tirando as coisas que vem acontecendo... é, gostamos de viver aqui. Fico feliz de saber que tenho você como vizinho, aliás – seu sorriso se torna maior.

- Ah, claro, também fico feliz de ser alguém que conheço – concordo.

Vejo atrás de Matt, um carro preto estacionar e percebo que é o carro de Harry, imediatamente.

Quase esqueço de Matthew na minha frente quando o vejo sair do carro, com o cabelo rebelde, querendo formar cachos nas pontas dos fios, vestido com um sobretudo preto, as bochechas adoravelmente rosadas por cauda do frio, marcando a pele branca do seu rosto.

- Bom, eu vou indo. – Matt diz, me trazendo de volta. – Me desculpe novamente, prometo controlar ele para não te estressar, nem seu gato.

- Nala, é o nome dela – sorio para ele, simpático.
- Tão linda... sabia que fui eu que achei ela indefesa na rua? Sou praticamente um pai para ela– ouço uma voz mais rouca falando, acompanhada de um sorriso.

Matt concorda e sorri afetado, me olhando em seguida. Eu nego, como se quisesse me explicar, mesmo não tendo motivos para isso.

- Podemos conversar, Louis? – Harry pergunta e assinto, sem dizer nada.

- Já está na minha hora, até mais Louis... – ele se despede de mim com um beijo em meu rosto – Styles – acena com a cabeça.

- Quincy – Harry acena, vendo Matt guiar seu cachorro para casa.

Harry me olha com os lábios compridos e franze o nariz.

Me lembro que estou fedendo a merda de gato e me bato mentalmente.

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