Confidencial

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A manhã passou tão depressa que eu não tive tempo para me preparar pro meu primeiro dia de serviço.

Eu estava nervoso, perguntava tudo para Zayn, que resolvera passar uns dias a mais aqui em casa. Meu amigo era mais experiente, já havia trabalhado em dois lugares bem distintos um do outro. Ele reforçou muitas vezes a questão de que “o cliente sempre tem razão, Louis. Não invente de ser demitido na primeira semana por discussões, e na maioria das vezes eles estão errados, porém o direito deles prevalece e dentro disso, é a lei que conta, não o bom senso ou a falta dele”.

Ele me alertou sobre as cargas horárias e algumas leis, para que não se aproveitem de mim por ser meu primeiro emprego e eu não entender de absolutamente nada sobre essas coisas. Nunca por falta de vontade da minha parte, claro, por falta de vontade dos meus pais.

Por fim, agora eu estava tão nervoso, prestes a quebrar o segundo copo enquanto eu tirava a louça do almoço da lava-louças, ouvindo meu amigo ditar coisas que me ajudariam, enquanto balançava um pano de prato, se escorando em uma cadeira.

- Você não acha que eu já devo sair? – pergunto e meu amigo olha para o relógio de parede da cozinha.

- Lou, pelo amor! Agora é meio dia e quinze, você pega a uma e meia. Quanto tempo leva daqui até lá? Dez minutos? – Ele fala, sem paciência.

- Está bem! – Respondo.

- Ah, Horan me ligou. O capitão, você acredita?! – Ele comenta, levantando as sobrancelhas.

- Como assim? Aconteceu alguma coisa? – Termino de guardar a louça e estendo o pano de prato na janela.

- Não, ele estava nos convidando, eu e você, para a festa dele de final de ano hoje. O pessoal do departamento vai ir. Achei que seria legal para nós, de qualquer forma os lugares vão estar fechados – diz enquanto me segue até a sala, onde coloco meus tênis nos pés.

- É, mas eles vão estar fechados por um motivo bem específico, que é não sair de casa – me ajeito no sofá ao lado de Nala, que tinha acabado de comer e já estava dormindo, e vejo a previsão do tempo na programação da TV. Neve e mais neve. Argh!

- Lou, você esqueceu de onde nós estaríamos? – Pergunta, como se fosse óbvio. – Só vai ter policial, detetive, criminalistas e esse tipo de gente lá! Quem quer que esteja fazendo essas merdas, não vai entrar lá – se senta ao meu lado.

- Você parece esquecer que tem uma costela e um dedo quebrado – ele revira os olhos.

- Costela trincada! E meu dedo está enfaixado, com gesso – Zayn ergue o braço esquerdo. Minha vez de revirar os olhos.

- Você está desrespeitando todas as indicações médicas... – Ele estava se preparando para falar algo mas eu o interrompo. – Mas, você já é maior de idade e pode muito bem tomar suas próprias decisões!

- Isso quer dizer que... – Meu amigo começa, entusiasmado.

- Que tudo bem, vamos a essa festa!

***

Antes de sair de casa para trabalhar no meu primeiro dia empregado, ligo para meus pais dando a notícia de que eu havia conseguido um emprego, que pagava bem e que eu conseguiria me manter sem a ajuda deles.

Apesar de eu insistir que não tinha necessidade, eles insistiram em continuar pagando minha faculdade. Concordei, pois o valor da mensalidade não era alto, já que eu havia ganho 70% da bolsa para licenciatura em literatura inglesa.