Não preciso dizer que foi uma festa quando Íris descobriu que Demi e eu estamos juntas, a garotinha mal tinha chego em minha casa quando foi bombardeada por uma Erin cantando “a mamãe e a tia Demi estão namorando”. As duas meninas não esconderam suas satisfações ao saber que Demi e eu estamos envolvidas. Com a ajuda de Demi troquei Erin de colégio para mantê-la distante de Tiago, a morena vinha quase todas as noites nos ver mas só dormia as vezes e por muita insistência minha. Estava esperando por ela quando a campainha tocou, iríamos sair para jantar e deixar as meninas com a mãe dela.
Ouço a campainha tocar, deixo Erin terminando de arrumar sua mochila e vou atender a porta. Não escondo a minha surpresa ao ver Tiago ali, tento fechar a porta mas ele me impede e a empurra entrando.
— Sai da minha casa! — Mandei.
— Você não pode me afastar da minha filha.
— Tudo o que eu tinha para falar com você, eu já falei naquele dia. Agora sai! — Vi Erin aparecer na porta do quarto, fiz um gesto sutil e minha filha entrou se trancando.
— Só saio daqui com a minha filha.
— Ela não é sua! — Aumentei a voz. — É minha filha. Você deixou isso bem claro quando me estuprou, quando me segurou e deixou seus amigos me estuprar também.
— Você sempre foi uma vadia gostosa e eu como um bom amigo tive que dividir.
— Por sua causa eu quase perdi a minha filha.
— Onde está a Erin? Erin? — Ele gritou.
— Ela não está aqui, foi dormir na casa de uma amiguinha. — Tiago me olhou da cabeça aos pés, seus olhos tinham um brilho tão conhecido por mim. — Fica longe de mim.
— Está arrumada, vai sair com algum vagabundo e abrir as pernas sua vadia.
— Minha vida não se diz respeito a você. — Ele me acertou um tapa. — Sai daqui agora Tiago!
— Só depois que eu pegar a minha filha e te dar um jeito.
Não tive a chance de correr para longe dele, Tiago me segurou pelos braços com força, aquele brilho em seus olhos me causava arrepios e me trazia lembranças ruins. Era o mesmo brilho que seus olhos tinham quando ele me estuprou, quando ele assistiu seus amigos me estuprar. O medo percorreu todo meu corpo, o pavor era crescente e o nojo de estar recebendo os toques dele também. Ouvi ele gemer de dor e logo me soltar, abri os meus olhos com medo do que veria, mas senti um certo alívio ao ver Demetria parada na porta junto com policiais.
A morena rapidamente correu até mim, eu me agarrei ao corpo dela e chorei compulsivamente, senti minha filha me abraçar apertado e chorar contra o meu corpo. Ainda abraçada a mim, Demetria ligou para sua mãe e pediu para ela vir buscar as meninas. Não demorou para Dianna chegar, a mais velha levou as meninas para sua casa enquanto eu fui para delegacia com Demetria. Tive que prestar depoimento ao delegado que puxou no sistema um acusação de estupro feita por mim, contei a ele toda verdade e por incrível que pareça, o homem pareceu entender os meus motivos para ter mentido na época.
— Você está bem mon chéri? — Demi perguntou assim que entramos em seu apartamento.
— Sim...
— Vamos tomar banho e deitar, está tarde.
— Tudo bem.
Nós fomos para o banheiro juntas, Demi cuidadosamente retirou a minha roupa e me guiou para o box, nós tomamos banho juntas e eu pude sentir o olhar dela em meu corpo. Ao sair do banho encarei meu reflexo no espelho, tinha as marcas das mãos dele em meus braços e outras levemente vermelhas em meus pescoço e colo dos seios.
— Ele fez mais alguma coisa com você?
— Não...
— Selena. — Olhei para ela, eu sabia que ela estava desconfiada.
— Ele não me fez nada amor. Só me deu um tapa no rosto e causou essas marcas, você chegou antes que ele fizesse algo pior.
— Fico mais aliviada por saber. — Ela me abraçou. — Você está mesmo bem?
— Estou. Só tive medo de reviver todo meu passado outra vez, mas você o impediu de me quebrar.
— Vou sempre te proteger mon chéri. — Ela me deu um demorado selinho.
— Acho que teremos que remarcar o nosso jantar.
— Com toda certeza. — Sorri. — Achei que Erin estava me ligando para saber do meu atraso.
— Ela te ligou?
— Sim, ela estava chorando e assustada. Ela me falou que ele estava lá, me disse que ele ia te machucar e eu perguntei onde ela estava.
— Ela se trancou no quarto a pedido meu, tive medo dele fazer algo com ela.
— Erin foi muito inteligente.
— Por que diz isso?
— Ela me ligou para que eu pudesse chamar ajuda, ela disse que queria chamar a polícia mas não sabia dar o endereço de sua casa e por isso me ligou. — Sorri. — Ela estava tentando te proteger de alguma forma. Eu liguei para polícia e passei o seu endereço, depois voltei para ligação da Erin e tentei acalmar ela.
A morena acariciou meu rosto com carinho.
— Vamos dormir mon chéri, amanhã teremos um longo dia pela frente. — Concordei com ela.
Me acomodei melhor contra o corpo de Demetria, ela me fez carinho até que eu conseguisse dormir. Pela manhã do dia seguinte acordei sozinha no quarto, tomei um banho, vesti uma roupa minha que tinha ficado no apartamento dela e fui atrás da bailarina. Demetria estava deitada no sofá com as duas menininhas sobre o seu corpo, ela fazia carinho nas duas garotinhas sonolentas.
— Bom dia. — Saudei em voz baixa, Erin rapidamente me olhou.
— Mamãe! — A garotinha correu até mim e eu a peguei no colo. — A senhora está bem mamãe?
— Estou amor, a tia Demi cuidou muito bem de mim.
— Ele te machucou... — Ela sussurrou deslizando o dedinho por uma das marcas em meu pescoço. — É por minha culpa.
— Não, jamais será sua culpa meu amor. A mamãe enfrentaria ele muitas outras vezes só para te proteger, para evitar que ele te leve de mim. A mamãe te ama muito e está orgulhosa da sua atitude, a tia Demi me contou que ligou para ela porque queria chamar a polícia mas não sabia dar o nosso endereço.
— Jura? — Afirmei.
— Você é a minha mocinha, só me dá orgulho.
— Eu te amo mamãe. — Falou agarrada em meu pescoço, olhei para o sofá e Íris me olhava ansiosa. Chamei a garotinha que veio correndo, a peguei no colo também.
— Minhas duas mocinhas.
— Eu cuidei da Erin, ela estava com medo e não parava de chorar. — Íris disse orgulhosa de si.
— Muito bem, é isso que as irmãs fazem. Cuidam umas das outras. — As duas sorriram. — Já tomaram café?
— Não, fizemos a vovó nos trazer assim que ela acordou.
— Então vamos tomar. Estou faminta. — Demi me observava com um sorriso bobo.
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Ballerina - Semi
FanfictionTudo estava fora do controle para Selena, tinha que trabalhar onze horas por dia para conseguir sustentar sua filha de apenas sete anos. Mas tudo mudou ganhou um peso ainda maior quando colocou a pequena em uma instituição gratuita de dança que tinh...